Francisco, bispo de Roma, se despojou de todos os títulos e símbolos de poder que não fazem outra coisa que distanciar as pessoas umas das outras. Publicou uma carta no principal jornal de Roma La Reppubblica respondendo ao ex-diretor e conhecido intelectual não crente Eugênio Scalfari. Este publicamente colocou algumas questões ao bispo de Roma, Francisco. Este realizou um ato de extraordinária importância. Não apenas porque o fez de uma forma sem precedentes mas principalmente porque se mostrou como um homem que fala a outro homem, num contexto de diálogo aberto, colocando-se no mesmo nível que seu interlocutor.
Efetivamente Francisco que, como sabemos, prefere chamar-se bispo de Roma e não de Papa, respondeu a Eugênio Scalfari de um modo cordial, com a inteligência calorosa do coração antes que com a inteligência fria das doutrinas. Atualmente, na filosofia, se procura regatar a “inteligência sensível” que enriquece e alarga a “intelegiência intelectual”, pois aquela fala diretamente ao outro, ao seu profundo. Não se esconde atrás de doutrinas, dogmas e instituições.
Nesse sentido, para Francisco não é relevante o fato de Scalfari se confessar crente ou não, pois cada um possui a sua história pessoal e seu percurso existencial que devem ser respeitados. O relevante mesmo é a capacidade de ambos estarem abertos à escuta mútua. Para dize-lo na linguagem do grande poeta espanhol António Machado:”A tua verdade? Não. a Verdade. Venha comigo buscá-la. A tua guarde-a para ti”. Mais importante que saber é nunca perder a capacidade de aprender. Este é o sentido do diálogo.
Com sua carta, Francisco mostrou que todos buscamos uma verdade mais plena e mais ampla, uma verdade que ainda não possuimos. Para encontrá-la não servem os dogmas tomados em si mesmos, nem as doutrinas abstratamente formuladas. O pressuposto geral é que existem ainda respostas a serem buscadas e que tudo é cercado de mistério. Esta busca coloca a todos sobre o mesmo chão, crentes e não crentes também os fiéis das diversas Igrejas. Cada qual tem o direito de expressar a sua visão das coisas.
Todos vivem uma contradição terrível que envolve crentes e ateus: por que Deus permite as grandes injustiças no mundo? É a questão que com profundo abatimento também o Papa Bento XVI colocou quando visitou o campo de extermínio nazista em Auschwitz. Despojou-se, por um momento, de seu papel de Papa e falou somente como um homem com o coração aberto: ”Deus, onde estavas quando aconteceram estas atrocidades? Por que te calaste?”
Todos nós cristãos devemos admitir que não há uma resposta e que a pergunta permanece ainda aberta. Consola-nos apenas a idéia de que Deus pode ser aquilo que nossa razão não compreende. A inteligência intelectual sozinha se cala porque não tem uma resposta para tudo. O Gênesis, como dizia o filósofo Ernst Bloch, não se encontra no começo mas no fim. As coisas, assim pensam os crentes, se desenrolam na direção de um desfecho feliz. Somente no fim, de alguma maneira, nos é dado comprender o sentido da existência. Unicamente no fim poderemos dizer:“e tudo é bom” e podemos exclamar um “Amém”definitivo. Mas enquanto vivemos nem tudo é bom.
Verdades absolutas e verdades relativas? Prefiro responder com o grande poeta, místico e pastor, o bispo Dom Pedro Casaldáliga, lá do fundo da Amazônia:” O absoluto? Só Deus e a fome”.
Nutro grande confiança de que Francisco com seu diálogo poderá conseguir grandes coisas para o bem da humanidade. Começou fazendo importante reforma do Papado. Dentro de pouco fará a reforma da Cúria romana. Através de vários discursos acenou que todos os temas podem ser discutidos, uma afirmação impensável tempos atrás. Temas como o celibato dos padres, o sacerdócio da mulher, a moral sexual e a existência dos homoafetivos. Até recente data, tais temas eram simplesmente proibidos de serem susciatados por teólogos e bispos.
Creio que este Papa seja o primeiro a não querer um governo monárquico e absolutista, o “poder” como dizia Scalfari. Ao contrário, quer estar o mais possível próximo ao Evangelho que apresenta os princípios da misericórdia e da compaixão, tendo como centro de referência a humanidade.
Seguramente seu diálogo com os não crentes pode verdadeiramente ampliar-se e abrir uma nova janela à modernidade ética que não considera apenas a tecnologia, a ciência e a política mas que pode também levar a superar um comportamento de exclusão, típico da Igreja Católica, em outras palavras, a arrogância de se entender a única herdeira verdadeira da mensagem de Jesus. Cabe sempre recordar que Deus enviou seu Filho ao mundo e não apenas aos batizados. Ele lumina cada pessoa que vem a este mundo, como o recorda São João no prólogo de seu evangelho e não apenas os crentes.
Neste sentido, pessoalmente tenho sugerido em carta ao Papa Francisco um Concílio Ecumênico de toda a cristandade, de todas as Igrejas, incluindo até a presença de ateus que possam, por sua sabedoria e ética, ajudar a analisar as ameaças que pesam sobre o planeta e como enfrentá-las. Em primeiro lugar as mulheres, geradoras de vida, pois a vida mesma está sendo ameaçada.
O Cristianismo comparece como um fenômeno ocidental. Ele deve encontrar o seu lugar no interior da nova fase da humanidade, a fase planetária. Somente assim será para todos e de todos.
Em Francisco, como já o mostrou na Argentina, não vejo a vontade de conquistar e de fazer proselitismo, mas antes a disposição de testemunhar e andar, como o reafirmou a Scalfari, um pedaço do caminho junto com outros. O Cristianismo antes que instituição é um movimento, o movimento de Jesus e dos Apóstolos. Nesta compreensão, viver a dimensão da dignidade humana, da ética e dos direitos fundamentais é mais importante do que filiar-se simplesmente a uma Igreja. Este é o caso de Eugênio Scalfari. Importa olhar mais a dimensão de luz da história do que sua dimensão de sombras, viver como irmãos e irmãs, na mesma Casa Comum, a Mãe Terra, respeitando as opções de cada um, sob o grande arco-iris, símbolo da transcendência do ser humano.
O longo inverno eclesial terminou. Esperamos uma primavera solar, cheia de flores e de frutos, na qual vale a pena ser humano também na forma cristã desta palavra.
(Entrevista dada por telefone a Vera Schiavazzi no dia 15 de setembro último, de Romano Canavese, Turim).
Muito obrigado a Leonard Boff por este comentario. Em boa Hora.
Primeiro elogio a posição do Papa Francisco, sou ateu e como diz, “um pagão”, e agradeço ao padre por não ter aceito batizar um filho de mãe solteira a 31 anos atrás, e também minha mãe por não ter voltado pra lá e forçado meu batizo, mas, lendo estas palavras e vendo suas ações, percebo em Francisco uma tentativa de humanizar a igreja trazendo ateus e outros segmentos para perto, o mundo não vive sem uma religião, mas anseio para aquela que liderar o mundo seja humana e não doutrinadora, que consiga ver o ser humano e não apenas mais uma alma no rebanho. Eu acredito em uma convivência pacifica entre crentes e não crentes, basta existir respeito de ambos.
Só tenho a dizer: Amém!!!!
Que legal! Ressuscitou a utopia! É muito bom ver no lugar do pescador temperamental e apaixonado, um ser humano como Francisco! “Infalivel é o amor e a capacidade de se fazer próximo de todos, principalmente dos que mais sofrem. Também tenho muita esperança neste que é nosso sinal de unidade.
Abrem-se as janelas e as cortinas arejando um ar milenar…Purificando e trazendo abertura com clareza de entendimento,perdão e misericórdia! em verdadeira imitação de Cristo! O pastor e seu cajado…Manso e humilde! Trazendo amor e esperança…Arrebanhando as ovelhas de todas as matizes…Perdoando 70X7 e juntando em um só rebanho com as luzes do Espirito Santo no caminho sagrado da SALVAÇÂO.
“O absoluto? Só Deus e a fome”. Extraí de seu texto por considerar a imagem mais verdadeira, aquela que a cada um se conceitua e se descreve segundo entendimento ou consciência.
Amém!.Que venha o diálogo fecundo, a Primavera “cheia de flores e frutos” ! Difícil não me lembrar de Milton Nascimento: “[…}Já podaram seus momentos/Desviaram seu destino/Seu sorriso de menino/Quantas vezes se escondeu/Mas renova-se a esperança/Nova aurora, cada dia/E há que se cuidar do broto/Pra que a vida nos dê flor e fruto. […]Há que se cuidar da vida/Há que se cuidar do mundo/Tomar conta da amizade/Alegria e muitos sonhos/Espalhados no caminho/Verdes, planta e sentimento/Folhas, coração,Juventude e fé.” Que Deus abençoe teu grande coração, Leonardo. Abraço fraterno.
Seja feita a tua esperanca e proposta, querido Leonardo!
Querido Irmão Leonardo Boff! Sua palavras tão bem colocadas mostra a presença divina , tomara que essa utopia não nos perca de vista ,pois ainda nos resta como esperança a mudança dos preceitos antigos e perverso . SE eu não ver esse sonho que foi dito por tantas pessoas meus descentes possa ter quintais sem muros .
Querido irmao Leonardo,
obrigado pelas tuas palavras. Hoje na minha escola, comecei a minha aula usando o que voce escreveu. I miei alunni sono rimasti super contenti, felici nel sapere che ci sono uomini che sanno ancora pensare e soprattutto amare e voler bene. A nome loro e mio, grazie.
Noi preghiamo per te,ogni tanto prega per noi, abitiamo nel sud dell’Italia. Ciao e buona domenica.
Fantástico! Partilho de suas esperanças Boff, como apaixonado leitor de sua obra e companheiro (ainda que distante fisicamente) nas lutas pelas mesmas causas. A esperança é que torna a espera possível! Como temos esperança que todos os urgentes diálogos se façam, para além da simples tolerância. Termino com uma referência àquele que considero (junto com o escritor Marco Lucchesi) um dos 36 justos (tzaddikim) de sua geração, que, segundo a tradição judaica, sustentam o mundo, Martin Buber:
“ Uma época de genuínos colóquios religiosos está-se iniciando, – não dos que assim se denominavam e eram fictícios, nos quais ninguém realmente olhava para seu parceiro e nem a ele se dirigia, mas uma época de diálogos genuínos, de certeza para certeza e também de uma pessoa receptiva para outra pessoa receptiva. Somente então aparecerá a comunidade autêntica, não aquela de um conteúdo de fé sempre idêntico, supostamente encontrado em todas as religiões, mas a comunidade da situação, da angústia e da expectativa. “
– Martin Buber em “Do Diálogo e Do Dialógico” (Das Dialosgische Prinzip), tradução da Marta Ekstein e Regina Weinberg, editora perspectiva, p. 40
o nosso papa Francisco veio para que nossa fe aumente, pois ele e um enviado especial para aplacar nossa dores e nossa duvidas
Vejo com muita alegria este momento de mudança da Igreja Católica, que esta voz ecoe até os ouvidos de Francisco o bispo de Roma como ele gosta de ser chamado, que os cristãos católicos de todo mundo e também do Brasil que estão vivendo sua fé em um estado ‘letárgico’ possam ressurgir das cinzas, assim com o Espírito de Deus fez suscitar dos ossos secos uma nova perspectiva de vida. Abraços Leonardo Boff.
Reblogueó esto en mitierramaravillosa.
Realmente aberta a atitude do Papa em se comunicar com um não crente.
Bonita sua colocação sobre o sentido do diálogo e da verdade. Um abraço, Isabel
A Igreja é como um paquiderme que leva um século para dar um passo, mas quando o dá a terra toda treme. Inicialmente tinha algumas prevenções como “el hermano” Francisco. Porém, eram preconceitos, próprios da minha pequenez. Por essa minha pequenez quero apenas apontar algo contra o celibato ainda imposto. Pois, quando seminarista, em meados do século passado, sempre questionei o voto do celibato. Minha argumentação era que, embora o Agostinho e, de certa forma, também Thomas de Aquino tenham afirmado o celibato como superior ao casamento, pensava e penso que o celibato é contra a lógica e contra a natureza do homem. Visto que o celibato não pode ser universalizado e se o fosse, destruiria a humanidade. Defendia e defendo que o padre deve ter a liberdade de escolher entre o celibato e o não-celibato. Como estudava numa congregação missionária, defendia que, aquele que escolhia ser missionário, escolhia, como consequência, ser celibatário. Pensava que o missionário que hoje está aqui, amanhã ali, não tinha o direito de impor essa “vida de cigano” à esposa e filhos. Hoje tenho dúvidas sobre a validade de tal argumentação. No texto chamado “NECESSIDADES E DESEJOS”, que está em meu site, faço referência a essa argumentação contra o celibato quando me contraponho à ideia de Montaigne (1533-1592) que afirmou que sexo é uma coisa natural, porém, não necessária.
Deus é o Deus da vida, A fé nesse Deus da vida nos leva a crer na ressurreição. Deus é o Deus da justiça e do amor e ele conhece nossas dores e sofrimentos.Vivo me perguntando porque NÃO MATAR é o 5º mandamento? e só encontro uma resposta: A morte não existe para Deus mas existe para nós e ele não permite a morte. O Universo não nos pertence e nós Pertencemos a Deus, ele nos resgata da morte e do sofrimento pela ressurreição.Por isso seu filho morreu na cruz porque o Pai tinha certeza que ali não era o fim. Só estou escrevendo aquilo que acredito.
É por isso que este papa, perdão, Bispo de Roma é tão querido. Mas Bispo de Roma não limita sua autoridade? Deveria ser chamado de “Irmão Universal”. Que tal???
Com licença mas não faz sentido dizer que “Todos vivem uma contradição terrível que envolve crentes e ateus: por que Deus permite as grandes injustiças no mundo?” Pois para os ateus não há tal contradição já que Deus não existe. Isso de “Deus permitir injustiças” é um problema p quem prefere acreditar num Deus pessoal que administra o Mundo à sua vontade. Ateus entendem que isso é balela.
José
Vc perdeu o senso da compaixão. Ateu ou não silenciar diante do exterminio nazista e dizer que a coisa é assim mesmo é perturbador. Não quisera viver numa sociedade onde pessoas pensam assim.
lb
Prezado Leonardo Boff,
obrigado pela atenção mas não como eu teria dado a entender que silencio-me ante o extermínio nazista. De verdade, resignação assim percebo em religiosos na forma de suspirosos “são desígnios de Deus” e a má notícia é que vivemos sim, infelizmente, num mundo forjado nessa resignação, da qual uma das mais importantes forças constitutivas foi a Igreja Católica em seus 2 milênios.
Paz a todos!
“Temas como o celibato dos padres, o sacerdócio da mulher, a moral sexual e a existência dos homoafetivos” podem até ser discutidos mas há posicionamentos católicos sobre tais temas enunciados sob critérios da infalibilidade papal. Assim, revê-los é contradizer o catolicismo em si, na sua pretensão de “esposa de Cristo”, “guiado por Deus”. Acho ótimo rever tais posições. Acho esquisito continuar-se chamando católico ao mudar-se de opinião em tais posições supostamente inspiradas pelo próprio Deus.
A primeira coisa que os cristãos, felizes com a chegada do Bispo de Roma, convidado por Deus para “restaurar a Sua Igreja degradada”, como o fez a São Francisco, o pobrezinho de Assis, na Itália, deveriam fazer era aceitar que a vida ultrapassa qualquer entendimento. Da mesma forma que os diálogos entre ateus e crentes, os primeiros querendo provar que Deus não existe,e os segundos que Deus existe. São bizantinos, porque a natureza de Deus é incogniscivel. Não há possibilidade de colocar numa mente finita a ideia de Deus. O máximo que se pode fazer, para afirmar Deus, é pela negação: Deus não é…Deus não é…Porque afirmar que Deus é alguma coisa, é limitar o ilimitado, que nunca teve princípio e não terá fim. E o mais próximo que se chegou da definição do que seria Deus foi – é a superposição do espírito de todas as coisas. Assim, os argumentos usados por uma pessoa para provar que não acredita na transcendência, ou outra dizer de qualquer forma,
que acredita sim, não têm importância. Nós é que precisamos Dele, não Ele de nós. O que levou Deus a criar os humanos, foi que, mesmo sendo onipotente, onisciente e onipresente, sentiu falta de companhia, para compartilhar a maravilha do milagre da vida, como seu Criador. Sentiu que era impossível ser completo e feliz…sozinho. Saiu de Si mesmo e, na noite da quebradeira dos cristais, declarou seu amor a nós, filhos feitos à Sua imagem e semelhança. O papel que cabe à Humanidade é caminhar na trilha dos passos de Jesus Cristo e fazer o máximo para obedecer à Regra Dourada:”Só faças aos outros aquilo que tu gostas que te façam a ti”. A mensagem de Jesus está claríssima nos Evangelhos e resumida, lindamente, no Sermão da Montanha. Só que os ensinamentos de Cristo não foram escritos para ser lidos. Foram escritos para ser vividos. A Fé sem obras é morta e o galho seco da videira tem que ser cortado, porque a árvore só se ilumina se der frutos. E nós, se pusermos filhos no mundo, para continuar a ter o privilégio de participar da aventura da Vida. O amor, como se fala no mundo, nem sequer existe. É uma emanação da alma, e só pode ser reconhecido nas provas que dá de sua existência. Só precisa de espaço e de se reconhecer no Outro, o irmão que se reflete nas pupilas de dois que se olham. Quando Jesus nos pediu que vencêssemos o mundo, dizendo: “Coragem, eu o venci!”, colocou a felicidade humana fora do alcance de qualquer recurso material. Quando afirmou: “Eu sou o Caminho, a Verdade e à Vida. Ninguém vem ao Pai, senão por Mim”, deixou claro que veio para salvar a Humanidade inteira, não só os batizados e evangelizados. Todos os homens nasceram para ser salvos pelo Filho de Deus,vindo ao mundo do ventre sagrado de Maria Santíssima, Sua Mãe, por obra e graça do Espírito Santo. Quando o plano de Deus estará completo, não sabemos. Mas, temos certeza de que um dia estará. Com todos nós, nele incluídos. Afinal, fomos criados para isso. A carta de Jorge ao ateu que lhe faz perguntas, deixou claro que todas as perguntas podem ser feitas, porque as tentativas de as responder também serão. Uma carta de homem para homem, na mesma posição de igualdade e abertura, intelectual e emocional, num belo diálogo de fontes.
lendo a carta do Papa (não localizei a provocação do jornalista): “O crente não é arrogante; pelo contrário, a verdade torna-o humilde, sabendo que, mais do que possuirmo-la nós, é ela que nos abraça e possui. Longe de nos endurecer, a segurança da fé põe-nos a caminho e torna possível o testemunho e o diálogo com todos»” Nada mais longe da realidade. Nunca vi “humildade intelectual” entre crentes.
Vejo desinteresse por questionamento mais a fundo, vejo limitação na argumentação racional (afinal, a receita é “Crê, depois raciocina” desde Agostinho pelo menos), vejo tergiversação ao tocar em pontos sensíveis da Doutrina (não à toa o Bispo do Xadrez anda obtusamente), e vejo a postura histórica da Igreja com quem a questiona (Apostemas, excomunhão. fogueira) que agora vem posar de cordeiro como se qualquer observador atento não conhecesse História.
Humilde aonde. meu caro Papa?
errata: onde lê-se “Apostemas” leia-se “Apostasias, Anátemas”
José
Dê um voto de confiança à boa vontade. Ver apenas sombras sem saber que existe a luz é condenar a humanidade ao seu passado pior sem possibilidade de aprender, crescer e ser diferente.Não basta olhar o passado. Temos que olhar para o futuro.
lboff
Prezado Doutor,
é um prazer e uma honra ter meus pitacos respondidos pelo mais famoso excomungado do País, nesse meu caminho de talvez excomungar-me também. Pois, por tudo que tenho visto, é preciso a Humanidade desapegar-se do Cristianismo para evoluir a uma alternativa espiritual desatrelada de episódios supostamente históricos de mais de 2000 anos atrás, narrados através de uma cadeia de informação não confiável (não há originais de nada), desatrelada também, no meu entender, de um Deus Gerente a revelar-se aqui e ali, pondo e dispondo e é com essa boa vontade de olhar o futuro que vou apontando as sombras da atual senda religiosa do Ocidente para, quem sabe, se buscar paragens mais arejadas e iluminadas.
Gostaria de esclarecer que posso ter parecido mais ácido do que pretendo, ao tentar condensar nesse espaço minhas críticas ao Catolicismo (e ao Cristianismo) mas arrisco ainda uma única pergunta:
onde encontro todos os enunciados papais feitos sob o dogma da infalibilidade?
Sei que tais comunicados de preceitos divinos seguem critérios (devem explicitamente declarar-se “ex cátedra” e devem ser sobre Moral e Fé), mas nunca consegui localizar a coleção deles pois espantosamente uma lista de tal importância não está claramente exposta nem é conhecida por católicos à minha volta (que aliás se mostram burocraticamente desinteressados no que Deus teria inspirado Papas a dizer). Estou sinceramente sedento por conhecer tais Palavras Dele e se não for por este canal não imagino que jamais o consiga.
Saudações!
José
A infalibilidade é um canhão tão grande que foi usado uma única vez, em 1950 quando o Papa Pio XII, depois de consultar todos os bispos da Igreja, definiu de forma infalivel que Maria subiu ao ceeu de corpo e alma. Ele tambem não esava seguro. Consultou todos os bispos e muitos teólogos e só depois falou. Mas nunca mais houve declaração infalivel
lboff
Glória a Deus nas alturas! O papa Francisco veio para que a utopia que você plantou, frei Leonardo, não morra e continue crescendo no coração e na consciência da humanidade. Glória a Deus!
do Papa sobre o destino dos judeus: “O que lhe posso dizer – com palavras do apóstolo Paulo – é que nunca esmoreceu a fidelidade de Deus à aliança estabelecida com Israel e que, através das terríveis provações destes séculos, os judeus conservaram a sua fé em Deus. E nunca lhes agradeceremos suficientemente por isso, não só como Igreja, mas também como humanidade. Além disso, perseverando eles precisamente na sua fé no Deus da aliança, lembram a todos, inclusive a nós cristãos, o facto de que permanecemos, como peregrinos, à espera do regresso do Senhor e, por conseguinte, devemos manter-nos sempre abertos a Ele, sem nos fecharmos jamais no que já conseguimos.”
tá bom. ou isso, ou o mais óbvio: o Deus da Bíblia é uma invenção dos homens e portanto falível. É difícil?
“Mais importante que saber é nunca perder a capacidade de aprender”. Quanto aos acontecimentos no campo de extermínio nazista que deixou o Papa Bento XVI um tanto cético e outros apresentados no dia-a-dia, acredito que nós devemos passar por provas referentes a vidas passadas. Como um pai que ama seu filho e paga melhores colégios e aulas particulares, na hora de fazer as provas o pai fica torcendo que tudo dê certo, no entanto quem vai fazer as provas é seu filho. Da mesma forma Deus nos ama, mas cada um de nós tem que passar pela sua prova. Isso, no entanto, não significa que devemos cruzar os braços e dizer que quem está na dificuldade merece. Neste momento nasce a compaixão.
Tão simples: Papa Francisco renovou não só minha fé como minhas atitudes
Tão bom ler os textos que o sr. escreve! Esclarece, contextualiza, reparte sua sabedoria.
Obrigada!
O Gênesis está sim, no começo e também no fim – que em verdade, não existe.. Penso isso pois os entes quânticos que nos formam, no hoje, existiram desde Sempre e continuarão, após extermínio da estrutura Quântica – corpo físico do animal humano, especificamente, neste caso. O que ainda não conseguimos, a maioria de nós, foi trazer, para o nível quântico mental – consciente – essas milhares e milhares de informações “registradas” em cada ente quântico; alguns poucos o conseguiram, tenho certeza, e deixaram pensamentos e ideias que alicerçaram tudo o mais, em sequência. Pensemos, por exemplo, em Demócrito ou Leucipo que propôs o a-tomo, inicial; pensemos em Sócrates, Platão, Hermes e tantos outros! Eles receberam, da própria fonte, as informações que passaram adiante.
Não esqueço nunca a informação que recebi: “ENERGIA É PENSAMENTO, INTELIGÊNCIA E LINGUAGEM” ! Então…
Lembrei de ´´Monsenhor Quixote“ Livro escrito por Graham Greene, que fala em uma amizade entre um prefeito comunista ateu e um Padre.
Um grande exemplo de coragem e disposição do Sr Bergollio, despojando-se da sua posição e poder de chefe religioso e de estado, falando com coragem, enfrentando o clero que até antes dele, não aceitava nem abria diálogos.
Fé em Deus é a própria fé no Homem! Isto é o significado de imagem e semelhança.
Compaixão, Amor e Tolerância..
Como somos diferentes no sentir e enxergar o mundo que nos cerca. Temos o José e temos a Valmira, bem mais segura que o José, talvez menos assertiva. Ensina Valmira com inteligência que somos impotentes diante da grandeza de Deus, que não é possível entender essa dimensão com conceitos limitadores. Na sequência a Valmira prolonga o seu discurso crente embasada nas escrituras sagradas e acaba ao encontro dos limites da história contada pelo Evangelho. Leonardo Boff é um provocador à reflexão, mas um holofote a iluminar o caminho que à frente nos espera. Embora simpático simultaneamente era reticente ao Bispo de Roma. Hoje não, creio que estamos diante de um humano líder poderoso diferente e divergente dos paradigmas que até aqui conhecíamos. Ser um crente ou ser ateu não influi em nada aos anseios de esperança da humanidade, o que importa é a guinada a favor dos que sofrem e choram por carências mil, o que importa é ouvir para agir o grito da Terra. José, entendo você, mas olhe para o futuro como ensina a boa fé de Leonardo.
Prezados,
Paz a todos!
A pergunta que eu faria ao Papa é: Já que Deus, segundo a Igreja Católica, se dispõe a interferir na Evolução do Homem queimando cidades, matando bebês, e até inspirando o Papa sobre Maria, porque não dar sinais claros? A falta de sinais claros levou (e leva) a Igreja, sua esposa conforme ela mesma diz, a erros terríveis contra a Humanidade. Que “pai” seria esse que vendo o filho afogar-se fica mandando charadas, eu hein? Por conta desse abandono de clareza os pensadores da Igreja produziram bibliotecas cheias de elucubrações – dispensadas por Francisco de Assis – e de verdade os avanços morais no Ocidente foram conquistados por críticos fora da Igreja.
Lembrando que sempre há a alternativa: Não há isso de um Deus-Pai a cuidar de nós e a construção retórica religiosa é uma forma de dominação intelectual do Homem pelo Homem. Por falar em “olhar o futuro”, notemos que sociedades mais avançadas tem mais ateus e envolvem-se menos em guerras, esse é O sinal !
Fora isso, obrigado a todos pelas considerações, em especial ao grande Leonardo Boff, e tudo de bom!
Alguém pergunta: “Onde estava Deus quando Hitler assassinou milhões de Judeus?” E eu pergunto: Onde estava Deus quando o homem deliberadamente pecou? Onde Ele estava quando a humanidade resolveu seguir seus instintos carnais ao invés de dar ouvidos a Noé? Onde Ele estava quando Israel sofria na caminhada pelo deserto? Onde Ele estava todas as vezes que Jerusalém foi invadida e saqueada, e o seu povo aprisionado e morto? Onde Ele estava quando Jesus foi humilhado e sacrificado no calvário? Não estaria Ele sempre no mesmo lugar? Estamos falando de uma lenda? Não estará Ele sentado em seu alto e sublime trono, suportando toda a blasfêmia, injúria, ingratidão e mentira deste homem, aguardando pacientemente que ele se arrependa e lhe dê a glória devida, ao invés de eliminá-lo de vez da face da terra?
Foi Deus quem atraiu Hitler para a Sociedade de Thule, seduzindo-o com a teosofia de Madame Blavatsky? Colocou no seu coração o desejo de dominar o mundo e formar uma raça ariana governante? Deus também seduziu os capitalistas ocidentais com a promessa de que ganhariam muito dinheiro se bancassem os nazistas e os aliados ao mesmo tempo? Foi Ele também que planejou a transformação da falida Rússia na poderosa URSS para criar uma super nação socialista após a guerra, dividindo posteriormente o mundo em dois blocos ideológicos, dando assim um passo decisivo no caminho da globalização, a New World Order? O mundo planetário! Cidadãos do mundo! Conheço este esquema e esta farsa, e garanto que não foi Deus que a elaborou!! Mas se não foi Deus, quem foi? Onde Ele estava que não evitou estes milhões de mortos inocentes? Mas quem poderia realmente ter evitado este massacre? Deus ou o próprio homem? Quem induz o homem a pecar? Deus ou o seu coração corrompido?
Ele deu-se a si mesmo em forma de homem e hoje oferece a salvação a todo aquele que crê e ainda afirma:”Quem crê no Filho do Homem será salvo, o que não crê, JÁ está condenado!”. Papas, bispos,padres, freis, pastores, etc., são o quê ou quem para questionar a Deus ou mudar a sua palavra? Não posso nem preciso reinterpretar as escrituras, pois elas não caducam: “Passará céu e terra, mas a Palavra de Deus não passará!” Os judeus reinterpretaram a lei e criaram a Tradição Oral Cabalista Talmúdica que está tão próxima da Torá quanto o Japão está do Brasil. O catolicismo idem! O clero romano criou o catecismo, que anula e corrompe todo o fundamento e doutrina dos apóstolos. Agora se propõe uma nova e feroz investida em cima das escrituras para tentar assegurar a salvação de ateus ou agnósticos com o aval do Papa, como se ele pudesse legislar contra Deus. É uma pena que vossos corações estejam sendo seduzidos a cometer este pecado, substituindo o cristianismo bíblico pelo humanismo marxista. entretanto, rebeldia já faz parte da história da humanidade. E Deus onde estará mais uma vez? Ele continua no seu trono de glória, de onde tudo vê, tudo ouve e tudo julga!
José,
O Deus que antipatizas é apenas uma caricatura criada pela hermenêutica literal da Bíblia. Se os ateus estudarem um pouquinho só de Antropologia da Religião, notarão a riqueza de princípios morais representados pelos símbolos religiosos.
O ateísmo parte da suposição infantil de que é possível uma ética sem religião, pois não tem maturidade ou inteligência para perceber que todo o mal parte de dentro de nós, o que a tradição judaica chama de pecado. Se admitires que somos todos canalhas, hipócritas, absurda e paradoxalmente vaidosos e miseráveis, perceberás tu, assim como eu, precisas de uma misericórdia que não existe em Darwin ou Nietzsche.
Já fui ateu, mas hoje, reconheço que o simbolo absurdo cruz é que tem mantido os últimos vestígios de amor neste mundo, quer entre ricos, quer entre pobres.
O joio e o trigo podem e devem crescer juntos, aprendendo com os erros e acertos uns dos outros. Tentar separa-los é uma ingenuidade psicopata ateia que sempre resulta em genocídio.
Um abraço,
Adriano Duarte, Fortaleza/CE