VANDANA SHIVA é uma das maiores ecologistas do mundo. De origem hindu, era cientista nuclear. Renunciou a tudo e foi unir-se às mulheres que abraçavam as árvores ao pé do Himaláia, ameaçadas de serem derrubadas. Depois ocupou-se especialmente das questões ligadas à água, aos transgênicos e à preservação das sementes crioulas, animando em todos os lugares a criarem casas de sementes. Associou sua luta ecológica à questão da libertação da mulher e é uma das iniciadoras do ecofeminismo ecológico. Ultimamente se tem preocupado com o futuro da vida, seriamente ameaçada não só pelo aquecimento global mas pela voracidade ilimitada do produtivismo e do extrativismo em vista de uma maior acumulação de riquezas a ponto de destruir as bases que sustentam a vida.Estivemos juntos várias vezes e comungamos das mesmas idéias e perspectvas: Lboff
Recentemente Shiva pressionou o tribunal civil internacional de Haia que julgou a Monsanto e a considerou culpada de ecocídio. Ela pediu ao Supremo Tribunal a suspensão da Soja Intacta RR2 da empresa Monsanto, pelos sérios riscos envolvidos,
Vejamos a entrevista dada A reportagem é de Diego Fernández Romeral, publicada por Página/12, 03-07-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas publicada na Revista IHU on line de 4/07/2017
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“Colocam a humanidade no limite”. Para Vandana Shiva, Monsanto é culpada de ecocídio
Eis a entrevista.
Quais são os problemas ambientais mais graves que a humanidade enfrenta atualmente?
O problema mais profundo é a continuidade da visão de mundo mecanicista, que vê a natureza como algo inerte, como matéria-prima a ser explorada, como um depósito para os nossos resíduos. Esta visão de mundo ganhou força com os combustíveis fósseis, e ganhou o mundo através do colonialismo, destruindo as culturas Bhoomi, Pachamama, Gaia, que veem a Terra como um ser vivo, e os seres humanos como parte da terra. Todas as várias expressões da crise ecológica – o caos climático, a erosão da biodiversidade, a extinção de espécies, o desaparecimento e poluição da água, a desertificação, a poluição tóxica – estão relacionadas a este paradigma mecanicista cristalizado.
Quais são as expressões materiais mais perigosas deste paradigma mecanicista?
Como ecologista e ativista, vejo a agricultura industrial como a fonte mais importante de destruição da saúde do planeta e da nossa saúde. Setenta e cinco por cento da destruição do solo, da falta de água, da erosão da biodiversidade relacionam-se com o impacto dos produtos químicos na agricultura. Estes produtos químicos são derivados de combustíveis fósseis e a agricultura industrial é responsável por metade dos gases de efeito estufa que poluem a atmosfera e causam instabilidade climática. Os alimentos desta agricultura também são responsáveis por 75% das doenças crônicas que afetam a humanidade. A pulverização de Roundup na Argentina, na soja Roundup Ready, levou a uma epidemia de câncer. A Monsanto sabia disso desde 1984. No entanto, eles mentiram que o glifosato do Roundup era seguro. Mas temos uma alternativa comprovada na agroecologia de cultivo de alimentos sem venenos. A agricultura livre tornou-se uma alternativa para o ambiente e a saúde. E acredito que está acontecendo uma grande mudança de consciência.
Que possibilidades abrem-se para proibir o cultivo transgênico depois que Haia condenou a Monsanto por crimes contra o meio ambiente?
Acredito que está se tornando inaceitável para as pessoas que empresas que cometem crimes e governos desonestos destruam a terra sem se responsabilizar de forma alguma, violando o princípio de que o poluidor deve pagar. Acho que o mundo está se abrindo para entender o ecocídio como um verdadeiro crime contra a natureza.
Há poucas semanas, depois de visitar a Argentina em 2016, a senhora enviou um documento ao Supremo Tribunal para testemunhar contra a corporação Monsanto. Quais são suas impressões sobre a situação no país?
Na Argentina e na Índia, a Monsanto está atacando as leis de patentes que reconhecem que somos parte da família da Terra, que as plantas e os animais não são invenções humanas e, portanto, não são patenteáveis. A ganância da Monsanto ao cobrar direitos autorais através de patentes sobre sementes está levando-a a atacar nossas leis nacionais e a soberania das sementes.
Que países já proibiram o uso de culturas geneticamente modificadas?
A maior parte da Europa é livre de OGM, a maior parte da Ásia é livre de OGM. Com exceção do algodão transgênico, a Índia não tem nenhum cultivo de alimentos geneticamente modificados. A Monsanto tentou empurrar a berinjela transgênica. Audiências públicas foram organizadas em todo o país e eles pararam. Por dois anos, a Monsanto-Bayer vem tentando empurrar uma mostarda transgênica que conseguimos deter até agora. O Satyagraha (um termo cunhado por Mahatma Gandhi para se referir à “força da verdade”) e a não-cooperação com o Cartel del Veneno são nossas últimas estratégias de organização para ter zonas livres de OGM e venenos.
As mudanças ambientais, sobretudo o aquecimento global, agora ameaçam erradicar a vida no planeta a curto ou médio prazo. Você acha que é possível reverter esta situação?
O mundo não vai acabar com o aquecimento global. O que vão terminar são as condições de vida humana na terra. Cientistas como Stephen Hawking dizem que vamos ser extintos em 100 anos ou devemos fugir para outros planetas. Mas há uma terceira opção, reconhecer que somos terráqueos, membros da família da terra. Podemos rejuvenescer este planeta, nosso lar, através da agroecologia, e criar condições para a continuação da vida humana e de outros seres vivos na Terra. A Agroecologia não é apenas a solução para a epidemia de veneno e de doença. É a solução para a mudança climática, porque através das plantas e da biodiversidade se extrai o excesso de carbono e nitrogênio do ar, que são devolvidos ao solo, como escrevi no livro Soil not Oil. Ficar aqui e cuidar da Terra também nos permite cuidar do nosso futuro. Esta é a nossa melhor opção. É um imperativo ecológico.
Republicou isso em Não ao Golpe2.
No Antigo Testamento eram oferecidos em sacrifício animais, no Novo Testamento Jesus tornou-se o definitivo Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Derramou todo o Seu Sangue para a Salvação da Humanidade! Humanidade, que hoje, em grande número é indiferente ao Cordeiro de Deus e endeusou o dinheiro, objeto de troca por mercadoria! Jesus, Deus e Homem Verdadeiro disse na Santa Ceia : “Fazei isto para celebrar a minha memória!”No último diálogo que teve com os Apóstolos na Galileia, Ele os aguardava com peixes sobre brasas…Jesus se alimentou de carne de animais.
Deus , Criador de tudo, após ter criado o homem e a mulher à sua imagem, os abençoou :”Frutificai, disse Ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a” . “Ficar aqui e cuidar da Terra também nos permite cuidar do nosso futuro.” “O caminho da liberdade é o caminho da obediência.” (Pe. Paulo Ricardo)
Excelente entrevista! Ela me remete a um ponto pouco discutido: nossa relação com os animais. Como falarmos em ecologia ou no reconhecimento de que somos membros da família da terra sem propormos em termos práticos uma quebra do paradigma antropocêntrico?
Leonardo, sou um grande fã e admirador de seu trabalho. Acompanho-o já há anos e faço uma dissertação em teologia na qual o utilizo como uma de minhas principais referências. Entretanto, uma questão sempre me acompanhou. Você discorre brilhantemente sobre o valor da Criação e das outras criaturas, mas sinto falta de que aborde as implicações éticas e práticas desse discurso. Quais os desdobramentos éticos?
É assumido por você (assim como pelo Papa Francisco na Laudato Si’) o valor inerente de cada criatura, e que não são instrumentos a serem utilizados pelo ser humano. Entretanto são mortos 6 milhões de animais por hora no mundo inteiro, 24 horas por dia, 7 dias por semana, o ano todo, de forma ininterrupta, somente para se ter produtos de origem animal na alimentação, e que são dispensáveis.
Você acredita que é possível conciliar uma ética do cuidado com os animais com a realidade infernal de serem assassinados diariamente para atender aos banais interesses de se obter um pedaço de carne no prato?
Já é certo que existem diversas alternativas nutricionais e alimentícias com inclusive maiores possibilidade de saúde, e ainda mais baratas que produtos de origem animal. Há ainda devastadoras repercussões ambientais dessa relação. Mas, para mim, a questão ética é a que mais nos interpela.
Fico agradecido pela atenção, e reafirmo a admiração que tenho pelo senhor.
Abraço fraterno,
Marco Túlio.
Marco Túlio, tenho abordado em vários livros a questão da ética, como O Ethos Mundial, A ética da vida, Ética e Moral, os fundamentos,Como cuidar da Casa Comum: uma ética da Terra. Veja também estes textos. Boa sorte lboff
Republicou isso em Zefacilitador.
Republicou isso em Paulosisinno's Bloge comentado:
Compartilhando este ótimo artigo da página do Leonardo Boff, com a introdução do mesmo: “VANDANA SHIVA é uma das maiores ecologistas do mundo. De origem hindu, era cientista nuclear. Renunciou a tudo e foi unir-se às mulheres que abraçavam as árvores ao pé do Himalaia, ameaçadas de serem derrubadas. Depois ocupou-se especialmente das questões ligadas à água, aos transgênicos e à preservação das sementes crioulas, animando em todos os lugares a criarem casas de sementes. Associou sua luta ecológica à questão da libertação da mulher e é uma das iniciadoras do ecofeminismo ecológico. Ultimamente se tem preocupado com o futuro da vida, seriamente ameaçada não só pelo aquecimento global mas pela voracidade ilimitada do produtivismo e do extrativismo em vista de uma maior acumulação de riquezas a ponto de destruir as bases que sustentam a vida.Estivemos juntos várias vezes e comungamos das mesmas idéias e perspectivas.
Recentemente Shiva pressionou o tribunal civil internacional de Haia que julgou a Monsanto e a considerou culpada de ecocídio. Ela pediu ao Supremo Tribunal a suspensão da Soja Intacta RR2 da empresa Monsanto, pelos sérios riscos envolvidos,
Vejamos a entrevista dada. A reportagem é de Diego Fernández Romeral, publicada por Página/12, 03-07-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas publicada na Revista IHU on line de 4/07/2017”