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“A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como são. A coragem, a mudá-las.” Leonardo Boff, em Aula Pública EM DEFESA DA DEMOCRACIA, DA SOBERANIA E DOS DIREITOS DO POVO BRASILEIRO. MARIELLE VIVE! LULA LIVRE!, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, encerrou a Aula com esta frase de Santo Agostinho.
Voltamos em muitos aspectos ao final dos anos 1970, início dos 1980. As urgências eram muitas, eram todas: lutar pela democracia, organizar o povo, garantir eleições livres em todos os níveis, construir instrumentos de luta, fazer formação, exigir uma Constituinte livre, exclusiva e soberana. Estávamos nas pastorais e nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nas ocupações urbanas e rurais, nas Oposições Sindicais do sindicalismo combativo, na fundação do Partido dos Trabalhadores, da Central Única dos trabalhadores (CUT), da Central dos Movimentos Populares (CMP), do MST e MAB, nas Associações de Moradores. Trabalho de base, trabalho de base, trabalho de base. Formação, formação, formação. Não havia tempo para nada e havia tempo para tudo.
Era tudo ao mesmo tempo agora. Somavam-se como uma só, na mística da militância, a esperança, a indignação e a coragem.
Estamos nos tempos atuais, segunda década do século XXI, lutando de novo por democracia, organizando o Congresso do Povo para construir um projeto de Brasil. Diz a Cartilha para Formadores do Congresso: “Queremos que o Congresso do Povo se torne um grande processo pedagógico para as massas populares e que desafie o próprio povo a identificar as saídas e a se organizar para construí-las. Em maio e junho, os Congressos municipais. Em junho, os Congressos estaduais. Em julho, o Congresso nacional. (Contatos e informações: www.frentebrasilpopular.org.br).
Leonardo Boff, em ‘Concluir a refundação ou prolongar a dependência?’ (Ed. Vozes, 2018), seu último livro, escreve: “Para dar consistência ao projeto de refundação do Brasil, importa trabalhar sobre três eixos dialeticamente imbricados: a educação libertadora, a democracia integral e a sociedade sustentável, que cria para si um desenvolvimento social a ela adequado. Resumidamente, mister se faz desenvolver uma educação libertadora que nos abra para uma democracia integral, capaz de produzir um tipo de sociedade sustentável (um modo sustentável de viver, segundo a Carta da Terra) com um desenvolvimento socialmente justo e ecologicamente correto.”
Na utopia da refundação do Brasil, Leonardo Boff elenca três pilastras da refundação, que “deve se basear em algo tipicamente nosso, de tal forma que ganhe uma feição singular, a partir da qual incorporará contribuições vindas das trocas com outras fontes. 1. A natureza: aqui a natureza está ‘perpetuamente em festa’ – uma biocivilização – Brasil, mesa posta para a fome do mundo inteiro; a Amazônia, nem pulmão, nem celeiro, nem selvagem. 2. A cultura, nicho da refundação do Brasil: a variedade contraditória das culturas no Brasil. 3. O povo brasileiro em fazimento: a centralidade da vida em todas as suas formas; o perfil do povo brasileiro ‘in statu nascendi’; Brasil, a Roma dos trópicos?”
Os tempos são duros. Os tempos são difíceis. Há que juntar, nas palavras de Santo Agostinho, a esperança da utopia – um outro mundo possível, urgente e necessário -, a indignação dos que não se conformam com a mentira, a desigualdade e a injustiça, a coragem dos que lutam e sonham solidaria e coletivamente.
Leonardo Boff, na dedicatória do livro, escreve: “A todos os que sonharam com um outro Brasil, aos movimentos sociais populares e às suas lideranças, aos partidos que resistiram e lutaram contra as ditaduras e guardam em sua mente e corpo os sinais de sua coragem.”
E, mais que nunca, vale lembrar o que disse Dona Lindu para o jovem Lula, palavras difundidas nas redes sociais no Dia das Mães: “Levanta a cabeça, olha pra frente e teima, meu filho, teima. É só teimar.”
Selvino Heck Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990) e assessor político e de educação libertadora.
Em dezoito de maio de dois mil e dezoito.
Admirável exposição e convocação! Somos todos irmãos criados e amados por Deus, merecemos uma realidade de amor, solidariedade, união…
Voces tiveram o povo nas mãos para fazerem a história no caminho certo, mas a ambição da pobreza os fez mudar o rumo, preferiram o poder acima de tudo,escolheram ser corrompidos e corromper, mentir e enganar o povo com falsas promessas somente para continuar a usufluir em proveito próprio do poder, formaram gerações de zumbis que hj vagueiam sem rumo, a procura daquela verdade que não existiu nunca, daquele líder que se tornou chefe quadrilheiro em vez de chefe de um país, e que ainda existem seguidores destas idéias que o povo brasileiro quer apagar de sua memória, para que o Brasil reencontre seu caminho, caminho que virá, com a extinção de partidos e sindicatos de pseudo esquerda, pois o que existe no Brasil hj, não se pode chamar de esquerda, e sim de uma quadrilha que se diz de esquerda, que surgiu para roubar país.
Humberto vc parece um excelente leitor de O Globo, FSP e o Estadão. O seu argumento vale para as elites endinheiradas que há mais de 500 anos vêm explorando o povo. Leia Capistrano de Abreu ou José Honório Rodriges e hoje Jessé Souza que fizeram a leitura da história do Brasil a partir das vítimas. Essas elites nunca tiveram um projeto Brasil para todos, só para elas. Quando alguém cria um projeto Brasil de inclusão de todos, e tirando da fome e da miséria quase 40 milhões de pessoas e dando a chance de pobres e afrodescendentes poderem frequentar a universidade vem gente do sistema da Casa Grande e vc com esse tipo de argumentação totalmente fora da história real, quando vista a partir dos milhões de esvravizados negros e indígenas,cujos descendentes hoje constituem 62% de nossa população. Aconselho ler algum desses autores acima citados para vc ter uma ideia menos preconceituosa. lboff
“.Os temas são ética,ecologia,política e espiritualidade.”. Grande Boff, pelo seu passado, pelos amigos e companheiros que tem, tenho muitas dúvidas que possa entender alguma coisa de ética, política e espirritualidade, e faltou aí honestidade ddos amigos.
Humberto, não entendi seu texto. Faço teologia há mais de 50 anos e fui professor de ética na UERJ por alguns anos. Alguma coisa devo ter entendido. Mas minhas obras, a maioria é sobre espiritualidade. lboff
Voltar para as bases, essa é a sabedoria…
Estou inteiro nesta luta, como estive antes, contra a ditadura de 64.
Muito grato, Professor,Marcelo