Mauro Santayana é colega como colunista do Jornal do Brasil online. Considero-o um dos jornalistas mais experimentados e cultos de nosso jornalismo brasileiro. Este texto vai na contramão do pessimismo reinante no país, em grande parte induzido por aqueles que não aceitam o caminho político inaugurado há anos que colocou o social como eixo maior da política de Estado e criou políticas republicanas que permitiram a inclusão de milhões de brasileiros que estavam à margem do processo social na pobreza e na miséria. Este texto não fala de políticos nem de partidos. Fala do povo brasileiro e de sua operosidade. Ele tem o condão de mostrar um outro Brasil, da grande maioria anônima, que trabalha duro, que leva avante projetos de grande envergadura com entusiasmo e orgulho de estar ganhando dignamente sua vida e corroborando na construção de um um país desenvolvido e justo. Eles não são mostrados e comentados pela grande imprensa empresarial, cujos interesses não se alinham com aqueles da maioria do povo brasileiro. Dai a importância de lermos e meditarmos este esplêndido artigo de Mauro Santayana que, pessoalmente, considero como “o príncipe do jornalismo nacional”: Lboff |
Tais referências cronológicas ajudam a lembrar que nem o mundo, nem o Brasil, foram feitos em um dia, e que estamos aqui como parte de longo processo histórico que flui em velocidade e forma muitíssimo diferentes daquelas que podem ser apreendidas e entendidas, no plano individual, pela maioria dos cidadãos brasileiros.
Ao longo de todo esse tempo, e mesmo antes do nascimento de Cristo, já existíamos, lutávamos, travávamos batalhas, construíamos barcos e pirâmides, cidades e templos, nações e impérios, observávamos as estrelas, o cair da chuva, o movimento do Sol e da Lua sobre nossas cabeças, e o crescimento das plantas e dos animais.
Em que ponto estamos de nossa História?
Nesta passagem de ano, somos 200 milhões de brasileiros, que, em sua imensa maioria, trabalham, estudam, plantam, criam, empreendem, realizam, todos os dias.
Nos últimos anos, voltamos a construir navios, hidrelétricas, refinarias, aeroportos, ferrovias, portos, rodovias, hidrovias, e a fazer coisas que nunca fizemos antes, como submarinos – até mesmo atômicos – ou trens de levitação magnética.
Desde 2002, a safra agrícola duplicou – vai bater novo recorde este ano – e a produção de automóveis, triplicou.
Há 12 anos, com 500 bilhões de dólares de PIB, devíamos 40 bilhões de dólares ao FMI, tínhamos uma dívida líquida de mais de 50%, e éramos a décima-quarta economia do mundo.
Hoje, com 2 trilhões e 300 bilhões de dólares de PIB, e 370 bilhões de dólares em reservas monetárias, somos a sétima maior economia do mundo. Com menos de 6% de desemprego, temos uma dívida líquida de 33%, e um salário mínimo, em dólares, mais de três vezes superior ao que tínhamos naquele momento.
De onde vieram essas conquistas?
Do suor, da persistência, do talento e da criatividade de milhões de brasileiros. E, sobretudo, da confiança que temos em nós mesmos, no nosso trabalho e determinação, e no nosso país.
Não podemos nos iludir.
Não estamos sozinhos neste mundo. Competimos com outras grandes nações, que conosco dividem as 10 primeiras posições da economia mundial, por recursos, mercados, influência política e econômica, em escala global.
Não são poucos os países e lideranças externas, que torcem para que nossa nação sucumba, esmoreça, perca o rumo e a confiança, e se entregue, totalmente, a países e regiões do mundo que sempre nos exploraram no passado – e ainda continuam a fazê-lo – e que adorariam ver diminuída a projeção do Brasil sobre áreas em que temos forte influência geopolítica, como a África e a América Latina.
Nosso espaço neste planeta, nosso lugar na História, foi conquistado com suor e sangue, por antepassados conhecidos e anônimos, entre outras muitas batalhas, nas lutas coloniais contra portugueses, holandeses, espanhóis e franceses; na Inconfidência Mineira, e nas revoltas que a precederam como a dos Beckman e a de Filipe dos Santos; nas Conjurações Baiana e Carioca, na Revolução Pernambucana; na Revolta dos Malês e no Quilombo de Palmares; na Guerra de Independência até a expulsão das tropas lusitanas; nas Entradas e Bandeiras, com a Conquista do Oeste, da qual tomaram parte também Rondon, Getúlio e Juscelino Kubitscheck; na luta pela Liberdade e a Democracia nos campos de batalha da Europa, na Segunda Guerra Mundial.
As passagens de um ano para outro, deveriam servir para isso: refletir sobre o que somos, e reverenciar patriotas do passado e do presente.
Brasileiros como os que estão trabalhando, neste momento, na selva amazônica, construindo algumas das maiores hidrelétricas do mundo, como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio; como os que vão passar o réveillon em clareiras no meio da floresta, longe de suas famílias, instalando torres de linhas de alta tensão de transmissão de eletricidade de centenas de quilômetros de extensão; ou os que estão trabalhando, a dezenas de metros de altura, em nossas praias e montanhas, montando ou dando manutenção em geradores eólicos; ou os que estão construindo gigantescas plataformas de petróleo com capacidade de exploração de 120.000 barris por dia, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, como as 9 que foram instaladas este ano; ou os que estão construindo novas refinarias e complexos petroquímicos, como a RENEST e o COMPERJ, em Pernambuco e no Rio de Janeiro; ou os que estão trabalhando na ampliação e reforma de portos, como os de Fortaleza, Natal, Salvador, Santos, Recife, ou no término da construção do Superporto do Açu, no Rio de Janeiro; ou os técnicos, oficiais e engenheiros da iniciativa privada e da Marinha que trabalham em estaleiros, siderúrgicas e fundições, para construir nossos novos submarinos convencionais e atômicos, em Itaguaí; os técnicos da AEB – Agência Espacial Brasileira, e do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que acabam de lançar, com colegas chineses, o satélite CBERS-4, com 50% de conteúdo totalmente nacional; os que trabalham nas bases de lançamento espacial de Alcântara e Barreira do Inferno; os oficiais e técnicos da Aeronáutica e da Embraer, que se empenham para que o primeiro teste de voo do cargueiro militar KC-390, o maior avião já construído no Brasil, se dê com sucesso e dentro dos prazos, até o início de 2015; os operários da linha de montagem dos novos blindados do Exército, da família Guarani, em Sete Lagoas, Minas Gerais, e os engenheiros do exército que os desenvolveram; os que trabalham na linha de montagem dos novos helicópteros das Forças Armadas, na Helibras, e os oficiais, técnicos e operários da IMBEL, que estão montando nossos novos fuzis de assalto, da família IA-2, em Itajubá; os que produzem novos cultivares de cana, feijão, soja e outros alimentos, nos diferentes laboratórios da EMBRAPA; os que estão produzindo navios com o comprimento de mais de dois campos de futebol, e a altura da Torre de Pisa, como o João Candido, o Dragão do Mar, o Celso Furtado, o Henrique Dias, o Quilombo de Palmares, o José Alencar, em Pernambuco e no Rio de Janeiro; os que estão construindo navios-patrulha para a Marinha do Brasil e para marinhas estrangeiras como a da Namíbia, no Ceará; os engenheiros que desenvolvem mísseis de cruzeiro e o Sistema Astros 2020 na AVIBRAS; os que estão na Suécia, trabalhando, junto à Força Aérea daquele país e da SAAB, no desenvolvimento do futuro caça supersônico da FAB, o Gripen NG BR, e na África do Sul, nas instalações da DENEL, e também no Brasil, na Avibras, na Mectron, e na Opto Eletrônica, no projeto do míssil ar-ar A-Darter, que irá equipá-los; os nossos soldados, marinheiros e aviadores, que estão na selva, na caatinga, no mar territorial, ou voando sobre nossas fronteiras, cumprindo o seu papel de defender o país, que precisam dessas novas armas; os pesquisadores brasileiros das nossas universidades, institutos tecnológicos e empresas privadas, como os que trabalham ITA e no IME, no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, ou no projeto de construção e instalação do nosso novo Acelerador Nacional de Partículas, no Projeto Sirius, em São Paulo; os técnicos e engenheiros da COPPE, que trabalham com a construção do ônibus brasileiro a hidrogênio, com tubinas projetadas para aproveitar as ondas do mar na geração de energia, com a construção da primeira linha nacional de trem a levitação magnética, com o MAGLEV COBRA; nossos estudantes e professores da área de robótica, do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, várias vezes campeões da Robogames, nos Estados Unidos.
Neste momento, é preciso homenagear esses milhões de compatriotas, afirmando, mostrando e lembrando – e eles sabem e sentem profundamente isso – que o Brasil é muito, mas muito, muitíssimo maior que a corrupção.
É esse sentimento, que eles têm e dividem entre si e suas famílias, que faz com que saíam para trabalhar, com garra e determinação, todos os dias, cheios de orgulho pelo que fazem e pelo nosso país.
E é por causa dessa certeza, que esses brasileiros estão se unindo e vão se mobilizar, ainda mais, em 2015, para proteger e defender as obras, os projetos e programas em que estão trabalhando, lutando, no Congresso, na Justiça, e junto à opinião pública, para que eles não sejam descontinuados, destruídos, interrompidos, colocando em risco seus empregos, sua carreira, e a sobrevivência de suas famílias.
Eles não têm tempo para ficar teclando na internet, mas sabem que não são bandidos, que não cometeram nenhum crime e que não merecem ser punidos, direta ou indiretamente, por atos dos quais não participaram, assim como a Nação não pode ser punida pelos mesmos motivos.
Eles têm a mais absoluta certeza de que a verdadeira face do Brasil pode ser vista nesses projetos e empresas – e no trabalho de cada um deles – e não na corrupção, que se perpetua há anos, praticada por uma ínfima e sedenta minoria. E intuem que, às vezes, na História, a Pátria consegue estabelecer seus próprios objetivos, e estes conseguem se sobrepor aos interesses de grupos e segmentos daquele momento, estejam estes na oposição ou no governo.
Fonte: Boletim Carta Maior de 06/01/2015.
Concordo com quase tudo o que coloca o “príncipe do jornalismo nacional”, só espero que o texto não seja uma forma de minimizar as ocorrências que demonstram que tudo o que está acontecendo deveria estar acontecendo há mais tempo, com maior qualidade, e a um custo justo (não só monetário, mas também social e ambiental), se não fôssemos vítimas de uma roubalheira que nunca se viu na história desse país, (a não ser no discurso dos corruptos que tentam se justificar futucando a história desde a fundação, ou os primórdios da humanidade). Realmente o Brasil não é feito só de ladrões, esses são minoria, mas uma minoria que está infiltrada em todos os segmentos aparelhando o poder para garantir a perpetuação. Haja vista a relação da presidente com o Supremo nos gestos de cumprimentos, que demonstra uma cumplicidade e consideração que vai além da relação que pressuponha qualquer isenção.
Republicou isso em engenhonetworke comentado:
(…) “As passagens de um ano para outro, deveriam servir para isso: refletir sobre o que somos, e reverenciar patriotas do passado e do presente.”
Sr. Boff,
Tenho pelo senhor admiração pelo filósofo que é, e pela qualidade dos seus pensamentos. Entretanto, não me permito concordar em 100% com o elogio à manifestação do Sr. Santayana. O Brasil não é feito apenas de ladrões, óbvio que não, todavia os tais são líderes e fazem de tudo o que é produzido pelos honrados cidadãos deste pais o que bem entendem. Nada, ou uma quantidade irrisória, é destinado às condições e qualidade de vida das pessoas que produzem. Concordo que os trabalhadores em todas as áreas mencionadas são merecedores de respeito, consideração e reconhecimento, porém a corrupção nos trai 24 horas por dia, e isso é lamentável. O texto do Sr. Santayana enaltece o povo mas entendo que ao mesmo tempo o incentiva a continuar lutando a fim de manter o próprio cárcere, a seguir dando brilho aos próprios grilhões.
Este povo já possui crédito infinito junto ao governo deste país, e que será saldado usando a mesma regra aplicada à dívida pública, ou seja, nunca! Como se diz: Só por Deus mesmo!
Um fraternal abraço!
Domingos Marcelo (G+)
Muchas gracias por mandarme las entradas al blog pero quisiera recibirlas en español, no sé portugués. Gracias y feliz año!!
E aqueles que trabalharam uma vida inteira, sempre honrando com seus impostos, imposto por vários governos inescrupulosos que constroem ( como acima exposto) obras faraonicas superfaturadas e simplesmente abandonam, onde sim, milhares de trabalhadores deram seu suor, sangue por uma obra, para somente ser justificada a servir para desvios em corrupções, enganando o povo e o povo acreditando nestes politicos safados, onde as justiça está falida, pois simplesmente está cega ou fingem que nada vê.
Para que foram construidos estádios e outras obras similares para entretenimento, gastando-se fortunas, Cadê os investimentos para a população carente e necessitada dos serviços básicos de saúde, segurança, educação,
Nós só queremos trabalhar com dignidade e ser recompensados em nossa aposentadoria depois de uma vida inteira.
´E o que precisávamos pensar, nem tudo está perdido.Um abraço, Isabel
Eu tenho orgulho do meu País e do projeto que está sendo executado avante Brasilma.
Filosofar realidades
Brasil pujante atolado na lama da desfaçatez ética e moral das corrupções grotescas de governos que não se esforçam para conseguir ser o grande provedor da pujança dos talentos e instituições que permeiam este alegre ingênuo, mas criativo povo mestiço…governo ainda esta firmado no modismo picareta e falso dos direitos sociais medíocres do embuste travestido de grandes transformações sociais! O que vemos em muito são parcas politicas do engodo que visam somente perpetuarem ideias de pensamentos únicos retrógados que aniquilam ainda mais a cidadania de um povo despreparado para discernir politicas sociais de migalhas paternalistas. Boas politicas sociais muito mal implementadas e mal conduzidas .Longe de serem sérias ou bem intencionadas; ou de governos bem intencionados! Politicas sociais que segregam uma sociedade miscigenada em classes, cor, opções sexuais, e poder econômico, e que incute na sociedade conflitos de desvios da realidade que só precisa de bons exemplos e educação de qualidade realmente para se afirmar e progredir com igualdade de condições no país das oportunidades imensas. Fora isso nada mais são que politicas rasteiras de manobras malfeitoras que dão maus exemplos e maculam indignam e envergonham a sociedade que trabalha e faz a diferença no ranking mundial.Entretanto para estes governos este povo só serve de massas de manobras para eleições tendenciosas e manipuladas pela força do poderio econômico acomunados com estes mesmos governos constituídos que almejam o poder pelo poder! Como 7º economia foi fruto do trabalho de grandes e pequenas empresas e do povo trabalhador e dos governos anteriores não reconhecidos pelo atual que agora pior já demonstra que este potencial não foi bem aproveitado e que além de cair no ranking da economia de 7º para 8º lugar sucateou nossas indústrias privadas e o comercio de importados em detrimento de ideologias obsoletas de controle de empresas estatais mais fortes que só serviram para aninhar amiguinhos mal intencionados, mas partidários que servem como cães guardiães fiéis e raivosos contra todos os pensamentos discordantes classificados como de direita que não garantam suas mordomias e usam o estado e advogam em nome dele a fim de garantirem que seus poderes se perpetuem independente de ser útil ao povo ou não… Melhorar e aprimorar a cidadania não é meta prioritária… AINDA ALTIVO PUJANTE BRASIL ! Sonho com governos mais bem preparados e sérios; bem intencionados livre das mazelas ilusórias da mesmice politica sucessória inerte, livres de ideologias anacrônicas que limitam o progresso e enfeitiçam as mentes pelo conforto e os livre das deslumbrosas mordomias dos tapetes, aposentos e pratarias sofisticadas dos palácios de Brasília que insensilizam, cegam o civismo, a moral, e a ética…As negociatas em troca de privilégios achincalha o pendão…Basta só apelarmos a Deus para que ele seja a justiça que castigue os muitos malfeitores que graças ainda não são maioria da nossa querida nação independente dos privilégios e classes sociais; pois esperarmos pelos nossos comandos os belos exemplos de grandes lideres e estadistas fiéis a cidadania e a uma educação de primeiro mundo quem sabe! Só se formos Matusaléns…
Pois é meu amigo… Alio-me a você neste depoimento, conforme o que já manifestei em postagem anterior. Reafirmo que o Brasil não é formado por pessoas que doam o próprio sangue e suor pelo crescimento da nação, todavia o pequeno ( nem sei estimar se 1% ou menos) número de corruptos tomam conta e tapeiam sem dor na consciência toda a população que 24 horas por dia tem o fruto do trabalho deliberadamente surrupiado, apropriando-se indebitamente até mesmo da nossa liberdade de escolher não mais contribuir com impostos, já que as leis são unilateralmente criadas para favorece-los.O povo, ingenuamente aceita, acata e obedece como cordeiros, sem saber, sem a menor ideia de para onde os condutores da Pátria a estão levando, sem o menor vislumbre do futuro ainda mais desastroso ao qual estamos sendo conduzidos, muito pior do que os anteriores já o fizeram.
Reconheço sim o valor dos trabalhadores como enaltece o jornalista, todavia o entendimento da realidade é o que obsta o sentimento de satisfação plena.
DM (G+)
Retificando : Onde se lê “..o Brasil não é formado por…”, leia-se “..o Brasil não é formado apenas por…”
DM
E sobre o mensalão, petrolão e outros escândalos vergonhosos o Sr. também não sabia ou não sabe de nada como os governantes? Se sabe alguma coisa…escreva!