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Maria Inez Padula
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O que se está fazendo com a saúde no Rio  de Janeiro, principalmente com o hospital Pedro Ernesto só pode ser qualificado como criminoso. Grande parte do hospital universário que dispõe de excelente quadro médico com cerca de 50 especialidades, entrou na UTI. Grande parte dele foi fechada por falta de verba mínima para mante-lo em funcionamento. É um hospital que atende grande parte de pacientes vindos da zona norte, a mais carente da cidade e de todo o estado do Rio de Janeiro. Chegam com suas enfermidades e não podem ser atendidos porque quase tudo foi desativado por falta de meios econômicos. O direito básico do cidadão é ter sua vida e sobrevida garantida. Viver é tudo. Um cadáver não faz política nem venera a Deus. Negar assistência à saúde equivale a um veredito de morte sobre o paciente. O Estado deve ser confrontado por esta situação. A corrupção erodiu as bases que sustentavam a universidade – a UERJ – uma das melhores do país, com campos de pesquisa notáveis, com quadros acadêmicos de excelência. Tudo isso foi corroído particularmente pela espantosa corrupção que assolou todas as instâncias do governo. Um secretário de saúde com sua máfia desviou cerca de 300 milhõr de reais. Quantos não foram condenados à morte pela ausência destes fundos? Tais descalabros me remetem à frase do profeta Isaias:Ai de vós que decretais leis injustas, leis para explorar o povo. Vós não defendeis o direito dos pobres nem a causa dos necessitados e explorais as viúvas e os órfãos” (Is 10,1-2). Pois foi isso que ocorreu a partir do próprio governador que se tornou o chefe de uma máfia que delapidou de forma patólogia os cofres públicos. Agradeço a Dra.Maria Inez Padula, médica da medicina integral que atende os mais empobrecidos vindos de todas as partes, ela e seu marido Dr. Ricardo Donato pot ter-me passado esta comovente carta de uma sua colega médica. O Pedro do relato se refere ao hospital Pedro Ernesto. É difícil de conter as lágrimas de indignação, de compaixção e de amor ao ver como são abandonados  a seus próprios padecimentos a tantos centenas de pacientes com o sentimento de impotência de não poder atendê-los. A Dra. Maria Inez faz suas as palavras de uma colega médica que lhe passou esta comovida carta e  que empenhava seus melhores esforços e seu amor apaixadonado ao Pedro Ernesto. Vale ler este material. Além da indignação vale manter a esperança de que o Pedro volte a ser o que empre  foi: a referência dos necessitados da cidade e da excelência de seu quadro médico. lboff
*CARTA DE UMA MÉDICA SOBRE O PEDRO*
Essa carta é sobre Pedro. Pelo Pedro. Ele está precisando de ajuda.
Da sua, da minha e de todos.
Ela é um desabafo de impotência, daqueles que você faz quando está desesperado e espera que alguém compartilhe a sua história.
Minha história com o Pedro começou em 2011. Estava comprometida com Antônio, mas aí uma amiga me falou “Você conhece o Pedro? Não? Tem que conhecer! Você vai se apaixonar!”. Achei bobagem, afinal já estava com outro. Fui conhecer Pedro mais por teimosia do que qualquer coisa e tombei de amor. Por cada canto seu. Suas cores. Suas nuances. Tudo. Pedro acolhia todos com um carinho que não tinha como não admirar. Reunia um conhecimento invejável, realizava pesquisas, transbordava medicina. Mas ele conquistava a todos pela sua humanidade, seu coração. Estamos juntos há maravilhosos 5 anos e 6 meses. Aprendi tanto com ele. Aprendi os mistérios da anatomia, fisiologia, bioquímica e histologia. Aprendi a ouvir o corpo e interpretar o que é dito. Aprendi substâncias, cirurgias e doenças. Aprendi que o ser humano não se aprende nos livros. Que somos essencialmente bons e ruins ao mesmo tempo. Que o médico não vence a morte, mas abraça a vida. Há alguns anos atrás Pedro ficou doente. Começou devagar, quase não se notava. Era só um pequeno incômodo. Que cresceu, malignizou sabe? Ele foi se desligando aos pouquinhos. Foi reduzindo suas funções. Disseram hoje que Pedro tem pouco tempo de vida e eu não sei viver em um mundo onde o Pedro não exista.
Pedro não é um hospital. Pedro sou eu. É Maria que tem leucemia. É José que tem Lupus. É Carlos com rim transplantado. É Francisca com ponte e stent.
É professor de cuidadores de pessoas.
É direito que está sendo levado do povo.
#HUPE Resiste Autora: Mariana Astuto, aluna da FCM