O dia dos mortos, dois de novembro, é sempre ocasião para pensarmos na morte. Trata-se de um tema existencial. Não se pode falar da morte de uma maneira exterior a nós mesmos, porque todos nós somos acompanhados por esta realidade que, segundo Freud, é a mais difícil de ser digerida pelo aparelho psíquico humano. Especialmente nossa cultura procura afastá-la, o mais possível, do horizonte pois ela nega todo seu projeto assentado sobre a vida material e seu desfrute etsi mors non daretur, como se ela não existisse.
No entando, o sentido que damos à morte é o sentido que nós damos à vida. Se decidimos que a vida se resume entre o nascimento e a morte e esta detém a última palavra, então a morte ganha um sentido, diria, trágico, porque com ela tudo termina no pó cósmico. Mas se interpretarmos a morte como uma invenção da vida, como parte da vida, então não a morte mas a vida constitui a grande interrogação.
Em termos evolutivos, sabemos que, atingido certo grau elevado de complexidade, ela irrompe como um imperativo cósmico, no dizer do prêmio Nobel de biologia Christian de Duve que escreveu uma das mais brilhantes biografias da vida sob o título Poeira Vital (1984). Mas ele mesmo assevera: podemos descrever as condições de seu surgimento, mas não podemos definir o que ela seja.
Na minha percepção, a vida não é nem temporal, nem material, nem espiritual. A vida é simplesmente eterna. Ela se aninha em nós e, passado certo lapso temporal, ela segue seu curso pela eternidade afora. Nós não acabamos na morte. Transformamo-nos pela morte, pois ela representa a porta de ingresso ao mundo que não conhece a morte, onde não há o tempo mas só a eternidade.
Consintam-me testemunhar duas experiências pessoais de morte, bem diversas da visão dramática que a nossa cultura nos legou. Venho da cultura espiritual franciscana. Nos meus quase 30 anos de frade, pude vivenciar a morte como São Francisco a vivenciou.
A primeira experiência era aquela que, como frades, fazíamos toda sexta feira, às 19:30 da noite: “o exercício da boa morte”. Deitava-se na cama com hábito e tudo. Cada um se colocava diante de Deus e fazia um balanço de toda a sua vida, regredindo até onde a memória pudsse alcançar. Colocávamos tudo, à luz de Deus e aí, tranqüilamente, refletíamos sobre o porquê da vida e o porquê dos zigue-sagues deste mundo. No final, alguém recitava em voz alta no corredor o famoso salmo 50 do Miserere no qual o rei Davi suplicava o perdão a Deus de seus pecados. E também se proclamavam as consoladoras palavras da epístola de São João:“Se o teu coração te acusa, saiba que Deus é maior do que o teu coração”.
Éramos, assim, educados para uma entrega total, um encontro face a face com a morte diante de Deus. Era um entregar-se confiante, como quem se sabe na palma da mão de Deus. Depois, íamos alegremente para a recreação, tomar algum refresco, jogar xadres ou simplesmente conversar. Esse exercício tinha como efeito um sentimento de grande libertação. A morte era vista como a irmã que nos abria a porta para a Casa do Pai.
A outra experiência diz respeito ao dia da morte e do sepultamento de algum confrade. Quando morria alguém, fazia-se festa no convento, com recreação à noite com comes e bebes. O mesmo ocorria depois de seu sepultamento. Todos se reuniam e celebravam a passagem, a páscoa e o natal, o vere dies natalis (o verdadeiro dia do nascimento) do falecido. Pensava-se: ele na vida foi, aos poucos, nascendo e nascendo até acabar de nascer em Deus. Por isso havia festa no céu e na terra. Esse rito é sagrado e celebrado em todos os conventos franciscanos.
O frade que deixou esse mundo, entrava na comunhão dos santos, está vivo, não é um ausente, apenas um invisível. Há celebração mais digna da morte do que esta inventada por São Francisco de Assis que chamava a todos os seres de irmãos e irmãs e também a morte de irmã?
A percepção da morte é outra. As pessoas são induzidas a conviver com a morte, não como uma bruxa que vem e arrebata a vida, mas como a irmã que vem abrir a porta para um nível mais alto de vida em Deus.
Cada cultura tem a sua interpretação da morte. Estive há tempos entre os Mapuches, no sul da Patagônia argentina, falando com os lomkos, os sábios da tribo. Eles têm bem outra compreensão da morte. A morte significa passar para o outro lado, para o lado onde estão os anciãos. Não é abandonar a vida, é deixar seu lado visível para entrar no lado invisível e conviver com os anciãos. De lá acompanham as famílias, os entes queridos e outros próximos, iluminando-os. A morte não tem nenhuma dramaticidade. Ela pertence à vida, é o seu outro lado.
Poderíamos passar por várias outras culturas para conhecer-lhes o sentido da vida e da morte. Mas fiquemos no nosso tempo moderno. Há um filósofo que trabalhou positivamente o tema da morte: Martin Heidegger. Em sua analítica existencial afirma que a condição humana, em grau zero, é a de que somos um ser no mundo, este não como lugar geográfico, mas como o conjunto das relações que nos permitem produzir e reproduzir a vida.
A condition humaine é estar no mundo com os outros, cheios de cuidados e abertos para a morte. A morte é vista não como uma tragédia e sim como a derradeira expressão da liberdade humana, enquanto o último ato de entrega. Essa entrega sem resto abre a possibilidade para um mergulho total na realidade e no Ser. É uma espécie de volta ao seio de onde viemos como entes mas que buscam o Ser. E finalmente, ao morrer, somos acolhidos pelo Ser. E aí já não falamos porque não precisamos mais de palavras. É o puro viver pela alegria de viver e de ser no Ser.
Para o homem religioso, este Ser não é outro senão o Supremo Ser, o Deus vivo que nós dá a plenitude da vida.
Leonardo Boff escreveu Vida para além da morte, Vozes 2012.
Muito lindas as palavras do frei Leonardo Boff que soube re-transformar-se e não deixou nunca de escrever seus pensamentos e opiniões de maneira bem racional e expositiva. Eu penso quando durmo e sonho, estou do outro lado da vida. Nosso ser carnal é finito. Mas nossa alma imortal, ocupa seu espaço num outro plano de acordo com suas obras. Valha-me, meu Deus, transcender a todo e qualquer mal. Eu não a temo, mas acho difícil, não impossível esta passagem, mas queira Deus que meu coração passe a ser preenchido pelo amor que liberta e nos traz imensa paz.l
Ai, ai meu querido e admirado Boff, porque és tão perfeito com as palavras?
Concordo plenamente que a morte não é o fim, mas apenas uma volta ao princípio; o que era energia se transforma em matéria até que a natureza entende que chegou a hora da matéria voltar a ser energia. O grande mistério está em descobrir como o universo codifica as diversas matérias, de maneira que mesmo sem raciocinar nem planejar a matéria é formada à semelhança da semente que a produziu. E para que a produziu, afinal de contas de acordo com todas as teorias, viemos do nada, onde não há tempo nem espaço. Discordo da sua palavra “eternidade”, pois queira ou não, eternidade é uma medida de tempo, que apenas não sabemos onde termina. Sobre o “Nada” ou “Deus”, o senhor não poderia nem saberia dizer nada, e se o tentar vai errar sempre.
Gostei demais, achei interessante a prática franciscana. Repassei no face,onde as pessoas mais leem. Um abraço primo.
Date: Fri, 1 Nov 2013 21:57:05 +0000 To: [email protected]
Sempre cheio de sabedoria. Não tem um texto que eu tenha lido desse admirável transmissor de paz, que não tenha me acrescentado algo e me tocado.
com Leonardo e São Francisco sempre há uma linda luz no fim do Túnel
Eu li “Vida para além da morte” em mais uma busca para lidar com a morte de minha filha,Ana Carolina.E a leitura só veio a acrescentar tudo o que eu já vinha pensando sobre essa passagem tão doída para os que ficam.Daí venho sempre acompanhando seus escritos ,em geral,e a eles juntei mais outros que me ajudam a saber que não é o final,mas uma continuação na eternidade.Não tenho medo da morte e penso nela todos os dias.Não de uma maneira mórbida, mas sabendo que ela está aqui,ao nosso lado, é nossa irmã,como diz São Francisco.Sei que é o vere dies natalis, que é quando tudo se aclara e face a face com o nosso Abba nos sentimos em sua palma,acolhidos e em paz.
Entre o lúdico viver sempre recomeçando e o realista sempre acabando, há um interlúdio ora frenético, ora deplorável. E quem não enxerga está bem melhor que quem enxerga com dois olhos, e para existir igualdade, liberdade e fraternidade, a convivência “natural” da espécie humana aconselha furar um dos olhos; uma bondade para não sofrer com os paradoxos do Criador, ou seja, se o problema são as escolhas…”A interrogação da vida”!
Obrigado!
Na lápide do jazigo de meus pais, escrevi a pedido da minha esposa um verso de Vinícius do Poema de Natal: da morte, renascemos eternamente. Fiz na certeza de que isto era significante. Ao longo dos anos sempre repeti a frase e buscava o seu sentido mais fundo. O sr. deu-me ele. Compreendi; senti até o fundo da alma. Estou feliz (com lágrimas, é claro), mas grato pela luz confortadora destas palavras. Paz e Bem.
Obrigada por compartilhar tão sábias palavras…o privilégio é meu
“Cuidarmos” da vida,aprofundarmo-nos em conhecê-la para que que possamos entender a passagem que virá. Seu texto é belo, eu diria, resolutivo: resolve a morte na vida.Abs.Isabel
A vida e a morte.
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A morte nos mata todos os dias, todas as horas, minutos e segundos. Mas, ao morrermos no segundo anterior renascemos naquele que se segue. Deixar a existência é outra coisa. Podemos deixar de existir mesmo estando no mundo, quando negamos tudo e nós afundamos na vontade de morrer. Há que abandone o plano da existência visível e sensível, fazendo um tanto melhor a vida dos que ficaram, acrescentando sua vida à vida que se renova. Eis aqui, na minha compreensão, a vida eterna, no sentido de vida capaz de gerar vida, de vida que se renova. A morte não leva aquilo que fica. E o que deixaremos afinal?
Deus lhe abençoe.
Palavras bem completas. Elevam o fugaz vapor existencial que nos reveste! Vida além da morte!
Lindo texto Frei Leonardo!!!!!Para um dia em que todos comemoram com tristeza !!!!Eu estou preparada todos os dias para morrer, pois sei que não existe tempo nem lugar para esta passagem!!!!Cada segundo da vida é uma surpresa !!!!!
Nada fácil falar sobre a morte. Até porque vivemos nessa espécie de vida, a que nos fora destinada, com tantos seres humanos diferentes, com escolhas variadas. E conviver com essas diferenças em aprendizado, não está sendo fácil nos dias de hoje.
Como o seu texto muito bem diz, são várias as formas de cultura para interpretá-la. À medida que vamos vivendo, experienciando a morte dos nossos entes queridos, a nossa compreensão vai aclarando. De início, com muita dificuldade, a dificuldade da dor da separação que não pode jamais ser medida. E vai acontecendo,acontecendo e é preciso parar e buscar o entendimento parcial da morte, que é outra forma de vida.
Já morri de medo, já me desesperei no silêncio de mim mesma ao pensar na possibilidade de ir. Hoje, mais não. Outro entendimento, graças a Deus. É o livre curso de uma realidade que, com a idade, se descortina diante de nós.
A morte é mais uma etapa, é um outro estágio, outra dimensão, em outro corpo, não mais material. Chamamos de mortos, porque vivemos o lado de cá, nessa forma de vida, mas… é a vida eterna, não, sim? A transição é meramente corpórea. Saímos da massa pesada, densa para uma mais sutil.
Qual vida viveremos???? Eis a interrogação. Presumo eu, que a vida que temos aqui, é a vida que iremos computar lá… até porque, aqui, não é para para evoluir? Se não evoluírmos, estágios outros teremos, possivelmente a crescer. Por isso não somo iguais.O percurso é individual e intrasferível!!! Estágios além – terra.
Um livro que muito me chama atenção é O livro Tibetano dos Mortos (Estudos introdutórios de C.G.Ying,Lama Anagarika Govinda,Sir John Woodroffe e W.Y Evans-Wentz) da Editora Pensamento. Esse é um dos livros que é para ser lido e relido, relido até esgotar a compreensão, junto com outros. Jesus está aqui também, na suprema compreensão espiritualizada da vida, não importa a crença, sempre encontraremos Jesus nos ensinamentos, mesmo que os ensinamentos sejam anteriores a ele. Jesus é claro como água quando diz: “Meu reino não é desse mundo” ” A casa de meu pai tem muitas moradas” …
E ninguém entendeu. E ainda estamos entendendo, e ainda a humanidade não acredita e continua sofrendo, padecendo na cruz …ainda não saiu da cruz…
Tive o prazer de conhecer Leonardo Boff no seminário Diocesano de Chapecó, com Dom José Gomes, esse em memória. Homens de Deus. Falando seus pensamentos, suas opiniões e com suas falas transformando a sociedade. Leonardo!! Fale a os vivos que separem o joio do trigo, para quando morrer vivam na eternidade. Como esta vivo em nós DOM JOSÈ GOMES.
É meu caro Frade, aprendi muito com teu livros. E aprendi a pensar na morte todos os dias. Cada segundo da vida me é muito precioso deste encontro porque penso desde garoto: não quero ir por lado de lá com as mãos vazias. Ou melhor, com a patena da vida vazia do melhor bem que eu pudesse lhe devolver. Então um dia encontrei um aleijado das mãos. Olhei das mãos dele para as minhas e pensei: eu sou pintor, e se eu perder a minha mão? Me veio a consciência da vulnerabilidade e do dever: devo pintar até o último dos meus dias. Ou até quando Deus me permitir…
Aprendi de D, Luciano Mendes de Almeida que a maior prova da existência de Deus é nossa alegria. Se me dá muita alegria e realização então é o bem maior do qual me despojarei numa entrega absoluta para Deus.Mas se Deus se realiza na minha alegria, então devo na minha alegria buscar Deus e com Deus nela me realizar.
Há martírios na vida, ou pela vida de diferentes formas. Num belo romance de Cronin, “Mais forte que o amor” o autor escreve a reflexão de um personagem: “Que era a beleza, no fim de tudo, para que homens se martirizassem à sua procura, morressem por ela como os santos de outrora?” É de um pastor anglicano, pai de um pintor que deixou de ser pastor, a vontade do pai, para ser pintor, bem no começo do século XX. Época de muitas revoluções estéticas. como São francisco deixou o sonho da nobreza pela dama pobreza. O pai não compreendia muito em o filho que arriscou toda a vida nesta aventura. e só depois de morto teve reconhecimento.O filho foi primeiro que o pai e levou uma vida miserável.Como Van Gogh.E em Amadeu Modigliani, encontrei um sentido, para minha busca que passou pelo convento do Sagrado em Petrópolis, “O seu dever é não se consumir jamais no sacrifício. O seu dever é salvar seu sonho. A beleza tem seus direitos dolorosos: cria, porém os mais belos esforços da alma.” Muitas vezes questionei esta insaciável fome de beleza diante da fome de pão, mais que a minha, a dos outros. E me encontrei em uma estética da feiura, na face do “Servo sofredor”. Encontrar o belo no feio que é como encontrar a ressurreição na morte. Ou o lírio no pântano.
Um dia, numa igreja durante a missa, um mendigo me apontou a cena da vida sacra da morte do Cristo na cruz e me disse: “Te respeita, isto é a coisa mais linda que existe”. Estas palavras me ficaram meio enigmáticas. Só sei que de la pra cá, reforcei meu compromisso com a cruz na arte e produzo, procurando esta beleza da cruz: esta ressurreição que a gente só encontra … encarando a morte!!!!Parafraseando Drummond: “Tinha um mendigo no meio do caminho, no meio do caminho tinha um mendigo”, nunca me esquecerei do que me disse o mendigo… da cruz!Que Deus nos abençoe e dirija os nosso passos até o último dia. Amém!!!
Prezado Leonardo Boff,
Primeiramente gostaria de dizer que sempre fui um seu admirador, lendo seus livros nos últimos 40 anos
No entanto, ao falar da transfiguração na morte, não fala sobre o que as Escrituras dizem sobre o assunto e o que foi revelado por Jesus e seus discípulos, valorizando mais o que algumas culturas dizem sobre o assunto, e que no meu entender, é só cultura e não revelação da verdade.
Neste sentido e para te ajudar e a seus leitores, sugiro que leia o texto do Rev. Nicodemus, que tomo a ousadia de copiar e colocar abaixo.
Um grande abraço,
Apeles
ONDE ESTÃO OS FINADOS?
2 de Novembro é “dia de finados” no Brasil. Boa oportunidade para se fazer a pergunta acima. Eu sei que a resposta óbvia é “enterrados no cemitério”, mas eu me refiro à alma dos finados. A resposta bíblica pode ser resumida em alguns pontos, que não pretendem ser exaustivos, mas que representam o pensamento evangélico histórico e reformado sobre o que acontece após a morte.
1 – Imediatamente após a morte, as almas dos homens voltam a Deus. Seus corpos permanecem na terra, onde são destruídos.
2 – As almas dos finados não caem em um estado de sono ou de inconsciência após a morte.
3 – As almas dos salvos em Cristo Jesus entram em um estado de perfeita santidade e alegria, na presença de Deus, e reinam com Cristo, enquanto aguardam a ressurreição de seus corpos.
4 – Esta felicidade não é impedida pela memória de suas vidas na terra, uma vez que agora eles consideram tudo à luz de perfeita vontade de Deus e do Seu plano perfeito.
5 – Sua felicidade e salvação é somente pela graça de Deus.
Eles não têm poder de interceder pelos vivos ou tornar-se mediadores entre eles e Deus.
6 – As almas dos perdidos não são destruídas após a morte, mas entram em um estado de sofrimento consciente e de escuridão, tirados da presença de Deus, enquanto esperam o dia do julgamento.
7 – Não há outros estados além destes dois após a morte. Não há qualquer base bíblica para a doutrina do purgatório e nem da reencarnação.
8 – Nem as almas dos salvos nem as dos perdidos podem voltar para a terra dos vivos após a morte. Todas os fenômenos considerados como a ação de almas desencarnadas deve ser atribuída à imaginação humana ou à ação de demônios.
A realidade da morte e da sobrevivência da alma deveria nos lembrar sempre das palavras de Jesus: “De que adiante ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”
APELES, CREIO QUE APELAS A UNICO LIVRO, O DA TUA CRENÇA,PARA COMPREENDER O SENTIDO DA MORTE.SUGIRO, COM HUMILDADE, PROCURES OUTRAS COMPREENSÖES, PORQUE FICAS A DEVER QUANTO AO ENTENDIMENTO DA JUSTIÇA E BONDADE INFINITA DE DEUS.
PAZ E BEM
CAUBI IRAM
Sr. Lisboa,
O Sr, está totalmente equivocado, esta é apenas a sua opinião.
Como bem disse Santo Agostinho.
“Não existe verdade em coisas que divergem”.
Eu tenho certeza que não existirá julgamento final, acredito na reencarnação,
e Nicodemus é um dos exemplos citados por Cristo.
A Bíblia é também manipulada pela Igreja, só a Católica tem 21 traduções.
Ler seu texto, faz refletir e sentir menos dor pelos nossos antepassados. Amei ler.
irmao da terra , sempre pensei que fosse meu modo de perceber uma real loucura , depois que comecei a ler a respeito vejo que posso não estar louco ,pelo fato de não conc3ber na mente o sentido de morte , morte so do corpo desde a tenra idade me sentia algo dentro de uma casca e tinha a impressão que poderia desvencilhar-me desta casca . Queria se for possível que me enviasse uma resposta para minha dúvida , que pudesse eu entender porque não consigo aceitar que me extinguo na morte , mesmo nao tendo conhecimento acadêmico e nem estudo oara tal indagação, tudo que penso sempre passa pela imagem que minha consciência continuará em algum lugar , não porque eu quero mas porque é o que acontece . Espero que haja algo que me tire deste confuso perceber . Obrigado somente por ler.
Anisio
A morte é sempre um enigma desafiador. Mas ela pertence a vida. Todos os seres do universo, tambem o Sol e a Terra, um dia morrem. E nós desde que nascemos vamos morrendo em prestações, cada dia um pouco até acabar de morrer. Mas dentro de nós há uma outra dimensão, a espiritual. Ela começa nascendo pequena e fraca( não fala, não pensa, mal se comunica), vai se fortalecendo (sentindo, pensando, aprendendo,amando), cresce mais e mais, nasce cada dia com mais vigor até acabar de nascer. É o espirito em nós. Ao se desfazer o ninho no qual se abrigava ele se libera totalmente, carrega todas as experiências que fez nese mundo e cai nos braços de Deus que é Pai e Mãe de infinita bondade que o estava esperando desde sempre e o introduz em sua casa eterna.
Se puder leia meu livro Vida para além da morte ou A nosa ressurreição na morte, ambos pela Editora Vozes, onde aprofundo estas questões.
Que o Espirito o ilumine e tranquilize
lboff
A leitura de seu livro “Vida para além da morte”, 15 anos atrás, foi um golpe mortal em meu ceticismo vazio. Sempre senti intuitivamente algo como o Anísio, embora vivesse num ambiente familiar e social francamente ateu e eu combatesse esse sentimento irracional com formulações intelectuais tiradas do agnosticismo científico e de leituras superficiais de Freud e Marx. Seu livro “colou” em minhas intuições e lhes deu uma forma que me permitiu meditar com muito mais consistência sobre esse tema, além de me reaproximar do cristianismo. Continuo distante da fé, mas ainda guardo no fundo do coração essa intuiçãozinha misteriosa que vem me acompanhando ao longo da vida. A razão continua a não aceitar, mas consegui um acordo com ela a partir da formulação de Jung: Se não é verdade, pelo menos alivia a angústia. (Mas é verdade!) Desejo-lhe muitos anos entre os vivos, mestre.
Luiz Eugenio, continue sua busca. Saiba que Deus está perto de quem é verdadeiro,sincero,amante da justiça e da compaixão pelos que sofrem. Fora destes valores Deus não pode ser encontrado. Quem os vive, está a caminho do encontro com Ele, o Pai e Mãe de infinita bondade e compaixão. lboff
Não há nada antes de nascer e nem depois de morrer. Que esse resto da vida precisa ser maquiado, não há dúvidas, conhecemos muito bem ao que nos leva avançar além de nossa capacidade de entendimento: a angústia original e imune às racionalizações. Há muita diferença entre contradição e paradoxo; assim se pode dizer, que o humano é contraditório quando precisa de maquiagem para viver, e paradoxal quando precisa de Deus para viver. Sabemos que se não existisse o humano não haveria Deus, e o que parece uma profanação, é a verdade e imaculada. Sigam a reflexão e não precisem de Deus como se fosse maquiagem.
A morte! Esta velha amiga da existencia é sempre motivo para novas e frutiferas indagações!
Fascinantes colocações de Leonardo Boff. Pena que a morte tem vindo de forma sorrateira e violenta em nosso tempo. Pena que tantos jovens têm esse encontro com a morte de qualquer jeito, sem tempo para se entregar nas mãos do Criador. Resta-nos a esperança de que Deus Pai com coração de Mãe os acolha, independente de julgamentos, A violência nas mais variadas faces tem nos feito temer a morte… Mas por outro lado, talvez aproveitemos esses dias turvos para valorizar mais a vida.
Obrigado por compartilhar um pouco sobre a pratica franciscana =)
Minha reverência e respeito por esse doutor das letras. Admiro muito a sua coragem e coerência daquilo que tem convicção, com seriedade e paixão. Como teólogo protestante, li e reli todos os seus livros, aprendi muito. Apenas temos algumas diferenças no trato da hermenêutica e da hexegese das Sagradas Escrituras.
Lendo seu texto e comentários sobre Heidegger, me fez lembrar de um poeta que ele gostava muito, Hilke:
“Senhor, dê a cada um sua própria morte, a morte que suge da vida em que cada um amou, compreendeu e quis. Pois somos apenas casca e folha. A grande morte que cada um traz dentro de si é o fruto que concentra o girar de tudo”
Abraços,
Grandioso Boff, obrigado por nos ensinar que a libertação mais concreta do ser humano, é libertar-se de si mesmo. Precisamos começar a fazer esse processo libertário, no aqui e agora. Obrigado, viva nossa morte, “ops”, pseuda morte, vivamos, vivamos, vivamos. Abraço.
Paz e Bem! Perdi minha vó, a pouco mais de dois meses, ela era verdadeiramente uma mãe para mim, embora também tenha sido criada por minha mãe também! Tem sido bastante dolorosa a sua ausência, ela era muito especial! Ler esse artigo foi de um conforto ímpar. Obrigada, Deus o abençoe Irmã Priscila, Fnsbc
Enviado pelo meu Windows Phone ________________________________
Quando leio seus textos sinto: PAZ!
Obrigada pelo texto mestre Boff. A morte é irmã sim, necessária para a continuidade da vida. E de um ponto de vista psicanalítico, se não fosse a morte o que seriamos nós? Carregamos em nosso intimo o que herdamos de nossos antepassados, dos que já se foram. Se os trazemos de uma forma boa, sermos produtivos para o OUTRO. Não nos deixamos destruir pela dor, muitas vezes raivas com que vivemos nossas perdas. Esta mudança de estágio, atraves da fé, chegamos mais perto de DEUS. VIVA!!!q
L. Boff, senti paz na leitura do seu texto. Orei e consultei a Palavra, para escrever aqui :
Isaías, 26:
12. Senhor, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras.
19. Os teus mortos viverão, os teus mortos ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas e a terra lançará de si os mortos.
Isaías 27:
E será naquele dia que o Senhor padejará o seu fruto desde as correntes do rio, até ao rio do Egito; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos um a um.
13. E será naquele dia que se tocará uma grande trombeta, e os que andavam perdidos pela terra da Assíria, e os que foram desterrados para a terra do Egito tornarão a vir, e adorarão ao Senhor no monte santo em Jerusalém.
Republicou isso em Pib Partido IndÍgena Brasileiro.
Sempre admirei nosso grande amigo Leonardo Boff , franciscano autentico de vida e verdade … Esta reflexão sobre “A transfiguração na morte” é maravilhosa com conteúdo profundo, esse assunto me encanta e me leva cada vez mais a sentir a morte como uma libertação do que é passageiro para um estado do “ser” transfigurado,iluminado, transparente, eterno em Deus. Ao pensar na irmã morte serena, tranquila, calma em paz minha alma se eleva a um estado de perfeita alegria e felicidade. É lindo demais…
Gostaria que o nosso Santo Padre reformasse as letras da AVE MAIA, quando fala no rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossas morte”…..Gostaria de ver escrito: ” Rogai por nós, pecadores, agora e por toda a minha vida” porque pensar na morte aterroriza muito a certas pessoas de fé abalada, tanto que podem entrar em depressão.
entao nesse caso vamos consultar as escrituras. eclesiastes 9:10 salomao inspirdo por Deus estaria errado ao dizer a respeito da morte:
Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.
Eclesiastes 9:10
É interessante notar que a palavra cemiterio deriva do grego “KOIMETERION” significa local de repouso, dormitório”, de KOIMAO, “ponho para dormir”. Se todo mundo que morresse continuasse vivo em outro lugar nao faria sentindo jesus o salvador trazer a pessoa de volta. pois só quem ta morto pode voltar a viver. JOAO 5:28,29. O propio Jesus fez isso quando lazaro morreu. ele disse: Joao 11:11 diz: Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono. versiculo 14 ele diz: Lazaro ESTA MORTO. Somente no futuro é que Jesus vai julgar a pessoa e tera seu destino de acordo com o que fez. apocalipse 22:12 E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.