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Jornal da Unicamp – Professor, quão prejudiciais têm sido para o Brasil – e a economia brasileira em particular – as inúmeras idas e vindas da “novela Temer”?
Luis Gonzaga Belluzzo – Esta situação em que foi enfiada a economia brasileira teve origem em um inconformismo das classes dirigentes e dominantes do Brasil com o que seria mais um mandato comprometido com um certo projeto de sociedade, com um projeto de avanço social. Aí se manifestou o caráter mais que conservador, o caráter reacionário da sociedade brasileira. Um segmento que tolerou, mas nunca absorveu a eleição de um metalúrgico, um homem das classes populares como presidente do país. Para mim, aí está a origem da situação atual.
Isso precisa ser explicado com certo distanciamento. Quando terminou a eleição de 2014, com a vitória da presidente Dilma, o mercado que exprime esse sentimento do qual estamos tratando, o mercado financeiro principalmente, começou a alardear um desastre econômico que não existia. Os dados mostram que isso era uma mentira. A economia vinha de uma desaceleração forte nos anos 2012 a 2014, mas ainda estava com crescimento positivo. Durante todo o período, exceto 2014, houve superávit primário. Em 2014, houve déficit de 0,6, que se comprado ao desempenho dos demais países, seria considerado um sucesso numa fase de desaceleração econômica.
JU – Nada disso foi levado em conta no processo de impeachment?
Beluzzo – Aí entra no jogo um fator importante que é o peso desses grupos na sociedade, que no fundo exigia um ajuste, alegando que a situação fiscal era desastrosa, o que, vou repetir, era mentira. Isso ficou expresso na escolha de Joaquim Levy como ministro da Fazenda. Ele executou o que estava no projeto desses grupos. A expressão desses interesses está na macroeconomia que foi difundida não somente pelos economistas, mas também pela mídia.
Todo mundo comprou a ideia de que era preciso fazer um ajustamento. As medidas adotadas, porém, provocaram um grande desajustamento. Qual foi a sequência? Um choque de tarifas, coordenado com o aumento da taxa de juros. Com o choque de tarifas, o aumento da taxa de juros e o corte de investimentos públicos, a queda no desempenho da economia atingiu 3,5% em 2015 e mais de 3% em 2016. Então, o impeachment da presidente sofreu influência desse contexto. O impeachment foi decidido a partir de alegações muito levianas e insubstanciais.
JU – O senhor defendeu a presidente Dilma durante o julgamento no Senado …
Beluzzo – Sim, eu fui lá defender a presidente. Ainda que eu tivesse dito que discordava da maneira como ela fez as coisas, eu fui dizer que as medidas não eram motivo para o seu impedimento. Foi uma leviandade o que fizeram. Isso tem a ver com a forma como o poder real no Brasil – como parte da sociedade civil e a mídia – resolveu abraçar o impeachment porque considerava intolerável ter mais quatro anos de um governo popular. Isso foi o que a gente poderia chamar de revolta dos enriquecidos e dos candidatos a enriquecidos. Eu não vou falar em elite porque o Brasil não tem elite. O Brasil tem ricos, em geral incultos e acostumados a dizer barbaridades sobre tudo. Essa gente foi responsável pelo impeachment.
No fundo, isso não teve nada a ver com política econômica e combate à corrupção. Essa é a essência da constituição deste governo, que é ilegítimo. E cuja ilegitimidade está produzindo efeitos deploráveis.
JU – A democracia não é suficiente para regular esses conflitos de interesses?
Beluzzo – A democracia e o estado de direito não são exatamente os valores que essa gente que foi às ruas de camisa amarela prega. Tanto que eles vão à rua para pedir também intervenção militar. Eles não têm nada a ver com a democracia. Eles se colocam fora desse projeto democrático. Não foi fácil redemocratizar o Brasil. A democracia é o regime dos fracos. É através dela que os fracos podem se exprimir. Em geral, essa parte da sociedade tende a reproduzir episódios de autoritarismo.
Nós estamos vivendo uma situação ditatorial. As pesquisas de opinião demonstram o que a população pensa, e eles fazem justamente o oposto. O Brasil repete mais um episódio de rebelião dos que têm poder real contra a possibilidade de avanço das camadas populares. É simples assim.
JU – A recém-aprovada reforma trabalhista seria um desses efeitos deploráveis que o senhor citou?
Beluzzo – Sem dúvida. É ridículo o governo fazer a afirmação de que essa reforma gerará emprego. No mundo inteiro as reformas trabalhistas redundaram em precarização do trabalho e perda de qualidade de vida dos assalariados. Isso aconteceu na Espanha, Itália e Portugal, sendo que Portugal melhorou um pouco recentemente. No fundo, as reformas trabalhistas são realizadas com o argumento de se ganhar competitividade. Só que o ganho de competitividade não se realiza e você acaba precarizando o emprego. Isso enfraquece o poder de barganha dos trabalhadores. Para se colocar o negociado sobre o legislado seria preciso ter uma estrutura sindical diferente, fortalecida.
JU – E quanto à reforma da Previdência?
Beluzzo – Nós temos questões no sistema previdenciário brasileiro, como as diferenças gritantes entre o regime próprio, que é dos funcionários públicos, e o regime geral. Há uma distância muito grande entre eles, e isso é um fator que aprofunda as desigualdades. Outra questão é que nós estamos avançando na direção de uma transformação tecnológica e econômica que promoverá a redução da demanda de trabalho. Isso nos obrigará a criar um sistema previdenciário não para os mais velhos, mas para os que estarão empregados, mas não terão renda suficiente para comprar os produtos que a indústria gerará. Então, nós teremos além de um problema econômico, também um problema social. Nós vamos ter que criar um programa de renda básica de cidadania, como defendia o ex-senador Eduardo Suplicy. O debate sobre esse tema está ocorrendo no mundo inteiro. Nós, porém, estamos fazendo uma coisa muito atrasada.
JU – Não é um futuro alentador, não é?
Beluzzo – Eu estava conversando ontem com meu filho, dizendo que estava preocupado com o futuro dele e do meu neto. Não quero parecer pessimista, mas disse que ele terá que lutar para manter as condições de vida decente para um cidadão brasileiro. O governo já está dizendo que se não conseguir aprovar a reforma da Previdência, terá que cortar recursos da educação. Isso é de uma insensatez e de um desconhecimento total de como funciona o orçamento numa sociedade democrática. O orçamento é um âmbito em que você decide quem paga e quem recebe.
Aqui, quem paga para si mesmo são os mais pobres. São eles que dão a maior receita fiscal através dos impostos indiretos. Os ricos pagam pouco. Mas alguém discute isso? Não há interesse. O que me mais me preocupa é esse arranjo social e a manifestação de poder dessas camadas que não têm identidade com a população mais pobre. O rentismo, aqui, se dá numa relação de predação. A ordem é tirar tudo o que puder e, de preferência, transferir para um paraíso fiscal ou ir para Miami. Isso é inequívoco, é o ponto central.
JU – Em 2018 nós teremos eleições gerais, exceto no plano municipal. É possível ter esperança de mudanças a partir desse pleito?
Beluzzo – É uma esperança. Esperança, por exemplo, de recuperação sobre a economia. Isso vai exigir que tenhamos candidaturas que sejam capazes de fazer isso. Acho que temos. Não se vai eliminar o conflito, mas a eleição dará legitimidade para o governo tomar as decisões que precisam ser tomadas. Hoje, o governo não tem legitimidade e adota medidas que são contra as aspirações da maioria da população. Nesse sentido, a eleição é uma esperança. Nesse quadro, fica muito mais difícil fazer com que o mercado financeiro e seus asseclas imponham uma política econômica ao governo.
Aliás, é preciso ter claro que é um movimento de parcela da sociedade, mas que se expressa através de duas instituições: mercado financeiro e mídia. Enquanto não tiver democratização da mídia, fica difícil. Não se trata de propor a estatização da Rede Globo. É preciso criar pontos divergentes. Nenhum país do mundo pode ter democracia com uma concentração midiática deste tamanho.
Esse trecho, transcrito abaixo, retrata uma verdade muito importante, realmente não existia um desastre econômico, mas conseguiram manipular as informações, as pessoas. Me lembro que eu ficava surpresa e apavorada com os falsos comentários sobre uma crise que não existia. Cheguei a falar com vários colegas meus: estão falando de uma crise que não existe, mas vão conseguir criar essa crise. Agora está aí: desastrosa a nossa realidade hoje. Texto: “Quando terminou a eleição de 2014, com a vitória da presidente Dilma, o mercado que exprime esse sentimento do qual estamos tratando, o mercado financeiro principalmente, começou a alardear um desastre econômico que não existia. Os dados mostram que isso era uma mentira. A economia vinha de uma desaceleração forte nos anos 2012 a 2014, mas ainda estava com crescimento positivo. Durante todo o período, exceto 2014, houve superávit primário. Em 2014, houve déficit de 0,6, que se comprado ao desempenho dos demais países, seria considerado um sucesso numa fase de desaceleração econômica.”
Só completando: de um sujeito, Temer, que após a recente votação que impede o curso normal das investigações sobre corrupção, diz que isso é uma vitória do estado democrático, podemos esperar a geração de crises muito maiores. Me sinto apavorada.
“Só Deus, só âncora no Absoluto pode dar valor e sentido à nossa vida!” (Paiot). Tenhamos fé, esperança e caridade!
Republicou isso em Zefacilitador.
Respondendo a um amigo e primo hoje pela manha, a um comentário que ele fez numa minha postagem anterior, disse muita coisa semelhante ao que o professor Belluzzo se refere. Não fosse eu próprio ter escrito, pensaria que houve plagio. Abaixo o que escrevi:
Concordo com você que a Dilma cometeu erros. O que não eh crime. Então ela nomeou o Joaquim Levy, ultraconservador, para governar a política econômica, em nome dela.
Confesso que não entendi a deixa! Eu me revoltei com a indicação, mas pensei: o que ela deve estar querendo fazer eh mostrar para o povo que o método conservador so vai causar queda na economia, desemprego e recessão.
Aliado a isso pensei, ela deve estar sendo esperta. Vai chegar um momento chave em que ela vai falar para o povo: “Viram como não da certo?!!!” E ai seria a deixa para trocar o ministro por alguém mais sensível `as agruras pelas quais o povo iria passar.
Talvez tenha sido esse o script pensado. Mas não foi o que apareceu na peça teatral. E conto outro fato para melhor ilustrar meu ponto.
Não me recordo quem o falou em frente `as câmaras de televisão. Recordo-me apenas que foi uma personalidade artística, política ou religiosa. Então, imagine a controvérsia.
Mas a pessoa falou calmamente e com todas as letras: “Se você ver uma pessoa `a beira de um abismo, dizendo que ira suicidar, não tente ajudar.” E logo após ao desconforto causado, continuou: “Isso porque se você segurar a pessoa e ela se soltar da sua mão e se jogar, você vai ser acusado de assassinato em primeiro grau.”
Não eh a mesma coisa. Aplica-se ai apenas o principio. Quando tornou-se urgente medidas corretivas na economia, mesmo antes da nomeação do Joaquim Levy, o que se fez no Brasil?
Acredito que muita gente anteviu que a economia ia passar por uma chacoalhada. Não era segredo algum. Todas as commodities sofreram redução de preços drástica.
Isso inclui ate o petróleo, o qual o Brasil não era autossuficiente antes e naquela hora estava se transformando no tal. Isso foi anunciado em alto e bom som aqui pela imprensa nos EEUU.
Os preços estavam sendo reduzidos drasticamente para atingir aos inimigos dos países da Aliança Ocidental que no momento histórico eram a Russia, o Iran e a Venezuela. Agora, somente os sonsos não perceberam que o Brasil fazia parte da bola da vez por cometer o “crime” de ter entrado nos BRICS.
Enquanto isso, dentro do Brasil o que foi que observamos? A união das forças políticas, judiciarias, midiáticas, econômicas e populares manipuláveis fazendo de tudo para que o governo da presidenta não conseguisse driblar a crise.
Inclusive, o intento ficou muito bem caracterizado com a obstrução no congresso de medidas essenciais, enquanto a mídia trabalhava a opinião publica insuflando o povo a revoltar-se.
Diga-se de passagem, lembre-se do que se tornou os 0,20 de aumento nas passagens no governo Dilma (2013) e compare com o que se tornou o aumento recente (2017) dos combustíveis no governo golpista? Por que la o povo estava revoltado e hoje esta conformado?
Sinceridade, o povo não eh burro! Mas a classe media não usa a massa cinzenta que tem.
Antes de ter apoiado os golpistas bandidos ela deveria ter refletido: “Espera ai?!!! De todo jeito nos estamos mesmo passando por um momento de dificuldade, o qual não eh totalmente culpa da Dilma, então, se a gente ajuda-los vamos ter dois contratempos: vamos dar um tiro nos próprios pés porque a economia vai piorar e, outra e pior, vamos ser governados pelos mais bandidos!”
Penso que faltou essa reflexão `a classe media, mas quem esta verdadeiramente pagando o pato eh a classe pobre.
Voltando `a situação da opinião da personalidade que pensa que não devemos ajudar a quem esta na beira do abismo, o que definitivamente não devemos fazer primordialmente eh não empurrar o suicida para o abismo.
Os espertos da politica brasileira, os juízes seletivos, observe o trocadilho, os sonegadores midiáticos e os ladroes do poder econômico so pensaram em tirar proveito da oportunidade, fazendo de tudo para que as medidas que a Dilma tomaria não passassem e se passassem não vigorassem, com o único intuito de piorar para tomar o poder.
Se a Dilma fosse tão ruim quanto voce e os outros direitistas querem dizer que ela eh, então, não precisavam ter assassinado a administração dela. Ja que ela não prestava para administrar, segundo o entendimento de vocês, ela própria se jogaria no abismo sem a necessidade do empurrão.
Ai eh que esta. Faltou inteligência aos opositores. Se o enredo seria o que pregam, teriam as duas opções de atitude mais correta. Uma seria a de ficar quieto e deixar as aguas fluírem normalmente.
A segunda, penso, mais correta, era pensar não nos seus interesses particulares e sim no Brasil e no povo brasileiro.
Se não tivessem feito o que fizeram para derrubar um governo democraticamente eleito mas sim ajudassem esse governo a, pelo menos, corrigir seus erros, atualmente o Brasil ja seria outro; sem essa crise institucional gerada pelo golpe e com números econômicos bem melhores tanto para os rentistas quanto para os pobres desempregados.
Como diz o ditado, “Macaco velho não põe a mão em cumbuca!” Na verdade, não eh macaco velho que não põe a mão nela. Eh macaco inteligente. Os macacos brasileiros não apenas enfiaram a mão na cumbuca quanto a minaram com problemas maiores.
Tomaram o poder. Mas agora estão presos e contaminados pelos próprios problemas que causaram. Não adianta dizer que herdaram o problema da administração da Dilma porque eles eram parte dele também.
Assim, não foi a Dilma quem Desgovernou o Trem. O que aconteceu foi um caso explico de completo desamor `a pátria.
A Dilma jamais seria tão “boa” a ponto de sozinha criar a situação na qual meteram o Brasil. “Quem pariu Mateus que o embale.”
O problema agora tem dono. E o dono eh o Treem Desgovernado e todos os golpistas que o colocaram la.
Aqui esta a minha postagem que originou o comentario: “ELA DESGOVERNOU O TREM que já vinha se desincarrilhando. Simples assim! Deixe a cegueira política para trás e vamos avançar.” Esse comentário foi que originou o comentário que fiz aqui primeiro. Segue:
A POLITICA BRASILEIRA ATUAL EM :
01. Os petistas elegeram Dilma, mas não ao Treem Desgovernado.
Sinto muito meu amigo que não gosta do PT, do Lula e da Dilma, mas vocês estão longe de fazer alguma justiça em dizer que os petistas elegeram o Treem Desgovernado.
Vocês próprios chegarão a essa conclusão quando começarem a usar sua massa cinzenta. Não quer dizer que lhes falte massa cinzenta para isso. Eh apenas uma questão de usar.
Basta ir respondendo `as questões.
a) Ao ser indicado pelo PMDB para compor a chapa como vice-presidente, qual a garantia que o Treem Desgovernado teria de assumir a presidência?
b) Sendo que o vice somente assume em razão do impedimento do titular, (porque a presidenta Dilma não morreu, não foi crime a desculpa que usaram para abrir processo contra ela, nem ela sofreu nenhuma doença que a tornasse impedida de governar) quem saiu raivosamente `as ruas não deu seu voto tardio para impedi-la?
Assim ficamos. O Treem Desgovernado foi eleito por uma repescagem eleitoral ilegal e mal refletida. E os eleitores dele foram vocês que tiraram a Dilma.
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02. Os extremo-direitistas e extremo-esquerdistas se identificam com as escalas Fahrenheit e Celsius.
Nada mais interessante que assistir `a discussão entre os extremos. Naturalmente, pelo bizarro e não pela utilidade!
Especialmente no Brasil onde estes se ocupam de se atacarem e não concentrar nos fatos tais como: problema, obvio, histórico, encaminhamentos e soluções.
A mim me parece que comportam-se como dois times. Um torce para a escala Celsius e outro para a Fahrenheit.
Discutem os problemas naquele sentido do mal entendido. Por exemplo, a minha escala eh a melhor porque quando faz 40o., você sabe exatamente o que esta acontecendo. Alem disso, economiza-se dígitos na hora de comentar o assunto.
Ja o defensor do Fahrenheit solta que a escala dele eh melhor, pois, o equivalente 40o. C. na nossa escala eh 100o. F. 100 eh maior que 40, conclui, expressa melhor a quantidade de calor que esta fazendo.
O que eles ignoram eh que não são as escalas que fazem a temperatura. Não importa em qual escala, para o nosso corpo o que importa eh que embora os números nas escalas sejam diferentes, o calor que a gente sente eh exatamente igual.
As escalas não fazem a temperatura. Elas apenas a registram.
Assim como as discussões em cima de quem eh o pior não dão solução a problema algum. Muito pelo contrario. Somente o agrava.
Precisávamos de discussões em torno de buscar soluções e não em torno do que gosto e do que não gosto uns nos outros.
O governo Temer é legítimo, embora eu não morra de amores por Ele.
Gostaria de saber em que sentido Euzebio da Silva Tresse. Para mim eh curioso isso, pois, so se torna possível com a distorção do direito. E direito distorcido não da legitimidade nem legalidade a ninguém.
Continuamos no trem desgovernado com o corruto do Temer e de seus vis amigos.
Mas com certeza estamos melhores que o povo embarcado no trem da Venezuela.
Coitados dos Venezuelanos, calados por um exercito de mercenários pago por um ditador!
Cada vez mais fica evidente que Lula e Dilma quiseram impor um regime comunista semelhante no Brasil.
E de ditadura e de comunismo, estou fora.
Estranha essa concepção Tania Gomide! Não conte comigo para apoiar nenhuma ditadura.
Ja em minha percepção, não se trata de ser socialista ou comunista e muito menos capitalista. O que se deveria era exigir democracia, cujo oposto eh o totalitarismo.
Voces costumam confundir as coisas, não sem razão. A propaganda vinculando comunismo e socialismo ao totalitarismo foi uma jogada de marketing (muito bem feita por sinal, no sentido de alcançar o objetivo do marketing, contudo, horrorosamente prejudicial ao bem do povo).
Eh o mesmo que estão fazendo ao PT, Lula e Dilma e petistas de um modo geral. Diga-se de passagem, não sou um deles. Mas me identifico carnalmente com princípios, pois, o que defendo são princípios e não partidos.
Mas o marketing funciona dessa maneira. Não vale os princípios. Vale o que determinadas pessoas chamadas de: no caso comunistas ou socialistas, fizeram ou tiveram a intenção de fazer, e se isso não houve vamos inventar que fizeram. Então, vincula-se o malfeito `a ideologia.
Para que fique claro para você. Supondo-se que exista algum interesse de substituir-se a classe medica por computadores. A quem ira interessar tal medida? Aos médicos, aos pacientes ou aos donos das patentes das maquinas?
Antes de isso ser discutido, irão aproveitar-se que existe alguns charlatães e profissionais verdadeiros e baixa competência. Ou seja, os erros desses iriam ser vinculados `a medicina humana. Essa, no marketing, passaria a ser representada por aquele medico que ao operar um paciente esqueceu-se de tirar a ultima pinça na cavidade abdominal. Ou `aquela receita que deveria ser para um medicamento e foi para outro completamente diferente.
Voce reconheceria essa situação perante ao “Mais Médicos”? E tantos outros levantamentos de falso!?
Nao se trata de ser comunismo, socialismo ou capitalismo. Acredito que voce não deseja que o Brasil seja transformado num Haiti, que eh capitalista. O mesmo se da em relação `a maioria das nações do planeta que, em sendo capitalistas, também não traz o beneficio desejado a seu povo.
O sistema economico que governa um povo não deveria ser a questão. O que deveria ser eh se for democrático ou não. Porque somente a verdadeira democracia representa a vontade do povo. Escolher entre capitalismo ou socialismo eh uma questão de urnas e não de parecer pessoal. O melhor tem que ser para o povo e não para poucos indivíduos.
TRISTES TRÓPICOS
José Carlos Abrão*
Cynara Menezes coloca em destaque no seu artigo “Verdades inconvenientes” (pg.44 Na edição 244 de Caros Amigos (1)), que “Um dos maiores defeitos dos políticos profissionais é a mentira”. Sem entrar no âmago do conjunto de suas provocantes reflexões, destaco aqui que eu acabei ligando-as a algumas referências que aparecem no livro “Tristes Trópicos” (2) do pesquisador francês Claude Levy Strauss e professor e da Universidade de Paris. Strauss, no seu livro expõe reflexões sobre a situação em que estavam os indígenas do Brasil após o domínio dos portugueses e europeus a partir de 1.500 até o momento de sua caminhada, nos anos 50 do século passado, partindo do nordeste paulista, passando por Orlândia, Batatais, Três Lagoas, Aquidauana, Corumbá até Cuiabá.
O resultado das suas caminhadas e pesquisas está colado no título do seu livro TRISTES TRÓPICOS(2). Há uma passagem nas suas exposições em que Levy Strauss coloca em destaque uma breve síntese do resultado.
“Conservei do meu serão com os garimpeiros, nos meus cadernos de apontamentos, um fragmento de balada, baseada num modelo tradicional. Trata-se de um soldado descontente com o rancho que escreve uma reclamação ao seu Cabo; este transmite ao Sargento, e a operação se repete a todos os níveis: Tenente, Capitão, Major, Coronel, General, Imperador. Este último tem apenas a solução de dirigir-se a Jesus, o qual, em lugar de fazer seguir a queixa para o Padre Eterno, manda a todos para o Inferno” (pg.198). E Levy Strauss transcreve a pequena amostra da poesia do Sertão:
“O soldado ao Sargento oferece…
O Sargento que era um homem pertinente
Pegô na pena escreveu pro seu Tenente
O Tenente que era homem muito bão
Pegô na pena escreveu pro Capitão
O Capitão que era homem dos melhor
Pegô na pena escreveu por Major
O Major que era homem como é
Pegô na pena escreveu pro Coroné
O Coroné que era homem sem igual
Pegô na pena escreveu pro General
O General que era homem superior
Pegô na pena escreveu pro Imperador
O Imperador…pegô na pena escreveu pro Jesu Cristo
Jesu Cristo que é filho do Padre Eterno
Pegô na pena e mandô tudos pelo Inferno.”(pg.199).
Ao final da leitura desta amostra da poesia do Sertão eu acabei pegando na pena, ou melhor, na máquina de escrever o que ia me passando na cabeça sobre a situação política e econômica em que estamos passando desde meados do ano passado. Ao que tudo indica, o atual Presidente da República do Brasil demonstrou que nada tem a temer até o final de administração, e ao entregar o cargo ao novo Presidente do Brasil a ser eleito em 2018, irá repetir o mesmo que O Imperador do Brasil aos seus militares, no final da poesia do Sertão: “nos mandar tudos pelo Inferno”… Afinal, o que fazer? Á luta em defesa da democracia…
NOTAS
(1) Revista Caros Amigos, ano XXI, no.243/2017
(2) LÉVI-STRAUSS, Claude; – TRISTES TRÓPICOS; Tradução do Gabinete Literário de Edições 70; Lisboa, 1993; 404 pp.
*José Carlos Abrão (Pedagogo, Mestre e Doutor em Educação-FEUSP-SP; Professor Titular aposentado da UFMS)
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Cpt. c/ L. Boff: O economista Luis Gonzaga Belluzzo, professor aposentado da Unicamp, não tem dúvida de que o Brasil vive atualmente uma situação ditatorial. Segundo ele, um exemplo do autoritarismo exercido pelo governo Temer, que ele classifica como “ilegítimo”, é o fato de as medidas presidenciais irem contra as aspirações da maioria da população, como a recente reforma trabalhista. Em entrevista ao Jornal da Unicamp, Belluzzo fala das “consequências desastrosas” da gestão do peemedebista e critica a postura das classes dominantes brasileiras que promoveram o impeachment da presidente Dilma Rousseff, processo que denominou de “revolta dos enriquecidos e dos candidatos a enriquecidos”.