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Leandro Paterniani  do Rio de Janeiro, sem se apresentar como escritor e poderá ser um muito bom, produziu este belo e comovente texto sobre o que significa para milhares e milhares, senão milhões de pessoas, a festa do Natal. O verdadeiro presépio não está nas igrejas, mas nas ruas, sob as marquises. É a atualização da manjedoura, onde foi colocado o Menino, porque não havia lugar para ele nas moradas humanas. Todos estes sem teto, sem pão e sem rumo representam o Menino que, segundo disseram os anjos, “seria alegria para todo o povo”. Vale ler este testemunho humanitário, belo e verdadeiro. LBoff
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Final de semana do Natal. As ruas estão impressionantemente cheias. Cheias de pessoas que não têm um teto, que não têm um pedaço de pão para comer, que já não têm esperanças nem sonhos. As ruas estão cheias de desencanto.
Elas também estão cheias de gente sem trabalho ou de gente em condição de sub emprego, que conta o pouco dinheiro que tem para improvisar uma tímida ceia para sua família.
As ruas não estão silentes. Elas gritam muito alto para arrancar de nós não um olhar de compaixão, mas o entendimento de nossa responsabilidade sobre tudo isso. A caridade de ocasião serve tão somente para tentar expiar nossa culpa.
Sim, porque a culpa é nossa. Cada pessoa sem abrigo, sem comida, sem rumo e sem sonhos é resultado da nossa miséria e fracasso como sociedade. É a prova viva de que mais de dois mil anos se passaram e nada aprendemos com os ensinamentos do homenageado na noite de Natal.
Só não podemos esquecer que Ele – o homenageado da “Noite Feliz” – não está nos presépios de nossas casas ou nas igrejas em que dirigimos preces e cantos em seu louvor. Ele está nas ruas, em baixo de marquises ou viadutos. Sem teto, sem pão, sem rumo.