Rose Maria Muraro é uma das mulheres intelectuais mais agudas do Brasil. Foi quem introduziu no final dos anos 60 a questão feminina, trazendo para o Brasil, a despeito da repressão militar, Betty Friedam, a conhecida feminista norte-americana. Editou mais de mil livros e é autora de muitos deles, especialmente, dedicados à alta tecnologia e as transformações culturais introduzidas na história. Por problemas de saúde não podendo participar de uma mesa redonda com Vandana Shiva na Rio+20, enviou para ser lida esta comunicação importante que aqui reproduzimos
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No meu mais recente livro Reinventando o Capital/Dinheiro (Vozes), tentei mostrar uma visão completamente nova da economia e explicar o atual paradigma que nem a economia liberal e nem o marxismo conseguiram fazê-lo. Meu artigo foi traduzido para a Ethical Market Rewiw sob o titulo Sustenable Money com introdução de Hazel Henderson já tendo sido acessado por um milhão de pessoas.
Para entender um artigo de catorze paginas em duas quero apenas dizer que rejeitei os modelos econômicos vigentes como estão fazendo todos os povos. Usei três tipos de paradigmas inventados por Hazel Henderson: O ganha-ganha em que a economia leva em consideração o ser humano total. O dinheiro sendo apenas medida de escambo não gerava juros. Isso durou praticamente por milhares de anos e constituiu o primeiro paradigma da economia humana.
Logo a seguir temos o segundo paradigma que é o ganha-perde em que o dinheiro gera juros e com isto a desigualdade e violência. Ele abrange dez mil anos incluindo o período agrário dos grandes Impérios e os 350 anos do período industrial. Ambos têm as mesmas características, são destrutivos e crescem de maneira exponencial porque a tecnologia vai se desenvolvendo de maneira também exponencial, o que faz com que o tempo seja menor e o conteúdo da civilização cada vez mais intenso. Isso vai até o século XXI, instaurando logo no inicio o terceiro paradigma que será novamente o ganha-ganha, caso a tecnologia continue se desenvolvendo a velocidade da luz como os computadores e redes sociais, e não mais trate de mercadorias como no segundo paradigma, mas sim do intangível que é o conhecimento e a informação a tempo real gratuitamente.
E para que existam faz-se obrigatório que o mundo adote outra vez uma tecnologia ganha-ganha, mas de maneira infinitamente superior ao ganha-ganha da Pré História. Isso é o que querem todos os povos que estão na rua reclamando por democracia e dando um basta ao autoritarismo e à violência do segundo paradigma.
Este artigo trata especificamente do terceiro paradigma mostrando que, caso ele venha a dominar o mundo como desejam todos os povos é preciso que o dinheiro mude de natureza e não gere mais juros nem desigualdade. A nova tecnologia é como a luz de um fósforo que caso se mantenha sem comunicação morre. E só se comunica quando atinge a todos os intangíveis.
E é isso que queremos mostrar, pois vimos na Rio+20 que todos desejam a mesma coisa, democracia, dinheiro que não gera juros, governança mundial, moedas alternativas locais e moeda alternativa internacional, destruindo todos as categorias do segundo paradigma. Já há um grande trabalho que vem neste sentido cada vez mais rapidamente como podemos ver nesta grande reunião da Rio+20, a mais importante do século XXI pelo menos até hoje. Se não conseguirmos chegar ao novo paradigma ganha-ganha, seremos obrigados a engolir o violentíssimo paradigma perde-perde do qual nenhum de nós escapará.
Peço perdão de não poder ler pessoalmente meu trabalho, mas ele pode ser encontrado no Google pelos nomes em inglês “Sustenable Money” ou em português “Dinheiro Sustentável”, onde está tudo explicado com maiores detalhes. Este trabalho não me pertence, mas pertence a todos.
Com muito entusiasmo pela possibilidade de ver a destruição ambiental ser revertida, faço aqui a minha parte e espero a compreensão de todos.
Rose Marie Muraro
ICRM – Instituto Cultural Rose Marie Muraro
[email protected] tel: 21-2509-7440
UM OUTRO CAPITAL/ DINHEIRO de Rose Marie Muraro é um excelente esforço da autora para nos tirar do sufoco mundial da economia.
Gostaria de fazer uma observação:
Se o novo dinheiro da Rose Marie Muraro estiver ancorado no trabalho e na Mais-Valia, esta perspectiva irá por água abaixo. O dinheiro é uma representação da produção, da mercadoria, provindo do trabalho humano.
A Revolução Eletrônica eliminou com o trabalho e, portanto, com a mais-valia da antiga Revolução Industrial (a mais-valia relativa).
“Chegará um dia em que os próprios proprietários abandonarão os seus próprios patrimônios, pois estes não lhes darão mais nenhum lucro”( vide My virtual book: THE NEW ADDRESS OF IDEAS – The Rescue of Utopia”.
A tecnologia, como Rose nos fala, não ficará nas mãos de uns poucos. Esta terceira revolução industrial ( A revolução dos CHIPS), veio para excluir não só os empregados, como os patrões, também. Porque a produção chegará ao valor zero com a velocidade da microeletrônica. E o dinheiro, como sua representação (da mercadoria, da produção), chegará ao valor zero. Haverá muita produção sem que ninguém possa comprar, porque não teremos mais empregos e o consumo cairá quase a zero. Haverá períodos de saques e anarquia social.
odeciomendesrocha philosopher
AINDA SOBRE O DINHEIRO SUSTENTÁVEL de Rose Marie Muraro.
Se este dinheiro sustentável que Rose Muraro articula estiver ancorado no trabalho, na produção e na mercadoria, então seu projeto irá por água abaixo.
Os juros não são os vilões da concentração de renda; mas, sim, o trabalho excedente.
A revolução eletrônica informatizada extinguiu com o trabalho, o valor da produção e da mercadoria. Expulsou os trabalhadores e os patrões.
A tecnologia não ficará na mão de poucos, como afirma a autora; pelo contrário, ficará nas mãos de todos os cidadãos.
A América Latina, com sua tecnologia atrasada em relação aos países centrais, ficou isenta da catástrofe do primeiro mundo. Mas em alguns anos, seguirá pela mesma lógica e a hecatombe virá com mais força.
odeciomendesrocha philosopher
Simplesmente inteligente como sempre.
A crise do dinheiro é a crise da trabalho abstrato (Robert Kurz).
O fim do dinheiro será o fim do trabalho abstrato, diremos nós.
A microeletrônica informatizada extinguiu com a Mais-Valia, o valor da produção e seu representante – o dinheiro.
O dinheiro perderá o seu valor à medida que não tenha mais correspondência com a produção real.
odeciomendesrocha philosopher
Onde está meus dois comentários, seus ditadores.
odeciomendesrocha philosopher
Brasileiro e Católico.