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Há muito que conheço a competência e a alta qualidade da médica Dra. Maria Inez Padula Anderson, professora de Medicina Integral, Familiar e Comunitária  da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Roio de Janeiro com doutorado em saúde coletiva, coordenadora do Programa de Residência em Medicina de Família e de Comunidade. Sua atividade junto com seu marido também médico e professor na mesma universidade, Dr. Ricardo Donato teve ressonância para além dos limites de nosso pais. Por esta razão foi eleita presidente da World Organization of Family Doctors – Wonca Iberoamericana-CIMF.

 

Insatisfeita com um reportagem saida no jornal O Globo que não retratava a realidade que ela conhece bem por experiência e por trabalhar nela, escreveu esta nota no sentido de esclarecer o público carioca e assim proporcionar-lhe uma informação correta da real situação da saúde da família e da comunidade.

Publico seu texto neste blog porque ele não mereceu acolhida no jornal O Globo. Perdeu-se assim a oportunidade de este órgão importante de comunicação oferecer  aos seus leitores  e leitoras uma outra versão desta realidade tão importante para tantos setore da população carioca.

 

Por conhecer o trabalho sério que  a Dra. Maria Inez faz, seja na docência, preparando novos médicos e médicas para esta área da saúde familiar e comunitária, seja na sua atuação direta na cidade e por sua participação em congressos nacionais e internacionais, nalguns dos quais eu mesmo tive a oportunidade de participar como conferencista, especialmente, nas questões que dizem respeito à relação entre saúde e ecologia, saúde humana e saúde da Terra  é que me prontifiquei em publicar este seu texto sereno e informativo.  Lboff

Eis o texto escrito pela Dr. Maria Inez Padula Anderson:

 

 

 

“No dia 6 de fevereiro do corrente ano, saiu no jornal O Globo uma matéria de quase duas páginas sobre serviços de saúde do Rio de Janeiro, focando em problemas em Clinicas da Família, falhas na marcação de atendimento com algumas especialidades médicas e de exames complementares. Não será necessário dizer que há (ainda) graves problemas no sistema de saúde do município do Rio de Janeiro.

Mas é necessário dizer que, nos últimos anos, esta cidade vem promovendo avanços evidentes no campo da organização dos seus serviços de saúde, com base na construção de um modelo de atenção que tem por base os Cuidados Primários de Saúde, onde todos, cada cidadão e cada família  têm uma equipe de saúde para prestar uma assistência ao longo de suas vidas, com seu médico, sua enfermeira, seu dentista, seus agentes de saúde e técnicos de enfermagem e odontologia. O modelo brasileiro de Atenção Primária à Saúde, que é a Estratégia Saúde da Família, e que vem sendo adotado de forma bastante qualificada no município do Rio de Janeiro, é reconhecido internacionalmente pelos excelentes resultados que vem apresentando.

Sair de um modelo centrado em atendimento episódico, e com grandes vazios assistenciais, como era o caso do Rio, não se faz de forma mágica, sem enfrentar e lidar com problemas de todas as ordens no cotidiano. Ainda assim, é espantoso (positivamente) o que vem acontecendo no Rio de Janeiro nos últimos anos. Milhões de cariocas tendo a oportunidade de terem atendimento médico, de serem atendidos de forma digna, em um ambiente digno, por profissionais que estão interessados na sua saúde e no bem estar da sua família.

Espero, como médica e professora da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ, com Mestrado e Doutorado em Saúde Coletiva,  que a população do Rio de Janeiro esteja alerta e busque outras fontes de informação que estejam mais comprometidas com seu bem estar e não com outros interesses, que parecem sempre surgir em época de campanha eleitoral. Não, não sou do partido do prefeito. Não tenho nenhuma afinidade politico-partidária com ele ou com membros do seu governo. Mas tenho admiração pela coragem de estarem fazendo o que o Brasil todo deveria estar fazendo: enfrentando ultrapassados preconceitos, e tendo muita determinação para mudar, começando a pagar uma grande dívida com a população, abrindo espaço para a estruturação de uma Atenção Primária à Saúde com médicos de família e outros profissionais de saúde qualificados para sua prática.

Depois de mostrar a bonita relação afetiva entre duas pessoas do mesmo sexo na novela das 8, quebrando tabús e vencendo preconceitos espúrios, a rede Globo bem que poderia prestar uma nova contribuição ao povo brasileiro, mostrando e trazendo à tona as vantagens de uma Atenção Primária com profissionais qualificados, como acontece em países desenvolvidos, como Inglaterra, Canadá, Espanha, entre outros.”

 

 Maria Inez Padula Anderson
Médica de Família e Comunidade
Professora adjunta-Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária-FCM/UERJ-Coordenadora do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade -UERJ
President – World Organization of Family Doctors – Wonca Iberoamericana-CIMF 2013/2016
email:[email protected]<mailto:[email protected]>