Há muito que conheço a competência e a alta qualidade da médica Dra. Maria Inez Padula Anderson, professora de Medicina Integral, Familiar e Comunitária da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Roio de Janeiro com doutorado em saúde coletiva, coordenadora do Programa de Residência em Medicina de Família e de Comunidade. Sua atividade junto com seu marido também médico e professor na mesma universidade, Dr. Ricardo Donato teve ressonância para além dos limites de nosso pais. Por esta razão foi eleita presidente da World Organization of Family Doctors – Wonca Iberoamericana-CIMF.
Insatisfeita com um reportagem saida no jornal O Globo que não retratava a realidade que ela conhece bem por experiência e por trabalhar nela, escreveu esta nota no sentido de esclarecer o público carioca e assim proporcionar-lhe uma informação correta da real situação da saúde da família e da comunidade.
Publico seu texto neste blog porque ele não mereceu acolhida no jornal O Globo. Perdeu-se assim a oportunidade de este órgão importante de comunicação oferecer aos seus leitores e leitoras uma outra versão desta realidade tão importante para tantos setore da população carioca.
Por conhecer o trabalho sério que a Dra. Maria Inez faz, seja na docência, preparando novos médicos e médicas para esta área da saúde familiar e comunitária, seja na sua atuação direta na cidade e por sua participação em congressos nacionais e internacionais, nalguns dos quais eu mesmo tive a oportunidade de participar como conferencista, especialmente, nas questões que dizem respeito à relação entre saúde e ecologia, saúde humana e saúde da Terra é que me prontifiquei em publicar este seu texto sereno e informativo. Lboff
Eis o texto escrito pela Dr. Maria Inez Padula Anderson:
“No dia 6 de fevereiro do corrente ano, saiu no jornal O Globo uma matéria de quase duas páginas sobre serviços de saúde do Rio de Janeiro, focando em problemas em Clinicas da Família, falhas na marcação de atendimento com algumas especialidades médicas e de exames complementares. Não será necessário dizer que há (ainda) graves problemas no sistema de saúde do município do Rio de Janeiro.
Mas é necessário dizer que, nos últimos anos, esta cidade vem promovendo avanços evidentes no campo da organização dos seus serviços de saúde, com base na construção de um modelo de atenção que tem por base os Cuidados Primários de Saúde, onde todos, cada cidadão e cada família têm uma equipe de saúde para prestar uma assistência ao longo de suas vidas, com seu médico, sua enfermeira, seu dentista, seus agentes de saúde e técnicos de enfermagem e odontologia. O modelo brasileiro de Atenção Primária à Saúde, que é a Estratégia Saúde da Família, e que vem sendo adotado de forma bastante qualificada no município do Rio de Janeiro, é reconhecido internacionalmente pelos excelentes resultados que vem apresentando.
Sair de um modelo centrado em atendimento episódico, e com grandes vazios assistenciais, como era o caso do Rio, não se faz de forma mágica, sem enfrentar e lidar com problemas de todas as ordens no cotidiano. Ainda assim, é espantoso (positivamente) o que vem acontecendo no Rio de Janeiro nos últimos anos. Milhões de cariocas tendo a oportunidade de terem atendimento médico, de serem atendidos de forma digna, em um ambiente digno, por profissionais que estão interessados na sua saúde e no bem estar da sua família.
Espero, como médica e professora da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ, com Mestrado e Doutorado em Saúde Coletiva, que a população do Rio de Janeiro esteja alerta e busque outras fontes de informação que estejam mais comprometidas com seu bem estar e não com outros interesses, que parecem sempre surgir em época de campanha eleitoral. Não, não sou do partido do prefeito. Não tenho nenhuma afinidade politico-partidária com ele ou com membros do seu governo. Mas tenho admiração pela coragem de estarem fazendo o que o Brasil todo deveria estar fazendo: enfrentando ultrapassados preconceitos, e tendo muita determinação para mudar, começando a pagar uma grande dívida com a população, abrindo espaço para a estruturação de uma Atenção Primária à Saúde com médicos de família e outros profissionais de saúde qualificados para sua prática.
Depois de mostrar a bonita relação afetiva entre duas pessoas do mesmo sexo na novela das 8, quebrando tabús e vencendo preconceitos espúrios, a rede Globo bem que poderia prestar uma nova contribuição ao povo brasileiro, mostrando e trazendo à tona as vantagens de uma Atenção Primária com profissionais qualificados, como acontece em países desenvolvidos, como Inglaterra, Canadá, Espanha, entre outros.”
Maria Inez Padula Anderson
Médica de Família e Comunidade
Professora adjunta-Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária-FCM/UERJ-Coordenadora do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade -UERJ
President – World Organization of Family Doctors – Wonca Iberoamericana-CIMF 2013/2016
email:[email protected]<mailto:[email protected]>
Espanha desenvolvida? Hay muchas controversias … rs … pero igual … gracias pelos esclarecimentos. O que falta ao governo é divulgar melhor essas iniciativas para torná-las universais – ou, pelo menos, para massificá-las para quem de fato precisa. Nunca soube que havia esse esforço em dotar a sociedade de tantos serviços, especialmente a parte odontológica, mas acredito que esteja ocorrendo.
Olá Mariana,
Agradeço seu comentário. De fato, de um modo geral, não há ainda um sistema de saúde exemplar, mas os indicadores de saúde mostram diferenças. E, o que diferencia uns dos outros, em termos de qualidade, é se tem ou estão tomado o rumo de implantar uma Atenção Primária qualificada, com bons médicos de família constituindo suas equipes. Barbara Starfield, falecida há 3 anos, uma pesquisadora de renome internacional, de uma produção nesta área. (http://www.jhsph.edu/departments/health-policy-and-management/_archive/starfield_memorial.html).
O que você diz, é fundamental. Falta informação e conhecimento sobre isto. Mas, vale refletir que há muitos interesses que são afetados quando a população fica mais ciente das limitações e dos riscos que correm se um sistema de saúde é baseado em atenção focalizada nas doenças, no uso de medicamentos e de exames complementares, como ainda é o caso do Brasil. Hoje, com a compreensão cientifica que se tem sobre o processo de adoecer, e sobre os tipos de adoecimento da sociedade contemporânea, esta visão de “cura”de doenças baseada em exames e medicamentos, seria equivalente à magia.
Não conheço profundamente o sistema de saúde espanhol, mas sei que a há uma atenção primária desenvolvida, aliada a uma busca por qualidade técnica dos médicos de família, o que se pode também verificar pela grande produção cientifica nesta área. Uma das maiores referencias do mundo, hoje, em relação aos limites e riscos de exames e medicamentos desnecessários, é um espanhol, Juan Gervas. Mais uma vez grata, e estou disponível, para trocar mais ideias ([email protected]).
Abraço
Inez
Gracias, Dra. Inez Padula, por la referencia a mis trabajos (exageradamente positiva, por el sesgo del conocimiento mutuo), pero en verdad España está entre los países del mundo desarrollado con mejor atención primaria.
Así, la ya citada Dra. Bárbara Starfield comparó la atención primaria en 13 paises industrializados del mundo, y España está en el grupo de 5 con mejores resultados (con Dinamarca, Finlandia, Holanda y el Reino Unido)
http://ocw.jhsph.edu/courses/starfieldcourse/PDFs/Benefits%20of%20PC%20FINALSlidesNotes.pdf
Por cierto, recomiendo la lectura de otra publicación de la Dra. Bárbara Starfield en la que se citan expresamente los excelentes resultados de Brasil en atención primaria en algunos municipios concretos y su asociación a mejor salud
http://www.commonwealthfund.org/usr_doc/starfield_milbank.pdf
En todo caso, escribí una carta al director de OGlobo, que no han publicado, y dice:
Sr. Director de O Globo:
He leído con asombro el texto acerca de los problemas de la Clínica da Familia en Rio de Janeiro
http://oglobo.globo.com/rio/sofrimento-rotina-na-fila-da-clinica-da-familia-11518229
Me asombra porque conozco personalmente y he seguido el desarrollo de la Clínica da Familia en Río de Janeiro.
La he podido comparar, además, en un viaje de evaluación del SUS por todo Brasil, con Mercedes Pérez Fernández, cuyo informe puede leer en portugués y en español en:
http://www.sbmfc.org.br/default.asp?site_Acao=MostraPagina&PaginaId=524
Visitamos 19 estados de Brasil, y 70 centros de salud.
Se incluyó, por supuesto, Río de Janeiro.
El nivel de la atención primaria (de la Clínica da Familia) en Río de Janeiro es equiparable al mejor nivel europeo, tipo España o Suecia.
Lo es en la práctica y en la docencia.
Y visitamos, por supuesto, de acuerdo con el proyecto, los lugares donde era más bajo el Índice de Desarrollo Humano (es decir, donde pisar “esgoto” en la calle era lo habitual).
No hay que asombrarse de lo que se está haciendo en Río de Janeiro, a poco que se sepa un poco de organización de servicios.
De hecho, por ejemplo, en Suecia son las enfermeras las que insertan los DIUs (dispositivos intrauterinos) por lo que los pacientes de los países desarrollados no se asombran de ser atendidas por enfermeras competentes. Así mismo, son médicos de familia y médicos generales los que “filtran” a los pacientes para ser encaminados, en su caso, a los especialistas en España (y en el Reino Unido, Nueva Zelanda, Noruega y otros muchos países).
Desde luego, introducir la Clínica da Familia en Río de Janeiro es una tarea titánica, sobre todo por la oposición de las “fuerzas sanitaristas” que están comodas con un modelo obsoleto, que hay que transformar con rapidez y decisión si se quiere fomentar la equidad y el bueno uso de los recursos sanitarios.
Agradecería corrigieran la información publicada sobre la Clínica de Familia en Río de Janeiro, y al menos que publiquen esta carta.
Reciba un saludo de
Juan Gérvas
Licenciado y Doctor en Medicina.
Profesor Visitante de la Escuela Nacional de Sanidad (Madrid, España)
Profesor Honorario de Salud Pública en la Universidad Autónoma de Madrid (España)
NOTA: Envío copia a algunos líderes de opinión en Medicina de Familia y en Atención Primaria en Brasil.
En fin. Agradezco este espacio a Leonardo Boff y lamento haber “ocupado” tanto.
Un abrazo desde España
Juan Gérvas
Boa Noite Mariana Ivens,
Sou Dentista de Família e trabalhava em um Centro Municipal de Saúde onde desenvolvia este trabalho ainda desconhecido por você.
Trabalhava em uma Comunidade da Tijuca no RJ onde além de divulgar, ensinava problematizando junto a minha comunidade, o trabalho de excelência que hoje está sendo feito em muitos pontos do Rio de Janeiro na atenção primária.
Tive a oportunidade de trabalhar junto a residência médica em Medicina de Família da Prof. Maria Inês ( UERJ) no meu local de trabalho, e ver de perto várias atuações de um médico de família. Maravilha!!!
Quanto a odontologia, prestamos TODOS os atendimentos pertinentes a atenção básica, não nos falta material ou equipamentos, além de não termos dificuldades para agendamentos na rede secundária de atenção.
Assim como eu, vários outros colegas estão espalhados por toda a cidade, proporcionando as nossas famílias o que antes era mais precário.
Temos Dentistas cada vez mais comprometidos e capacitados, com olhar ampliado. Trabalhando além de questões clínicas, questões familiares e sócio- culturais de forma inter e multi profissional.
Desejamos sempre mais e acredito que estejamos no caminho certo.
Caminho ainda longo e árduo. Processo de construção.
Porém extremamente gratificante.
Abs
Elizabeth Botelho
Grata, Elizabeth, pelo comentário. Meu pai era dentista e o sonho dele era ver o que está acontecendo no Rio e tb no Brasil – a odontologia pública chegando para todos, desde a prevenção até a reabilitacao. Parabéns, Elizabeth, sinto muito orgulho por vcs e pelo belo trabalho.
Concordo com o artigo da Dra. Inez, a Estratégia do Programa de Saúde da Família, precisa ser divulgada e compreendida, pela grande mìdia, que só faz apedrejar o Sistema Unico de Saúde, sem contudo, mostrar a população os avanços que temos conseguido com esta estratégia, também como ainda esta grande mídia, não incorporou, que saúde não é só tratar doenças, pois que saúde é um bem estar geral da população.
Olá Socorro,
Grata pelo seu comentário. A concepção e o ideário do SUS, deveriam ser considerados um verdadeiro patrimônio do povo brasileiro. Infelizmente, a população, de um modo geral, avalia que quando se fala SUS estamos falando dos (muitos) brasileiros que não podem pagar um plano de saúde, achando que ter plano de saúde é sinônimo de boa assistência. Assim como há ótimos planos de saúde, há excelentes práticas e serviços prestados no SUS. O contrário, também é verdadeiro. Mas, parece que só agora abrimos os olhos para esta segunda realidade. E, da primeira só olhamos (ou conhecemos) as más práticas.
Estamos, de fato, correndo um grande risco de abortarmos uma grande projeto da nação, antes mesmo da sua infância, posto que tem somente 26 anos de estabelecimento, o que para um pais continental e com tantos problemas sociais, é ainda uma semente, que tem sido, em geral, muito mal cuidada pelos governantes e gestores.
Estou disponível, se quiser trocar mais ideias sobre o assunto. ([email protected])
um abraço
Inez
Caro Leonardo,
Agradeço a consideração e o apoio. A população brasileira merece um Sistema de Saúde com uma Atenção Primária (APS) de qualidade, com médicos de família bem formados fazendo parte de uma equipe que presta cuidados individualizados a cada pessoa e a cada família. APS e Medicina de Família não devem estar disponíveis somente para as pessoas mais desfavorecidas de países mais pobres. Deve ser universal, para todos. Os melhores Sistemas de Saúde dos países mais ricos do mundo têm na APS, com médicos de família, a base do cuidado em saúde para todos, sem exceção. Infelizmente, muitos brasileiros ainda não acordaram para esta realidade. Mas, se buscarem conhecer, vão verificar os benefícios. Mais informações podem ser buscadas no site das Sociedades Brasileira e Mundial de Medicina de Família. http://www.sbmfc.org.br e http://www.globalfamilydoctor.com.
Maria Inez, querida amiga
O Brasil deve a vc e a seu marido Ricardo os avanços que temos hoje na Medicina Familiar. Por anos a fio vocês dois lutaram bravamente para que se abrisse espaço nas faculades de medicina. E conseguiram. Não apenas introduzindo a medicina convencional mas a medicina que incorpora o novo paradigma holistico, o ser humano em sua integralidde de corpo-mente-espirito. Todos lhe somos muito gratos. E que tenha a resiliência suficiente para enfrentar dificuldades como sempre enfrentou e abrir caminhos para tantos.
Com afeto do amigo
lboff
Caro Leonardo,
Me sinto privilegiada por ter a oportunidade de tê-lo como referência de vida.
Agradeço suas palavras, sei da sua generosidade. Mas, para fazer justiça, vale dizer que para além da minha eventual contribuição, reforço o papel de destaque de Ricardo Donato, meu professor, companheiro de vida e de percurso na estrada da saúde, e de muitos outros, que em diferentes espaços e funções vem desbravando e construindo este caminho. Para não correr o risco de esquecer alguém das mais novas gerações, gostaria de citar ao menos os nomes das nossas grandes referências, algumas já falecidas. Carlos Grossman, Ellis Busnello, dois grandes médicos, um clínico geral e o outro psiquiatra, ainda vivos e atuantes, de Porto Alegre, o Rio Grande do Sul, que na década de 60 e 70, em contato com o sistema de saúde inglês, trouxeram inspiração e criaram experiências seminais, até hoje existentes, no campo da formação e prática da medicina e saúde familiar e comunitária. Ainda Dante Romaño, em Curitiba, e Kurt Kloetzel, em Pelotas, foram dois outros grandes exemplos de médicos comprometidos com o desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde e da medicina de família, com uma prática médica voltada aos interesses da população e não das grandes indústrias de medicamentos e tecnologia industrial, ou ainda de grupos corporativos.
Das gerações posteriores e das mais recentes, certamente cometeria injustiça, se ensaiasse lembrar de alguns nomes. Mas, somos muitos, embora ainda poucos para fazer todo o grande trabalho que temos pela frente. Mas, gostaria de dizer que hoje, no Brasil, de alguma forma, há cerca de 35.000 equipes de Saúde da Família, a grande maioria delas resistindo e tentando fazer sem o apoio necessário por parte dos gestores de saúde, e, muitas vezes agindo de forma isolada e sem nenhum reconhecimento, um belo e significativo trabalho.
Falando em gestores de saúde, talvez esteja na hora da população refletir
e ver como ficar mais “antenada”. Um mau gestor de saúde coloca em risco a saúde de cada um de nós, independente da classe social. E, vamos pensar, a incompetência e desmandos na gestão em saúde no Brasil não são diferentes da gestão das outras áreas. A impunidade ainda é a norma. Mas, também há exceções, cada vez em maior número. Entretanto, como brasileiros, necessitamos ficar atentos.
Desculpe o tamanho da mensagem de agradecimento. Mais uma vez grata pela oportunidade. A saúde da Terra, como você bem nos ensina, é parte da saúde do ser humano e vice versa. A (boa)Atenção Primaria à Saúde e a (qualificada)Medicina Familiar são locus privilegiados para ajudar a cuidar de ambos.
Com afeto e admiração,
Inez
Inez
Foi importante vc citar os nomes de tantos companheiros de caminhada que ajudaram a construir o que vocês estão implantando em todo o pais. É um movimento de muitos e cada um trouxe sua contribuição bem como vc e seu marido Ricardo a têm dado no âmbito da UERJ.
Abraço fraterno
lboff
O artigo da Dra. Maria Inez é muito interessante, leitura prazerosa, pois denota confiança e dedicação ao SUS, o que é um tanto raro perceber nos profissionais da área (e nas políticas locais da saúde) ao menos naqueles que tenho chance de contato e observação, na atualidade. Quanto a nós, consumidores – ou usuários – da Saúde Pública, é uma lástima o descompromisso para com a realidade apontada pela Dra. Maria Inez: ainda não acordamos para o conhecimento e valorização da proposta de universalidade dos cuidados pelo SUS, tomara possamos acordar logo.
Obrigada.
Dirce Bologna
Grata, Dirce pelo seu comentário. Não sei se vc mora no Rio, mas seria bem legal buscar conhecer uma das novas Clinicas da Família. Estou disponível para trocar ideias, [email protected]
um abraço
Inez
Estima colega Maria Inês sou medico formado em cuba e revalidado posteriormente o diploma em 2004 pela UFC tendo trabalhado em vários estados do Brasil entre eles PÉ ,TO,RJ,SP,SC e atualmente no MT e triste ver a situação da medicina familiar tão importante para a promoção e prevenção de doenças sendo usadas como cabo eleitoral de políticos sem escrúpulos.Usando de absoluta sinceridade só vi funcionar como preconiza o documento norteados em São Paulo e Rio de Janeiro…nos outros são somente mais “postoes” de saúdes onde oq conta são os números de fichas dadas e não a qualidade do atendimento…pacientes chegando as cinco da manhã para tirar o seu número ousenha…fora ainda os contratos sem direitos trabalhistas como férias 13 direitos básicos conquistados por todos os trabalhadores e não por nós médicos…mais enfim seguimos em combate…Leonardo independente das suas convicções políticas sou um admirador seu.
Abracos
Caro Maximiliano,
grata pelo seu comentário. Infelizmente, em geral,, esta é a realidade da gestão em saúde no Brasil. E, a impunidade é grande, para não dizer absoluta. Às vezes, em 4 anos, um gestor destrói o trabalho de 8, 10, 15 anos… E a população tem dificuldade de avaliar isto, pq em boa parte das vezes, a “destruição” aparece depois que o tal gestor já está em outro espaço de atuação, ou de poder.
Porém, há esperança, avalio, por que, em grande parte das vezes, o gestor precisa, também de atualização e aprendizado, e quando não tem acesso, acaba por ficar refém do modelo hospitalo-cêntrico, e de atendimentos de urgência, ou postões, que às vezes é o único que a população sabe pedir, porque ainda não teve contato ou não conhece a Atenção Primária qualificada e o quanto é bom ter um médico de família e uma equipe de profissionais para “chamar de sua”. Que te conhece pelo nome, que conhece seus problemas de saúde, os da sua família, que se pode buscar e conseguir acesso com facilidade. Aqui no Rio, há dois anos, era difícil a pessoa “acreditar” que aquela unidade, aqueles profissionais iriam dar conta das coisas … Que não iriam ficar “empurrando”a pessoa adiante… Agora, o índice de satisfação da população nas Clinicas da Família, é de 92%! E, ainda há muito o que melhorar.
Hoje, no Rio de Janeiro, apesar de todas as dificuldades, qualquer pessoa pode saber, pelo computador, qual é o seu médico, qual é a unidade de saúde da sua área, onde fica, qual o nome, o telefones, entre outras informações. Para quem não conhece, vale a pena dar uma olhada. Basta por no google ou outro buscador o termo: onde ser atendido, que se chega lá.
De toda a forma o site é: http://www.rio.rj.gov.br/web/sms/onde-ser-atendido.
Boa sorte para você, Maximiliano, e se quiser trocar ideias ([email protected]).
Inez
Eu acho que a não divulgação dessas iniciativas é proposital, pois não são projetos de base governista, o governo só divulga aquilo que é de interesse eleitoreiro, posso estar errado, quase sempre estou, mas projetos maravilhosos como este não são divulgados para não atrapalhar os PLANOS. Obrigado.
http://wp.me/P4kbES-u
Olá, Pedro, pois é, no Brasil, como em outros países, nem tudo que se devia divulgar é divulgado e, o contrário também acontece. No caso, acho que a imprensa, por algum motivo, não dá destaque às boas coisas que estão acontecendo no sistema público. Quando faz são coisas que acontecem em hospitais como cirurgias, exames, etc. Essas coisas também sao importantes,mas, deixam de falar de outras também muito importantes como a atenção primária e a medicina de familia e as equipes de saude da família.
um abraço
Inez
se quiser trocar ideias: [email protected]
Olá, meu nome é Gustavo, sou atualmente mestrando em Desenvolvimento Econômico pela UNICAMP, fiz minha graduação em Gestão de Políticas Públicas também pela mesma universidade, meu Trabalho de Conclusão de Curso e de uma Iniciação Científica teve como tema: “Avanços e Desafios na Implementação do Programa Saúde da Família no Município de Limeira, São Paulo”.
Abaixo coloco alguns trechos do Trabalho (objetivo, metodologia, alguns resultados e conclusão).
O estudo buscou analisar o processo de implementação do Programa Saúde da Família (PSF) no município de Limeira, identificando seus aspectos positivos e negativos.
O trabalho empírico da pesquisa repousou na combinação de três atividades de coleta de dados: (1) pesquisa bibliográfica, (2) dados secundários previamente sistematizados e (3) realização de entrevistas com atores chave.
Os resultados apresentados e as análises realizadas no decorrer do presente trabalho mostraram que o PSF é a principal estratégia de atenção primária à saúde no Brasil.
Embora propicie a incorporação de novas práticas profissionais e apresente resultados positivos nas condições de saúde da população beneficiária do programa, alguns desafios se colocam para o município de Limeira no processo de implementação do PSF.
O primeiro aspecto que permanece como problema a ser resolvido é que a USF dificilmente é o serviço de primeiro contato com o sistema de saúde. Outro desafio é a incorporação de novas práticas voltadas para a família e a comunidade, as quais são muito lentamente incorporadas pelas equipes de saúde da família, o que demanda mais cursos de capacitação para estes profissionais.
Infelizmente o que temos como conclusão é de que o município de Limeira não tem priorizado o PSF como estratégia de reorientação do modelo assistencial de saúde, comprometendo a eficácia do sistema público de saúde no seu conjunto.
O que ocorreu no Rio de Janeiro nos últimos anos foi uma expansão do PSF, inclusive com aumento do índice de satisfação da população!
Em Limeira, ao contrário, temos uma índice de expansão estagnado (12,5% desde 2007), sucateamento das USF, esforço nulo da gestão pública municipal em promover programas de educação continuada para os profissionais da saúde e falta de infraestrutura das USF (8 das 10 USF são imóveis urbanos adaptados para consultórios).
Enfim, gostaria de parabenizar aos Doutores Maria e Ricardo pelo excelente trabalho.
Olá, Pedro, pois é, no Brasil, como em outros países, nem tudo que se devia divulgar é divulgado e, o contrário também acontece. No caso, acho que a imprensa, por algum motivo, não dá destaque às boas coisas que estão acontecendo no sistema público. Quando faz são coisas que acontecem em hospitais como cirurgias, exames, etc. Essas coisas também sao importantes,mas, deixam de falar de outras também muito importantes como a atenção primária e a medicina de familia e as equipes de saude da família.
um abraço
Inez
se quiser trocar ideias: [email protected]
Olá Gustavo,
Parabéns pelo seu trabalho, É muito importante estudar e divulgar informações como esta. Vc toca no centro da questâo, Na ESF(PSF),, como em qualquer outra área profissional, o melhor investimento é na qualificação profissional.
Claro que tem que ter boa instalação fisica, material,etc, mas tendo tudo isso, sem bons profissionais, a coisa não anda do jeito que devia andar e …
Imagina um excelente centro cirúrgico, bem montado, sem ter cirurgiao e anestesista…
Investir na atenção primária/esf exige investir em profissionais especializados nesta atividade e campo de atuação: medicos de familia, enfermeiros de familia, dentistas de familia, e equipe tecnica adequada.
um grande abraço
Inez
A reportagem referida no Globo embora mostre dificuldades reais dos usuários e que precisam ser atendidas, ressalta algumas visões preconceituosas, do que seria um sistema de saúde ideal.
Assim vemos na reportagem o desconhecimento e a crítica ao médico de família, especialidade esta existente no Brasil há pelo menos 33 anos (regulamentada na Comissão Nacional de Residência Médica), e estruturante de serviços médicos nacionais de muitos países como Inglaterra, Canadá, Espanha e Portugal. Onde cada cidadão destes países tem seu médico de família pelos serviços nacionais de saúde.
Outro ponto de crítica desconstrutora da reportagem é com relação ao atendimento realizado por enfermeiros. Nos países desenvolvidos que estruturaram seus sistemas de saúde através de uma atenção primária forte, como os já citados, os enfermeiros tem um papel central na assistência às pessoas, formando junto com o médico de família, a equipe mínima da linha de frente do cuidado. E não por isso a atenção à saúde prestadas nestes países, nem tão pouco no Brasil, prestadas pelas equipes de saúde da família, que atendem a 50% da população brasileira, é de menor qualidade.
Nosso país fez uma aposta na atenção primária, como pregada pela OMS na conferência mundial de saúde em 1978, em Alma Ata, por ter um sistema de saúde pautado na atenção primária, e a partir de 1994 iniciou-se o primeiro programa a nível nacional de estruturação desta atenção primária, através das equipes do programa de saúde da família (PSF). Vários estudos realizados no Brasil apontaram que as populações cobertas pelo PSF apresentam menor taxa de mortalidade infantil e internam menos crianças e adultos, comparadas a populações não cobertas por este programa. Este programa, chamada desde 2006 de estratégia saúde da família (ESF), mostrou-se ser mais efetivos que os demais modelos assistenciais. Sabemos também de suas falhas e do que precisa melhorar, contudo precisamos apontar suas fragilidades em cima de dados científicos e das experiências nacionais e internacionais de atenção primária, e não de ideais preconcebidas e superficiais como as apontadas na reportagem.
O Rio de Janeiro começou a conhecer o PSF (ESF) de fato, com as clínicas da família, há pouco mais de cinco anos, pois antes disso a cobertura era pífia (3% da população). É consenso que necessita de ajustes para melhorar a qualidade assistencial, mas que certamente também mostrou ser o caminho concreto para levar uma atenção primária de qualidade a todos os cidadãos cariocas.
Thiago Trindade
Professor de Medicina de Família e Comunidade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
Primeiramente, é abissal minha diferença ideológica com o autor do blog. Sou um liberal convicto. Portanto, vim dar aqui por acaso. A última coisa que me pretendo na vida ler qualquer coisa relacionada ex-Frei Leonardo Boff, apesar de muito respeitar a divergência em qq patamar. Logo, estou completamente à vontade para tecer as opiniões que farei.
As clínicas de Família têm, sim, avanços. Mas na medida que se pretendem como “o” modelo e não “um” dos modelos, acabam por carrear um certo autoritarismo na proporção que não fazem a leitura correta dos anseios da população. Nem sempre o que os gerentes planejam encontra acolhida na vontade da população. Daí surgem as críticas, como as da reportagem, que devem ser avaliadas e aceitas sem aquele sentimento vitimista que alguns adoram fingir.
Em certa parte, o que as clínicas de família fizeram, foi burocratizar, na medida que delegam uma intermediação ao agente de saúde, a marcação de sua consulta ao médico de sua preferência. O que é preciso entender, é que muitos ainda preferem levantar a bunda da cadeira e batalhar por seu atendimento sem depender de qq ator para esta viabilização. É preciso ser bastante alienado das particularidades da ponta, para estar convicto que a ESF é um modelo plenamente substitutivo e que não pode coexistir com um outro modelo onde as pessoas acordam com vontade, ou tempo, ou necessidade de ir ao médico, e vão. Vão acordar cedo? Vão encarar alguma fila? Vão reclamar? Sim. Mas é assim que elas preferem. E que as gerências organizem seus processos de trabalho para abarcar esta demanda.
Entretanto, me parecem injustas as críticas com relação às referências a um segundo nível de atenção. Hoje a coisa rola muuuito mais redonda do que era há pouco tempo atrás. Sem falar na estrutura e condições de trabalho que são incomparavelmente melhor.
DI VULGANDO”uma trajetória de vida através de poemas”#acesse:versificandonoar.blogspot.com #ARTE Q/não é vista é só arte…#[email protected]