Hoje o tema de Deus está em alta. Alguns em nome da ciência pretendem negar sua existência como o biólogo Richard Dawkins com seu livro Deus, um delírio (São Paulo 2007). Outros como o Diretor do Projeto Genoma, Francis Collins com o sugestivo título A linguagem de Deus (São Paulo 2007) apresentam as boas razões da fé em sua existência. E há outros no mercado como os de C.Hitchens e S.Harris.
No meu modo de ver, todos estes questionamentos laboram num equívoco epistemológico de base que é o de quererem plantar Deus e a religião no âmbito da razão.
O lugar natural da religião não está na razão, mas na emoção profunda, no sentimento oceânico, naquela esfera onde emergem os valores e as utopias. Bem dizia Blaise Pascal, no começo da modernidade: “é o coração que sente Deus, não a razão” (Pensées frag. 277). Crer em Deus não é pensar Deus, mas sentir Deus a partir da totalidade do ser.
Rubem Alves em seu Enigma da Religião (1975) diz com acerto: “A intenção da religião não é explicar o mundo. Ela nasce, justamente, do protesto contra este mundo descrito e explicado pela ciência. A religião, ao contrário, é a voz de uma consciência que não pode encontrar descanso no mundo tal qual ele é, e que tem como seu projeto transcendê-lo”.
O que transcende este mundo em direção a um maior e melhor é a utopia, a fantasia e o desejo. Estas realidades que foram postas de lado pelo saber científico voltaram a ganhar crédito e foram resgatadas pelo pensamento mais radical inclusive de cunho marxista como em Ernst Bloch e Lucien Goldman. O que subjaz a este processo é a consciência de que pertence também ao real o potencial, o virtual, aquilo que ainda não é, mas pode ser. Por isso, a utopia não se opõe à realidade. É expressão de sua dimensão potencial latente.
A religião e a fé em Deus vivem desse ideal e desta utopia. Por isso, onde há religião há sempre esperança, projeção de futuro, promessa de salvação e de vida sem fim. Elas são inalcançáveis pela simples razão técnico-científica que é uma razão encurtada porque se limita aos dados sempre limitados. Quando se restringe apenas a essa modalidade, se transforma numa razão míope como se nota em Dawkins. Se o real inclui o potencial, então com mais razão o ser humano, cheio de ilimitadas potencialidades. Ele, na verdade, é um ser utópico. Nunca está pronto, mas sempre em gênese, construindo sua existência a partir de seus ideais, utopias e sonhos. Em nome deles mostrou o melhor de si mesmo.
É deste transfundo que podemos recolocar o problema de Deus de forma sensata. A palavra-chave é abertura. O ser humano mostra três aberturas fundamentais: ao mundo transformando-o, ao outro se comunicando, ao Todo, captando seu caráter infinito, quer dizer, sem limites.
Sua condition humaine o faz sentir-se portador de um desejo infinito e de utopias últimas. Seu drama reside no fato de que não encontra no mundo real nenhum objeto que lhe seja adequado. Quer o infinito e só encontra finitos. Surge então uma angústia que nenhum psicanalista pode curar. É daqui que emerge o tema Deus. Deus é o nome, entre tantos, que damos para o obscuro objeto de nosso desejo, aquele sempre maior que está para além de qualquer horizonte.
Este caminho pode, quem sabe, nos levar à experiência do cor inquietum de Santo Agostinho: “meu coração inquieto não descansará enquanto não repousar em ti”.
Irmão Boff, obrigado pelas suas palavras. Elas sempre me reconduzem o olhar para a dimensao-aguia quando estou preso na dimensao-galinha. Paz e Bem.
É certo, Deus é a energia utópica, de tudo antes, agora é depois, ele é o infinito no tempo, no espaço, na qualidade e intensidade do bem!
Meu caro não seria esse sentir apenas superstição? Não nos sentimos mais livres em entender que estamos aqui por acaso? E que a natureza fez tudo que necessitamos, e que somos agradecidos por tudo. Não estaria Deus aí, justamente nesse contemplar, nesse agradecimento descomunal? Essas perguntas faço no campo filosófico, pois respeito a fé de qualquer um. Obrigado.
Isso mesmo. Há necessidades humanas que a razão só não supre. E por isto existe a arte, a música e igualmente a religião. Parafraseando Ferreira Gullar: A religião existe porque a vida não basta.
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Realmente, Leonardo, em princípio você tem toda razão. Porém, desde 1973, quando o cosmólogo Brandon Carter discorreu seu “paper” sobre o denominado “Princípio Antrópico” numa reunião científica na Polônia onde exatamente se comemorava os 500 anos de Nicolau Copérnico, o pai do heliocetrismo, que a ciência moderna, pela primeira vez, se alinhou ao lado de Deus. Não propriamente provando Sua existência, porém, evidenciando fatos inconstestáveis que, se não comprovam, pelo menos, dão margem a discussões que prosseguem, mesmo em nossos dias, inclusive, algumas vezes, sob o patrocínio da própria Igreja Católica e que nem os mais proeminentes cientistas até hoje não conseguiram contestar completamente.
Resumindo, o PA afirma que o nosso universo parece ter sido ajustado ou regulado desde os seus primódios (e mesmo desde antes) para produzir, em última instância, a vida e a consciência que o observa, ou seja, o homem; daí o termo Princípio Antrópico de “antropos”, do grego, homem.
Em outras palavras, se as constantes fundamentais que regulam o universo, tais como, a força da gravidade, as forças nucleares forte e fraca, o eleltomagnetismo, etc. forem minimamente modificadas, o universo não funciona: as estrelas se queimam rapidamente ou não se acendem, o carbono e outros elementos não são produzidos, etc, etc.
A única saída encontrada até hoje pelos cientistas materialistas é imaginar que existem bilhões de universos (tem que ser bilhões) além do nosso para que o nosso se torne novamente um feliz acaso. Só que isso não passa de pura especulação matemática de mentes brilhantes, é verdade, mas que podem estar muito longe da realidade. Afinal, não conhecemos nem 10% do nosso universo e nem sabemos se ele é infinito, quanto mais, imaginar bilhões de outros universos – o multiverso. Então, Deus tem sido objeto de debates entre os cientistas e debates bem acirrados e, esta defesa dos cientistas ateus ficou conhecida como Princípio Antrópico Fraco.
Se juntarmos o PA Forte a todas evidências que já possuimos relativas ao campo da chamada paranormalidade, toda a fenomenalogia, incluindo livros de outros cientistas sobre experiências no limiar da morte e ainda, sobre a possibilidade de vidas passadas relatadas sob hipnose, provando com tudo isso a sobrevivência da psique, podemos afirmar sem hesitação que, hoje em dia, mesmo para um cientista, é muito mais difícil ser um ateu convicto do que no recente passado da nosssa juventude.
Como crente na existência de Deus e na condição de que Ele nos criou como seres racionais (pelo menos com potencial para sermos racionais, muito embora a maioria aja como irracionais) acredito que em todos os aspectos da nossa vida é Seu desejo que nos utilizemos dessa característica evolutiva, caso contrário, estaríamos subutilizando a razão, Seu presente. Portanto, concordo com o colega Alexandre Visconti e acredito que até mesmo na religião devemos utilizar nossa razão, e não apenas na emoção e no sentir. O que pensaria Ele se deixássemos de usar o Seu mais precioso presente justamente para refletirmos sob um assunto tão importante que é a religião?
Minha angústia, reside no fato de que com minha angústia e apesar dela, não posso provar a existência de Deus. Então, se não posso provar que Deus existe, não posso negá-Lo, ou seja, também não posso provar que não existe Deus. Daí, minha posição de agnóstico. E com isto, me volto, ao que imagino que seja a expressão máxima do Amor de Deus, pela criação, caso realmente Deus exista: a promoção da Consciência Ecológica e da Justiça Social. Admiro os assim chamados religiosos, não pelo que expressam de religiosidade, mas, sim pelo que demonstram contemplar quanto a esses aspectos da humana existência. Justamente por isto, grande pajé (se me permite) Leonardo Boff, sou seu fã…
Lindo!
Minha consciência “não pode encontrar descanso no mundo tal qual ele é, e tem como seu projeto transcendê-lo” Sinto/Intuo, no cerne do meu seu, a conexão profunda entre tudo o que existe e o anseio por dissolver-me “oceanicamente”.
Mas jamais me refiro a esse sentimento como crença em “Deus”, palavra extremamente poluída pelos moralismos e manipulações perversas das diversas igrejas, que imediatamente me divide em conflito ao invés de me unificar.
Por essa razão, me declaro sempre, publicamente, ateu, preservando sempre vivo no meu íntimo a intuição do divinamente incompreensível e inominável.
Há momentos que necessitamos de contemplação, após a leitura do seu texto foi o que fiz…Parabéns!
O “diabo” é que quanto mais alguns tentam provar a inexistência de Deus, mais ele se faz presente!
Abraços e Feliz natal.
Pena que o sr. parou no tempo e não conhece toda a obra do Richard Dawkins.
O sr. Boff esqueceu de estudar em Dawkins sobre os males e as enganações que a religião provoca sobre a humanidade.
A religião fez mais mal do que bem ao mundo.
Viveeríamso mais felízes se a religião fosse superada pela razão.
Uma prova de que a religião só faz mal é perceber entre os povos mais religiosos o seu sofrimento e miséria é maior, porém quanto mais fraca for a religião nos países o povo vive melhor.
Fui muito religioso, mas consegui superar essa grande fonte de maldade, exploração, mentira e dominação.
Gilson,
Vc deve se atualizar um pouco. Um colega de Dawkins, da mesma universidade, escreveu uma resposta ao triste livro dele “Deus,um delírio” com o título, “Dawkins, un delírio”. Está em portugues. O conceito que Dawkins faz de Deus não tem nada que ver com as religiões. Do “deus” dele, eu como teólogo sou ateu. Ademais ele toma a religião pelo seu lado patológico e não por aquilo que ela é, em sua naturalidade. Sempre posso ver as coisas, até as pessoas humanas, pelo seu lado pior. E a leitura da história não será brilhante. Só que esta leitura é caolha, de meias-verdades e no fundo injusta para com a realidade.Vc pode ler também a história da ciência, como diz o prêmio Nobel em bioquímica Ilya Prigogine (um dos autores da teoria do caos e das estruturas dissipatiavas) como a história da perseguição a todo outro tipo de saber, como irracionalidade a ponto de construir uma máquina de morte que nos pode destruir a todos Veja isso no livro dele A Nova Aliança, publicado pela Universidade de Brasilia. Não sei quem fez mais mal à humanidade, tomando seus critérios, se a ciência ou a religião. Mas não aceito este tipo de comparação pois incorre nos vícios que estou criticando.
Fique com sua interpretação da religião, pois vivemos num espaço democrático das opiniões. Mas apenas não se feche a nada e procure nunca deixar de aprender pois temos muito que aprender das realidades que compõem nossa história.
CLAP, CLAP, CLAP, CLAP, CLAP,CLAP, CLAP, CLAP, CLAP, CLAP, CLAP, CLAP,CLAP, CLAP,CLAP, CLAP, CLAP, CLAP, CLAP,CLAP, CLAP….
Isso são aplausos, Sr. Leonardo Boff (risos). Adorei seu comentário! Tbm acredito que esse absolutismo da razão não parece coerente com as necessidades do nosso mundo.
Por isso me uno ao seu apelo, sobretudo, ultimamente, aos secularistas internautas, geralmente hostis e intolerantes: “não se feche a nada e procure nunca deixar de aprender pois temos muito que aprender das realidades que compõem nossa história”.
Prezado Leonardo Boff,
Como disse uma colega acima, seus textos sempre me incentivam a vivenciar meu lado águia. Obrigado por sua liderança e por seus ensinamentos.
Gostaria de lhe fazer uma pergunta de um aprendiz: Tenho lido os livros do Teórico Quântico Amit Goswami (Universo Autoconsciente; Criatividade Quantica; Fisica da Alma e Deus nao está morto). Em princípio, tenho notado uma profunda coerência do que ele tem dito com a minha vivencia de Deus. O sr já teve contato com o pensamento de Amit? O sr acha que a física quantica está mesmo inaugurando um paradigma científica cuja base é a consciência? Vale ressaltar que a fisica quântica demonstra toda a limitação científica e ajuda a devolver a humildade aos cientistas.
Segue o link de uma série de textos sobre fésica quântica, espiritualidade e sustentabilidade caso alguém deste debate se interesse.
http://bolinhadegude.wordpress.com/2011/07/01/sustentabilidade-fisica-quantica-e-espiritualidade-parte-1/
Julio Resende
Julio,
Conheci pessoalmente ao A.Goswami que vem muito ao Brasil. É considerado um dos maiores matematicos vivos. Ele assumiu a visão quântica da realidade. Esta é sempre uma emergencia da Energia de Fundo que continuamente mantem e sustenta todos os seres. A mecanica quântica afirma que materia não existe. Tudo é energia e campos energéticos. Matéria é energia altamente condensada, coisa que está já presente na fórmula de Einstein.O que Heisenberg mostrou foi a inarredavel ligação entre sujeito que conhece o objeto do conhecimento. O seujeito determina se ele aparece como onda ou como particula.Creio que a visão quântica nos facilita entender a realidade de Deus como Energia Suprema,o Espírito Absoluto permanentemente criando e sustentando a criação. Para os cosmologos que assumiram a perspectiva quantica, o universo como um todo está cheio de proposito e não é algo largado ao acaso. Das energias originárias passamos à matéria, da matéria à vida, da vida à consciência, da consciênia à auto-consciência. O espirito é aquilo que une e reune toda as coisas está presente em todo o universo. Entre nosso espirito e o espirito do Universo a diferença não é de principio mas de grau. Em nós de forma auto-consciente e no Universo numa forma propria. Assim em todos os seres. Creio que a mecanica quantica nos facilita representar Deus como uma Realidade sempre viva, sustentando todo o universo e levando-o a uma convergencia que não saberemos quando se dará.
Boa sorte e feliz Natal
Muito obrigado por sua resposta. Desejo um excelente ano para o senhor também.
Concordo com o pensamento aqui exposto, porém de que Deus se está falando? De que religião? Vejo fantasias, utopias, fanatismos, temperança, coerências etc. Tudo que queremos ver nas manifestações de fé no mundo, vemos. Acredito que pensar filosoficamente é necessário, pois nos fazem pensar mais e produzir mais. No entanto, há tantos problemas sérios e graves no dia-a-dia que chego à conclusão que não falta religião no mundo e nem a crença na existência de Deus, mas falta crer no Verdadeiro Deus Criador de todas as coisas. Esse crer é real quando o Deus que falo também o é em Cristo Jesus, o Deus conosco. Não vejo o Cristianismo na fantasia, mas o vejo no real e pouco na realidade cotidiana. O Cristianismo fará toda diferença no real ou no imaginário daqueles que, de fato, forem Cristãos. Até os ateus e incrédulos passarão a ver diferente quando o Brasil de tantos cristãos nominais, passar a ser de tantos cristãos reais.
Realmente, este é o ponto. Como conciliar o Criador Universal, que criou os elementos e átomos, a espansão do big-bang, as estrelas e a própria vida com o judeu nazareno que nasceu na Galiléia há 2000 anos; não seria muita pretensão de cunho religioso? Dawkins não critica propriamente Deus, é só ler o seu livro, o que ele critica são as religiões criadas pelos homens. Evidentemente, que Boff, apesar de ser muito inteligente, não consegue se libertar de seu religiosismo atávico da infância e da juventude, compreendemos, porém, Jesus ao ser divinizado, perde a sua dimensão humana, inclusive, passível de ser imitada. Afinal, quem vai querer ou poder ser igual a um Deus? Ademais, temos um grande problema: como pode Deus ter abandonado por dois mil anos a maior parte da humanidade? Índios, aborígenes, ciganos, esquimós, africanos, árabes, judeus (grande parte de seu próprio povo) e os orientais; muito só o conhecem através do calendário…
Finalmente, a não ser em João, o evangelista não sinóptico, bem tardio e já bem influenciado por Paulo, etc. nenhum evangelista afirma ser Jesus o próprio Deus, muito pelo contrário e, em Marcos 12: 16,17 e em Lucas 18: 18,19, Jesus, ele mesmo, afirma textualmente não ser Deus.
Assim, fica mesmo muito difícil a aceitação do Deus Ecumênico, o verdadeiro Deus universal, de todos os homens e mesmo, de seus equivalentes no nosso universo (ou até em outros), pois as religiões, os cultos, quaisquer que sejam, pecam exatamente pelo exclusivismo religioso regionalista ou até nacionalista e isso, realmente, sempre foi muito forte, mas tende a diminuir com os meios de comunicações, com o advento do mundo como uma aldeia global, amém.
Alexandre
Vc julga apressadamente as pessoas. E me rebaixa a um ingênuo preso preso “ao religiosismo atávico da infância e da juventude”. Vc não faz idéia o que é passar 5 anos da universidade do Estado na Alemanha com filosofia e teologia em diálogo permanente com o pensamento crítico. Heidegger bem dizia: uma pensamento que não se confronta com as questões suscitadas pela teologia nõa chegou ainda a sua maturidade. A minha ingenuidade, se existe, é pós-critica, das mais severas, coisa que Dawkins não faz com sua ciência. Ele é um xiita do ateismo, talvez a pessoa que mais fala de Deus hoje na comunidade cientifica. É sinal que não conseguiu digerir a idéia de Deus e lhe dá permanente indigestão a ponto de tentar se livrar dela escrevendo as patacoadas teológicas que escreve.Ele não trata das reigiões, não. A questão dele é Deus mesmo, como está no seu titulo, “Deus, um delírio”.
Se vc não entende Deus, saiba que Deus pode ser aquilo que nós não entendemos. Caso contrário instituimos a razão como referência de tudo. As razões começam com a razão. A razão em si mesma é um mistério, uma emergência do Universo.
Vai devagar com seus juizos para não parecer ou ignorante ou arrogante.
Caro Leonardo,
Para mim, o atavismo religioso nada tem de ingênuo e também pouco se relaciona à parte racional humana, objeto dos debates atuais no forum. Ele está muito mais ligado à parte afetiva, emocional, que foi condicionada desde a infância, apesar dos estudos que fizermos depois, de nossa intelectualidade posterior. É realmente muito difícil nos libertarmos dele, pois o recebemos como religião desde a tenra idade, uma espécie de covardia não intencional que nos impõem, uma espécie de lavagem cerebral – isto é reconhecido por inúmeros piscólogos e psiquiatras e isto também aconteceu comigo; talvez, a diferença é que eu não estudei para ser um religioso.
Seria mesmo um contrasenso chama-lo de ingênuo, muito pelo contrário, inclusive, por tudo que fez em prol de uma libertação teológica, aliás, reprovada pelos mesmos que o educaram nela.
Desculpe se se sentiu ofendido pelo que eu disse acima, pois não quis parecer ignorante ou arrogante, mas, também, não quis ficar só no “clap, clap” que, afinal, não é o escopo deste.
Luiz,
Religião, na sua concepção etmológica re-ligare, deveria servir o propósito de reunir, unificar. Quando você coloca uma visão fundamentalista que afirma que só “cristãos verdadeiros” são os “donos da verdade”, estabelece toda a base para a guerra entre religiões. Supostamente saber qual é ou o que é o “Deus verdadeiro” e contrapor essa crença à crença ou sentimentos de tantas outras pessoas e religiões estabelece não um re-ligare, mas divisões e conflitos, lutas pelo poder e dominação.
Encontre e afirme sua leitura, mas cuidado para não excluir as inúmeras outras leituras possíveis.
Pois bem Sr. Boff, uma discussao de altissimo nivel. Eu, sou cristao de linhagem protestante e, em mim, a chama de Deus se acendeu atraves da razao.
Sou um cara 98% razao, para alguns frio e calculista e, categoricamente afirmo: Creio em Deus.
Sempre gostei muito de historia e nada mais atrativo do que ler a Biblia para saber de historia, pois muitos, diria que 99% daqueles que criticam veementemente a Biblia, a Criacao e a crenca dos homens dela nunca sequer leram e buscaram saber o que se passava na epoca – atraves da hermeneutica/exgese.
Um autor/historiador fantastico ate no meio ‘secular’ que trata do povo Judeu (hebreu) de forma clara como eram seus costumes e afirma Jesus ser o Cristo eh Flavio Josefo. Como conhecedor profundo daquilo que ele vivia – e contemporaneo a epoca – um historiador descreve sobre Deus, em formato de homem na terra.
Aos que gostam de boa leitura e uma leitura sem apologia ao tema, eh um livro recomendado para ler. Hebreus – Flavio Josefo.
É muito clara à existência de Deus.
Leonardo: Desculpe-me a insistência, mas pessoas como você, trazem lampejos de esperança para a humanidade. Forte Abraço!!! Boas Festas!!!
Gracias Leonardo por este aporte. Quiero aprovechar esta discución que has generado, y emitir una pequeña opinión personal acerca de los científicos que opinan sobre Dios.
Para mí, existe una contradicción en el científico que escribe sobre la existencia de Dios, es como un conflicto de intereses … El rol del científico es aportar con su conocimiento a mejorar la calidad de vida de las personas y de a ayudar con su conocimiento a la sostenibilidad y continuidad de la vida, exista o no exista Dios. El científico que a partir de su conocimiento, afirma o niega la existencia de Dios, es tan absurdo, como el médico, que a partir de sus conocimientos en medicina, afirma o niega, que haya vida después de la muerte. La definición en sí, acerca de la existencia de Dios es una cuestión de fe, en la que cada persona, en base a la capacidad de razocinio, usando entre sus elementos de juicio, los aportes del científico, decide si cree o no la existencia de Dios.
Gracias,
Salomón Casal (BOLIVIA)
Mui Bueno!
Muito bom Boff.
Gosto muito dos seus livros,li alguns.Tenho 23 anos sou palestrante em um sentro espírita. Voçê,Rubem Alves e Darçy Ribeiro são os intelectuais Brasileiros que mais me falam a alma..
Com vc aprendi a ser “herege”,mas não no sentido ofencivo da palava,e sim no sentido grego,”escolha”
Escolher um caminho diferente de pençar deveria ser mais comum.E as religiões em si deveriam respeitar o que é “diferente”.
Abraço
Saudações, Leonardo Boff. Como sempre, suas reflexões são sempre muito interessantes. Me identifico muito com o que você diz sobre esta busca e inquietação do coração pelo Transcendente. Sou católico, embora me sinta mais cristão que qualquer outra coisa, e já fui de frequentar mais os ritos. E eles (os ritos), de alguma forma, sem culpar a ninguém e nem a mim mesmo, foram ficando um pouquinho carentes de sentido. Daí que me debrucei sobre alguns bons pensadores e teólogos como você, Andrés torres Queiruga, Jean-Yves Leloup, João Batista Libanio, outros profundamente sensíveis autores também como Frei Betto, Rubem Alves, Frei Prudente Nery para buscar o Deus de Jesus com afinco e obstinação no pensar, mas sempre com o coração repleto de fraternura e amizade para com toda a experiência histórica humana de aprender a pensar, a sentir, a crer e a apurar a genuinidade de um coração sensível, puro e inquieto. Seria pra mim uma grande honra e imenso privilégio poder me corresponder com você por e-mail e trocar muitas ideias. Já faço isso com o teólogo e padre jesuíta João Batista Libanio e é sempre uma experiência muito fecunda para mim. Se for possível, me envie uma mensagem no e-mail que escrevi aí. Seria um grande prazer conhecê-lo mais sabendo o homem de apurado sentido ético, cristão e humano que é. Fica aí o singelo pedido e o meu grande agradecimento por tão boas, profundas e sensatas ideias que sempre partilha com suas reflexões. O meu fraterno abraço e, que neste natal, Deus aguce ainda mais sua brilhante inteligência e religiosidade! Aquela Paz e aquele Bem!
Não procuro provas da existência de Deus,procuro vivenciar Deus. durante muito tempo conheci o lado fechado da religião, até conhecer os escritos da teologia da libertação(Leonardo Boff, Frei Beto, jon sobrino entre outros) hoje procuro ser aberto as visões tanto de outras religiões, sou católico, como de ateus, sem supor que minha visão de Deus é superior a deles, apenas acho que minha religião é minha visão de Deus constrói minha identidade e temos que respeitar as características intrínsecas das pessoas no tacante a religião, filosofia etc.
Belo artigo frei Leonardo!
Religar-se com nossa própria essência. O que somos, quem somos. De onde vimos. Não creio ter sido o fruto do acaso toda a existência. Como também não consigo imaginar tudo, vindo de um ponto suspenso no nada. Algo “pequeno”, condensado, explodindo e expandindo. Reações químicas? Mas, se há reações, há ações. O que move toda essa existência. Sim, porque, se há movimento, há energia. Se há energia, o que produz tal? Como comunicar o sentir a Deus, a quem tem por base tão somente a ciência. O simples, observável. O que se conhece do outro, igual a nós. Engatinhamos ainda num vasto universo de duvidas. É muito cedo para dizer: Deus não existe. Questionar, se Este existe, não consigo. Acho que é meu coração quem diz.
Aqui um erro crasso ” Para os cosmologos que assumiram a perspectiva quantica, o universo como um todo está cheio de proposito e não é algo largado ao acaso.” Deus joga dados Boff. Einstein tava errado.. A criação é imperfeita, veio ao acaso e a necessidade..Não há um propósito… pela natureza ser assimétrica é que tudo está onde está. 1000 bilhão de anti-matéria existe, em compensação há 1001 bilhão de matéria. Já pensou se fosse ordenado, perfeito, simétrico..isso é o acaso! Não existe um projeto
Lembre da resposta de Werner Heisenberg a Einstein sobre “Deus não joga dados”: “Einstein,deixe de dar conselhos a Deus”.
Basta ler qualquer cosmólogo sério e lerá que o universo é feito de caos e cosmos e no resultado final de tudo, medido, tirado e posto, dá uma soma não zero. Quer dizer há um sentido que se dá apesar de todos os avatares…senão nada faria sentido e tudo seria absurdo, o que repugna à razão, é inaceitável pelo coração e pelo bom senso.
Existia simetria no tempo de Planck (dez elevados a menos 42 segundos), antes da grande inflação do universo, os glúons evoluiam dois e dois, perfeitamente simétricos e esta simetria foi quebrada exatamente para que o universo fosse como ele é. Ninguém sabe direito como isso aconteceu e nesse momento, estão tentando desvendar, procurando entre outras, a “partícula de Deus”, o Bóson de Higgs no grande reator de prótons na Europa; ele define porque existe massa, porque tudo e nós existimos. O universo não é prefeito,mas é perfeitamente equilibrado, daí existirem os desequilíbrios passageiros, os furacões, tsunamis, as doenças, mas a tendência no universo criado é o retorno ao equiíbrio, graças a Deus.
Nesse momento, milhões de reações bioquímicas ocorrem em seu corpo para que v. possa ler essas frases, respirar, enfim, viver, é um verdadeiro milagre permanete do equilíbrio perfeito que o homem tenta desvendar através da ciência, mas que só uma Mente perfeita e intencional poderia ter criado e nunca o caos ou o acaso.
Hoje, o acaso está sendo questionado até na teoria da evolução, no neodarwonismo da década de quarenta, que postulou que evolução se dava basicamente através de mutações ao acaso e da seleçao natural de Darwin-Wallace. A seleção natural obviamente existe, mas, “mutações aleatórias” já vai ser um grande debate para as próximas décadas.
Antes de mais nada, gostaria de enaltecer esse espaço profundamente democrático criado e muito bem conduzido por Leonardo Boff. E digo isto não somente pela liberdade de expressão, mas principalmente pelos temas abordados. Com efeito, eu diria que Boff não somente “não parou no tempo”, como acompanha de perto o mundo em movimento, utilizando com muita propriedade essa tecnologia da informação.
Com relação ao embate “razão versus religião” ou “ciência versus religião”, me afasto dele, pois não vejo “razão” (ou “ciência”) e “religião” excludentes entre si – ainda que bem me lembre do esforço didático empreendido por Marilena Chauí ao dissertar sobre “razão”, no introdutório “Convite à Filosofia” – aliás, uma publicação que merece toda a nossa admiração. Quanto ao “embate” propriamente dito, creio que não vale a pena alimentá-lo, pois se a fé existe (religiosa ou não), existe uma “razão”. E se o motivo é uma enganação, não é a fé que deve ser julgada, mas a própria sociedade em seus valores morais. Não devemos culpar a cruz pela cruxificação.
Lembro-me de uma passagem de um dos livros de Leonardo Boff na qual o autor descreve a resposta dada por Dalai Lama a uma indagação sua sobre a “melhor religião”. Teria dito a monge budista: “a melhor religião é a que lhe faz melhor”.
Querido Leonardo,
Concordo com sua crítica intelectual e afetiva a Richard Dawkins. Li dois dos livros dele e o considero brilhante como biólogo mas totalmente equivocado enquanto “teólogo” (considerando que todo ser humano tem sua teologia).
Deixo aqui um link para o belo texto que o “colega de Dawkins” publicou hoje, sobre ciência e Natal, intitulado “DARK MATTER AND THE LIGHT OF THE WORLD”. Deixo-o como uma singela reflexão de Natal.
http://www.abc.net.au/religion/articles/2011/12/22/3396903.htm
Um Feliz Natal para você e sua família!
Olavo
Lindo texto. 🙂 Compartilho. Os homens não querem Deus, o que eles querem é o milagre. (Dostoiévski)
Me desculpe caro Mestre, mas Deus é só uma palavra, e por sinal tão defasada quanto a do amor e outra virtudes a mais… acredito em um Criador q deu um start e soltou a vida aqui no planeta Terra, nossa Mãe, da qual tudo provem… mas tenho minha fé abalada, qndo vejo nossos irmãos humanos, com tanta alienação, ilusão e destruição, tudo bem q a ordem nasce do caos…
Estou em uma situação q escreveram acima, como posso negar se não sei q existe, mas eu sinto q existe algo maior, essa criação q flora pra cada situação necessária, essa ‘abertura’ do Caminhante, onde é feita o caminho… só q ainda resta o saber, e isso eu não sei exatamente, sei q esse tema e pra muitos uma realidade, é um Mistério… e outra pista tmb, pra sabermos desse Mistério é q tudo é feito das mesma matérias, somos feitos dos mesmos elementos físico-químicos q as estrelas mais distante, como sempre vi em seus livros, por isso sinto não só pq sei por escritos, mas q isso deu uma ajuda deu, pois sem essa comprovação intima, teria perdido por completo a esperança na Criação…
Boff e Alexandre
Houve uma pequena confusão aí. As leis da física são definidas pelo universo. Logo elas foram definidas no instante da criação do universo. O problema é que essas leis como a conhecemos não necessariamente eram as mesmas no instante da aparição do universo. Especificamente, não sabemos como era o universo na fração de segundo de 10 elevado a -46 após o big-bang. Isso por causa de um limite que chamamos Muro de Planck. Diz-se que nos instantes anteriores a esse limite o universo era completamente dominado pelo “acaso”, isto é, não havia conexão entre as grandezas físicas, como se passa agora. A forma correta de dizer é que o “muro de Planck” é um ponto de singularidade porque o tempo não se define além dele. Por sinal, nem espaço, nem massa, nem carga elétrica, nem magnética, etc, etc. Ao meu sentir o grande problema esteve na incansável busca da “Teoria de Tudo” que uniria as leis físicas que regem corpos muito grandes (A Teoria da Relatividade de Einstein) àquelas que controlam os pequenos corpos (mecânica quântica) em apenas uma estrutura. Mas apesar dos corajosos esforços de muitas mentes poderosas, a Teoria de Tudo permanece evasiva. O universo não é elegante. É um glorioso caos criativo assimétrico.
Portanto, elegantemente digo para cada um fazer de sua fé o que bem quiser. Estou expondo aqui ciência e no limite filosofia. Como filosoficamente Nietzsche pensou, e não levando pelo âmbito da sociologia, defendo nada menos do que um novo “humanocentrismo”, capaz de refletir nossa posição na ordem do universo. Um novo tipo de espiritualidade, que nada tem a ver com religião, centrada não no além, MAS NA VIDA! Com todo respeito às suas crenças e superstições; mas não necessito do “deus” que os senhores sentem. Necessito do Deus desconhecido que algumas mentes forjadas pelas explosões estelares procuram e irão encontrar, inclusive se despreendo como alguns já vêem fazendo da Teoria de Tudo. Obrigado. Muita VIDA em 2012.
Caro Travesseiro,
Eu não sou físico, apenas um curioso sobre o assunto, e sim, um bioquímico e geralmente, por tradição, os bioquímicos são ateus – vide o mais famoso, o francês ateu Jacques Monod, prêmio Nobel, que escreveu “Acaso e necessidade” ainda na década de 70.
Mas, me desculpe, o universo, pelo contrário, é muito elegante e não somente na parte dita física, material, abiótica, mas, principalmente, na parte biótica. E, se voce aceita a teoria da evolução de Darwin-Wallace, este mesmo estado que você chama de acaso inicial acabou originando, em alguns raros planetas viáveis, a vida e a consciência que observa a criação – nós.
Você não acha muita presunção dos ateus acharem que o caos possa originar tudo isto? Para eles o acaso explica tudo (eu sei porque já fui ateu na juventude); além disso os ateu têm o péssimo habito de se anularem (como formigas num formigueiro) mas esquecem que têm mente, consciência, refletida exatemente dessa Conciência Universal que a tudo criou – Deus.
Imagine apenas as bilhões de reações bioquímicas que ocorrem neste momento em seu corpo para que você continue vivo, respirando, e ainda possa ler este texto corretamente, as incriveis funções cerebrais para isto, muito mais do que o mais complexo computador criado pelo homem e, certamente, que o homem jamais criará ou imaginará. E, tudo isso veio daquele “caos” aparente inicial que, depois forjou, não um universo perfeito, pois que é material, mas, certamente, perfeitamente equilibrado, dai poderem ocorrer desequilíbrios, furacões, tsunamis, terremotos, explosões e as doenças. Mas a tendência é sempre o retorno ao magistral equilbrio.
Para que as condições do que foi enunciado pelo “Princípio Antrópico Forte” ocorressem, o nosso universo tinha que saber, de algum modo, antes de seu início, o que fazer, como regular todas as constantes fundamentais para tudo dar certo, de antemão e se você modificá-las minimamente, aí sim, teremos o caos, ou seja, o universo não funciona.
Fred Hoyle, aquele mesmo que cunhou, como deboche, o termo “big bang” para a expansão inicial do cosmos, afirmou certa vez: “é mais fácil um furacão passar sobre um ferro velho e montar um Boeing 747 do que o unverso ter sido montado pelo acaso”.
Abraço, Alexandre
“Pouca ciência afasta de Deus, muita a Ele reconduz” (Louis Pasteur, pai da microbiologia)
Alexandre,
Quero corroborar com sua boa e coerente reflexão citando o testemunho de Francis S.Collins, diretor do Projeto Genoma no seu livro “A linguagem de Deus:um cientista apresenta evidências de que Ele existe”(Editora Gente, SP 2007). Ele faz a história de como articulou alguns centenas e até mais de mil cientistas para decifrar o genoma humano. Ele começou ateu. Mas na medida em que avançava na pesquisa percebia que era mais racional e sensato ser teista que ateu. Fez-se um homem de fé sem prcisar se inscrever em algum credo existente. A emergência do sentido é tão forte e cogente que um cientista deve se curvar ao que percebe. No segundo livro “A linguagem da vida” retoma o tema e faz as aplicações para a vida humana. De todas as formas podemos dizer: se as coisas não tivessem ocorrido como ocorreram, em cada milímetro e em cada momento do processo da evolução ascendente, nós não estaríamos aqui para falar disso tudo.
Boas festas. Celebremos Aquele Energia amorosa que tudo fez explodir e implodir para dentro da existência e que para os cristãos se acercou a nós na forma de uma singela e pobre criança de periferia, “porque não havia lugar para ele” dentro do espaço humano. Seu nome é Jesus.
Obrigado, e um feliz Natal para você também.
Alex
É interessante a colocação de Boff, no entanto, Comte-Sponville tem um visão deveras diferenciada.
Alexandre e Boff
Caríssimos o que venho tentando mostrar, é algo que está impregnado nos recônditos dos homos sapiens. Também foi difícil para mim a constatação de que a afirmação de um mundo, uma natureza, um deus perfeito, não deve ser mais considerado. Há 3,5 bilhões de anos, a natureza vem nos mostrando como ela se comporta através da vida. Se o deus que os senhores acreditam fosse perfeito, e por conseguinte a natureza por ele criada, não estaríamos aqui. O que carregamos com a gente, é essa noção ou uma crença filosófica, teológica, metafísica e ciêntifica de que deus é um geômetra cósmico. Depois de mais de 2.000 anos, não sou eu o único que está certo, e todos errados. Contudo, o que venho defendendo é pertinente. Temos uma visão inversa de tudo. Pois desde os primeiros pensadores como Pítagoras,e sobretudo Platão, é que fomos contaminados; é historico, é cultural. Muita dessa inversão deve-se ao cristianismo, que consabido adaptou e foi influenciado pelo platonismo. A estética de Platão, está em nós, no ocidente. Nascemos e fomos levados a crer no BELO, no PERFEITO, em DEUS. E como eu disse respeitosamente; cada um pode fazer de sua fé o que bem desejar. Eu proponho uma nova estética para a teologia, filosofia, e para a ciência. Acredito que ciência e religião têm, sim, algo em comum, como disse acima – há uma ilusão de um mundo simétrico, perfeito, uniforme. Acho que essa ideia de que existe uma unidade por trás das coisas é um ponto em comum. Essa história de que existe uma teoria final única é uma infiltração monoteísta na ciência. Por outro lado, acredito que essas noções, tanto religiosa quanto científica, estão erradas. Não é por aí que temos de ficar olhando para o mundo, mas é justamente tentando nos distanciar dessas questões abstratas de perfeição. Devemos olhar para o mundo como ele é, e não como gostaríamos que ele fosse. O equilíbrio, uniformidade, simetria que os nobres debatedores insistem em defender aqui, ao que parece é vago. Não seria o universo formado por um conjunto de assimetria? Vejam o quão é difícil apresentarmos algo simétrico na natureza! Essa idéia é tão antiga quanto o tempo, os ditos parâmetros regulares. Pitágoras por exemplo foi um filósofo que nas suas doutrinas elementares afirmava que os números eram o princípio de toda ordem no universo, consequentemente, o universo havia sido criado por uma entidade racional. Além disso, como todos os elementos da natureza podiam ser associados às figuras geométricas, acreditava que a natureza era constituída por números, mas não simplesmente pelos numerais como conhecemos hoje (abstratos) e sim, para Pitágoras, os números eram entidade reais, materiais e racionais. E era por meio dessa racionalidade que o universo era mantido. O problema surgiu quando o discípulos Hipaso de Metaponto, trabalhando sobre as relações métricas no triângulo retângulo, pôs em dúvida a ideia de que todos os números eram racionais. Partindo da descoberta de seu mestre de que, em um triângulo retângulo qualquer, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos, Hipaso se perguntou: e se os lados do triângulo retângulo medirem 1? O que acontece? Realizando o cálculo ele descobriu que a hipotenusa teria o valor da raiz quadrada de 2. E isso era gravíssimo, ou ele tinha errado os cálculos ou nem todos os números do universo eram racionais. Ele estava certo, tanto que Pitágoras o proibiu de contar a quem quer que fosse esse segredo, pois Pitágoras acreditava que se alguém soubesse da existência de números irracionais, o mundo e toda a humanidade seriam destruídos. Mas ele contou e foi morto. Vejam o que Monod citado por Alexandre discorreu; de Descartes a Marx sempre existiu um erro, em se buscar uma noção projetista. O próprio Monod – embora na época não houvesse ainda um avanço tão grande no tocante ao código genético – já apontava a questão da assimetria ou falha da reprodução da cópia desse código; se a reprodução fosse perfeita não estaria escrevendo agora, somos mutantes. A vida precisa dessas falhas, sem elas a vida seria impossível, pois só assim ela consegue se adaptar às variações ambientais na história da terra,a vida tá aqui há 3,5 bilhões, nesse tempo aconteceu uma porção de acidentes, muitas falhas, se não existissem essas falhas não conseguiríamos nos diferenciar, e através da seleção natural nos adaptar há essas variações ambientais que existem. Quando uma coisa é perfeita, simétrica nada acontece, é preciso movimento, e sem movimento não existe transformação, sem transformação não existe criação, ou seja para se ter esse encadeamento dinâmico das coisas é preciso ter algum desequilíbrio. Se tudo fosse perfeito, nós nem precisaríamos do tempo, pois nada passaria, o tempo é uma medida da evolução, da transformação, da imperfeição das coisas. Observem também por que, afinal, a evolução fez a vida “inventar” a morte? Esta questão não é desprovida de sentido. Pelo contrário, sua profundidade é tamanha que sua solução, no dia em que for encontrada, será capaz de responder a todas as questões físicas e metafísicas.
Por que, afinal, a vida na Terra foi adaptada para morrer? Imagine as primeiras bactérias pululando no oceano primordial. Uma vez que a evolução aperfeiçoou os processos físico-químicos que sustentam o metabolismo das bactérias, como a sua divisão, alimentação, movimento e reprodução, por que elas tinham que morrer? A morte é uma certeza para todas as formas de vida, mas não precisaria ser assim. Há mais de 3 bilhões de anos, naqueles oceanos primordiais fervilhando de vida, alguma bactéria poderia ter sofrido mutações em seus genes, mutações que lhe permitissem continuar reciclando indefinidamente os seus órgãos internos e externos. Seria por que a biologia está acorrentada? Em princípio não há nenhuma lei biológica que obrigue a vida a desembocar na morte. Mas, num universo físico, as leis da física se sobrepõem às da biologia. Uma importantíssima é a Segunda Lei da Termodinâmica. Ela trata de um princípio universal básico, a entropia. Há inúmeras definições para a entropia. A minha predileta reza que tudo o que é simples tende, invariavelmente, a se tornar complexo. A organização sempre dá lugar à desorganização. Da ordem nasce o caos. Os amigos hão de concordar que, no meio de 100 trilhões de células, cada uma com 3 milhões de mutações, a margem de chances para brotar o caos é exponencial. É praticamente incontornável. Mostro com isso que a vida ETERNA seria perfeita, mas como nada é eterno, torna-se uma utopia.
O mundo ordenado, regular, não digo que não exista, existe, mas é logo quebrado. Pegando uma carona com Nietzsche, cito a “vontade de potência”, ou seja, o “impulso que quer mais e mais poder”, são as forças cosmológicas que existem em tudo, e estão em constante embate. É bom lembrar que em Nietzsche, a vontade de potência não deveria ser visto como algo de metafísico. Deveria ser tomado como força cosmológica. As forças interagem, mas não se anulam, não há quem perca, sempre haverá o equilíbrio, mas em seguida novos embates.
Vamos para o nosso cotidiano, tudo é desigual, vejam a justiça, o que há na verdade é a desigualdade de direitos entre os homens, como Nietzsche discorreu: “Para os iguais, igualdade; para os desiguais, desigualdade.”
Fica claro que a desigualdade dos direitos é a primeira condição para a existência dos direitos e que a injustiça nunca reside nos direitos desiguais; encontra-se na pretensão a direitos “iguais”. Capitalismo, democratismo, socialismo, comunismo, anarquismo, anti-semitismo, liberalismo, tudo leva à desigualdade. Lembrando do idealismo-historicista de Hegel, a sua dialética ( tese-antitese-síntese e assim incessantemente ), o materialismo dialético de Marx, também é um exemplo de que não simetria nas idéias, e sim embates, o marxismo-leninismo por exemplo, nos levou a mais profunda desigualdade.
Digo sempre que podemos encontrar uma regularidade, mas se passarmos a analisar a problemática entre Capitalismo x Democracia.
Portanto amigos, a vida é dialética, o homem que era o máximo, com 400 anos de avanço da ciência, este parece que baixou sua bola!!!!!! Mas penso o oposto, nós os homens, em fim a vida, somos extremamentes raros, em um universo hostil, nós somos seres inteligentes e ESPECIAIS e talvez os únicos. Viva a uma nova estética distante da idéia de perfeição. Sou um pequeno pensador, que filosófa a valorização da VIDA!
O deus perfeito não existe, graças a Deus!
” O homem é o único animal que carrega o cadáver nas costas.” Pondé
Caro Travesseiro,
Antes de mais nada devo dizer que, ideologias a parte, este nosso debate já se tornou deveras interessante e que é uma honra para mim participar com pessoas como você e o Boff sobre assuntos tão desafiadores da imaginação e inteligência humanas; não é todo dia que se pode debater com pessoas como vocês e é, antes de tudo, um privilégio.
Suas colocações são a primeira vista coerentes, porém, vou citar apenas um exemplo atual e que nem é da minha área (talvez, da sua) para tentar rebater todas as suas colocações e provar que o universo, longe de ser assimético ou um acaso, é algo muito bem bolado e até previsível: a atual busca pelo Bóson de Higgs nos grandes aceleradores de partículas ou prótons. Como você deve saber, os tijolos básicos da matéria são compostos por átomos que possuem um núcleo em torno do qual orbitam elétrons. O núcleo, por sua vez, é composto de prótons e neutrons e até aqui nós aprendemos na escola. A partir daí, só os físicos especializados aprendem: que esses prótons e neutrons são formado por sub-partículas chamadas de quarks, léptons e bósons. Todas essas partículas e sub-partículas formam então o que foi denominado de “Modelo Padrão” do universo e todas elas foram previstas matematicamente e detectadas, faltando apenas uma, que foi chamada de “partícula divina ou de deus”, exatemente porque falta apenas ela para fechar todo o quebra cabeças; um castelo teórico que tem se provado a explicação mais convincente para entender as propriedades do nosso universo.
Desde 2010, que as equipes dos experimentos Atlas e CMS observam vislumbres do Bóson de Higgs, cuja massa é 125 vezes a massa de um próton e cuja propriedade é exatamente a de conferir massa a tudo que existe no universo. Sem ele, seríamos um conjunto de sub-partículas viajando à velocidade da luz e nem eu nem você nem nada existiria. Pois bem; existe apenas 1% de chances de que o que eles vem detectando não seja o bóson procurado e isto deve ser provavelmente confirmado em 2012.
Então, veja: algo que foi enunciado, previsto através de fórmulas matemáticas pelo físico teórico Peter Higgs há mais de 40 anos está sendo agora confirmado para fechar o quebra cabeças. Evidentemente, que se não for este,outras teorias terão de ser formuladas até que sejam tb. confirmadas. Mas o que eu quero dizer é que o universo, além de elegante (matemática), como já vimos, é previsível porque é fruto de uma mente. Uma mente racional como a nossa, só que tão complexa e tendendo ao infinito em sua complexidade, que consegue conceber e equilibrar todo um universo e ainda mantê-lo em equilíbrio por uns 13,7 bilhões de anos, prevendo, ainda, o aparecimento da vida e da própria mente consciente individualizada à partir Dele. Sim, porque esse Bóson de Higgs não é nada em comparação com a própria vida e, se formos comparar ainda à complexidade de nosso cérebro, seria como comparar um pedacinho de chumbo com o maior computador já feito e ainda seria muito, muito pouco.
Mas, a idéia central que quero passar de novo é que o univeros não é algo perfeito, eu sei, pois que é material e a própria evolução dos seres vivos tateia e, às vezes até erra na busca pelo equilíbiro, provocando a morte ou extinção de uma espécie. Mas, existe, sim, um equilíbrio perfeito nisso tudo e essa é realmente a nossa maior dificuldade, entender isso. Não é a toa que estamos destruindo tanto a natureza há tantos anos a ponto de nos colocarmos em risco (efeito estufa, etc.). É por isso mesmo; porque custamos a entender esse equilíbrio perfeito da natureza e, cujos exemplos hoje do que fazemos a ela nos revelam cada vez mais o quanto temos que reagir e entender como ela funciona, que somos os autores maiores de seus desequilíbrios e, consequentemente, dos nossos.
Abraço, Alex
Obrigado pela consideração.
Alexandre, observei que o amigo tornou a expor – talvez involuntariamente – o que mostrei no texto anterior. O debatedor usa as expressões: Modelo Padrão, partícula divina ou de deus, mente racional, universo elegante ( matemática ), infinito (para mim é invenção humana ). Tudo isso eu através de um apanhado filosófico, histórico, político, biológico, químico, físico, critiquei no texto ao norte. Talvez pela pressa de responder, acabastes não compreendendo. Mas tudo bem. Veja, quando digo que o universo não é elegante, não é propriamente matemática, pois como disse a matemática não é absoluta. Eu por exemplo considero a teoria do britânico Darwin a mais elegante.
Bom, adentrando na neurociência, no tocante ao cérebro, em termos macrocóspico o mesmo é assimétrico, seus hemisférios são diferentes e com funções diferentes..etc..etc.. Destarte, trago essa nova ciência para mostrar também o por que da insistência de buscarmos o perfeito, o deus, o infinito, o paraíso, a eternidade. No meu entendimento deus é um “padrão” aberto ( já que falastes de padrão ), uma tentativa cultural de explicação para tudo, para se construir “padrões” e se tomar decisões com base nisso. Coisa inerente do nosso cérebro evoluido que está sempre em busca de encontrar significados em tudo, ou seja, correlacionando o tempo todo. Posso dizer que é o mesmo processo mental que nos faz criar teorias, buscar significação, fazer cultura, intuir, postular, filosofar. Por isso, tanta superstição ou não….. Não há ao meu ver diferença entre esse processo e o que tenta fazer por exemplo, os alienígenas deuses. Embora jocoso, não obstante, existe quem precise ( e não são poucos ) dessa explicação. Captou?
Talvez no próximo post , o amigo, diga-me que o cérebro, é algo divino, perfeito, algo criado de forma sublime, por uma mente racional perfeita..etc.etc..Mas saiba que o cérebro se engana,e não é pouco. Posso expor depois algo sobre, e verás que ele se encaixará na minha tese.
Ínclito leitor, sabes que a biologia, a química, a arquelogia, geologia avançaram inescrutavelmente. Sou a favor da sustentabilidade evidentemente, mas os estudos denotam que o homem não é o único a degradar o meio ambiente. A própria Amazônia outrora, intitulada o pulmão do mundo, hoje é consabido que é uma das que contribuem também pela emissão de gases, a putrefação múltiplas das folhas, insetos, etc..etc. O homem é o maior culpado, mas não é o único!
Se o amigo leu a bíblia como fiz algumas vezes, percebeu que a mesma é “sagrada” porque ela é um livro de histórias belíssimas e um livro que tem a sua força à medida que é um conjunto de contos morais. Caso não fosse assim, não teria ocupado o espaço ético-moral que ocupou, dando os seus Mandamentos para todo o Ocidente. Eu respeito isso, mas claro que sou crítico, entretanto com a cabeça aberta. É justamente nessas alegorias, ou histórias belíssimas que quero centralizar minha defesa sobre a questão climática. Creio que não seja preciso eu expor aqui toda a evolução do nosso planeta em termos abióticos e bióticos; a hostilidade da natureza, a temperatura, terremotos, furações, tsunamis, chuvas ácidas, meteoros, ou seja quanto era impossível antes a vida, etc..etc..Lembras das eras glacias? os dilúvios? As escrituras sagradas relatam muito disso, os sábios e historiadores semitas, expuseram nessas escrituras o eco dessas confusões climáticas. Hoje arqueólogos dizem que encontraram onde era o paraíso. Já houve um tempo, depois da última era glacial, a chamada “temperatura ótima”, houve abundância, os nômades, inclusive, começaram a ficar sedentários; mas com mais mudanças climáticas, a escasses, o frio, inclusive a temperatura mais elevada do que hoje..etc..fizeram inclusive aparecer a agricultura, o estoque..É um grande apanhado, mas o que quero apontar é que não só no ocidente, mas em muitas civilizações (inclusive na idade da pedra), que há relatos de dilúvios; os maias, na américa do norte, na China, ou seja a literatura está impregnada de relatos da hostilidade climática no passado. Lembra da mitologia grega-romana? Os dinossauros extintos? Os neanterdais, em fim, temos muitos exemplos ( inclusive hoje né? ). Portanto, mostro de novo, que a natureza sendo imperfeita, assimétrica, ela não tá nem aí pra gente, existem regularidades, contudo logo vem o desequilíbrio. Por isso disse que somos raros, e não perfeitos, caso contrário, não morreríamos. Há 13,7 bilhões o deus imperfeito, através da natureza e as leis da física vem nos dizendo algo.
Abs.
Caro Travesseiro,
Talevez eu não tenha entendido bem onde você quer chegar, mas o que tentei colocar no outro é que o universo material, criado, é até previsível e,portanto, racional, simétrico, elegante e perfeitamente equilibrado, apesar de não ser perfeito, pois que é matéria. Os hemisférios cerebrais não são iguais, mas se fossem não estaríamos aqui, ou melhor, poderíamos talvez estar, mas não da maneira como estamos, pois cada hemisfério tem sua função específica e bem determinada e necessária. Mas, veja, eu não sou apologista do “Inteligent design” (projeto inteligente), pois Deus não precisa mais interferir na evolução, que se dá pelos seus próprios meios a partir de processos de cognição desse mesmo cérebro e não através de mutações ao acaso, um erro do neodarwinismo que precisa ser corrigido, pois o acaso não existe e não leva a nada, não produz nada.
O bioquíico Behe publicou “A caixa preta de Darwin” na década de 90, onde ele expõe bem isto, recorrendo às estruturas de complexidade irredutível ele pôs toda a comunidade científica para pensar – ele está certo quanto a isso, mas a solução não é a interferência divina na evolução, que ele propõe – o projeto inteligente -, pois a evolução não precisa de interferências (o que seria miraculoso) apenas ser sustentada, como tudo. O que você diz sobre o homem não ser o único a provocar problemas na natureza é verdade, mas se a deixarmos em paz ela se resolve por si mesma. Os vulcões expeliram bilhões de toneladas de CO2 ao longo das eras e continuam expelindo, mas, assim mesmo, apesar disso, a evolução se deu a contento e por isso estamos aqui escrevendo., Você diz ao final: “somos raros, e não perfeitos, caso contrário, não morreríamos”. Desculpe, mas se não morrêssemos é que seria muito imperfeito. Tudo na natureza precisa se renovar, inclusive nós, é assim que funciona – as folhas velhas caem para que as novas nasçam – já pensou uma árvore estática com folhas que nunca amadurecem e eternas? Isto é um nonsense e seria até muito feio e chato, como seria tb. viver mais de 150 ou 200 anos.
Por isso, eu digo: tudo está perfeitamente equilibrado. Se os dinossauros não tivessem sido extintos, os mamíferos teriam continuado na toca e não teriam dominado – acaso? Bom, aqui eu preciso completar que sou reencarnacionista, exatamente por tudo isto e, para meu espanto inicial, todos os ateus materialistas com,quem já conversei, e que são bem racionais, me disseram que se acreditassem em algo, em Deus, teriam que ser, pelo menos, reencarnacionistas, pois é a única filosofia que faz alguma lógica para eles; que explica, por exemplo, porque aquela família inteira de argentinos, inclusive duas crianças pequenas, que estavem passando férias no Brasil, encontrou a morte em uma de nossas estradas na semana passada ao se chocar de frente com um outro veículo, etc, etc,
Até nisso, Deus é perfeito, mas aí, a explicação é longa e outra e já entramos num terreno metafísico que, neste ensaio, eu devo evitar,a não ser que você queira se aprofundar..
Abraço, Alex… .
Meu caro e respeitoso debatedor, digo-lhe que não sou eu que lhe converterei a aceitar minhas proposições. Até porque não sou um evangelizador. Entretanto o debate foi profícuo, e começa a torna-se inócuo, devido a repetições e contradições.
Claro que fecho comentando alguns pontos interessantes;
” Se os dinossauros não tivessem sido extintos, os mamíferos teriam continuado na toca e não teriam dominado – acaso? Bom, aqui eu preciso completar que sou reencarnacionista”
SIM! Um exemplo elementar e inquestionável do acaso, ou da imperfeição da natureza ou criação, que venho amiúde expondo. Assim como, acredito que a questão do posicionamento do planeta terra, distância,etc…em relação ao Sol – permitindo tudo que sabemos sobre a vida, é outro exemplo agudo do acaso.
E ainda, é público a comprovação científica das supernovas, explosões estelares, buraco negro etc. Por esse prisma, exponho mais um exemplo da útil imperfeição da criação. Como sabemos e já foi demonstrado em outras estrelas similares que estrelas como o Sol morrem menos catastroficamente. O Sol, daqui a alguns bilhões de anos, vai comecar e expandir suas camadas externas, que seria uma espécie de estrela chamada gigante vermelha. Neste momento todos estaremos mortos, e tudo e qualquer tipo de vida, pois, a temperatura na Terra ficará muito alta, impedindo a vida no planeta.
Depois, o Sol vai perder as camadas externas, chegando na fase de nebulosa planetária. O que sobrar será uma uma estrela muito compacta, com cerca de uma massa do Sol e compactada num raio igual ao da Terra, a chamada anã branca.
É um fato! o projeto, a teleologia filosófica, o sentido, e a nossa casa perderémos. Ao meu ver tudo que aconteceu, as catástrofes naturais, o desequilíbrio, aniquilação, desigualdades ocorridas durante todos esses anos aqui no nosso planetinha, é reproduzido por nós, e os demais seres vivos. Basta trocar as lentes. A morte é um exemplo da imperfeição sim, e o que é difícil constatar é que tudo poderá acabar para sempre. Que sorte tivemos hein?
Não acho útil debatermos sobre o supra-sensível, o sobrenatural, a metafísica, pois acredito que minha posição respeitosa já ficou clara. Somos apenas seres “inteligentes” tentando enxergar a natureza do jeito que queremos – sempre foi assim. Fomos até capazes de criar um deus com a nossa semelhança.
Como sociólogo, historiador, filósofo e um curioso sintomático, digo que nas minhas andanças, minhas pesquisas, entrevistas, debates, tive oportunidades de conhecer gênios como Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Saramago, Richard Rorty. Ao fazer minhas pesquisas no Haiti, nordeste do Brasil ( inclusive onde Paulo Freire esteve ), aldeias, guetos americanos; percebi o por que da filosofia marxista ser tão viva. Pude até compreender o motivo que levou Darcy Ribeiro se tornar um ateu, mesmo eu tendo a impressão de que ele gostaria muito de acreditar no “criador”. Incrível como o comunista Saramago até o fim da vida travou uma luta em vão contra o cristianismo. O que senti com toda essa experiência ( 41 anos de estudos ), é que o mundo não é tão perfeito como achávamos que deveria ser. Entretanto admiro em demasia o alemão Nietzsche e seu amor Fati, assim como Stevie Hawkins. Somos RAROS como digo, graças ao Deus imperfeito, graças a caprichosa natureza imprevisível e hostil. Quanta sorte temos! Por isso não canso de enfatizar por onde passo, A VIDA É AQUI, não precisámos inventar mais o paraíso, um lugar perfeito e sobrenatural. A VIDA COM OS PÉS inficados aqui é o suficiente e sou muito grato por isso.
” Você precisa de uma alma caótica para deixar nascer um bailarino”
( FRIEDRICH NIETZSCHE )
Caro,
Concordo com você, nos perdemos um pouco, tanto é que o Leonardo nem ousa se meter. Mas, pudera, há atenuantes: um ateu debatendo com um espiritualista, só podia dar nisso. Não faz mal, eu gosto de debater com ateus, pois, como já disse, fui um ateu convicto em minha juventude, após ter estudado num tradicional colégio católico.
Para resumir e como resposta às suas indagações e dúvidas, só posso lhe dizer que eu tenho comprovações racionais, e mais de uma, de que nós sobrevivemos à morte física. Para mim, a evolução e a individualização do Homo sapiens a nível material e espiritual permitiu que sua psique complexa sobrevivesse também de forma individualizada.
Claro, isto é uma experiência muito pessoal e intransferível e não posso querer que você acredite no que eu digo, mas gostaria apenas de dizer que “não precisamos inventar mais o paraíso, um lugar perfeito e sobrenatural”, com você diz, pois lá não é o inferno pintado por muitos e nem o paraíso, pois, para começar, todos têm uma segunda chance. O que eu quero dizer é que não iremos nem para o inferno eterno nem iremos nos sentar ao lado dos anjos ou mesmo de Deus pela eternidade, este é um dos grandes erros das religiões tradicionais. Iremos (o homem normal) para um lugar, em muitos aspectos, semelhante ao que vivenciamos por aqui. Claro, até os homens dão uma segunda chance aos seus semelhantes, por exemplo, no Brasil não existe prisão perpétua ou pena de morte; imagina então Deus que, além de todos os atributos, é muito paciente, aliás, este é um de seus maiores atributos, senão…
A única coisa que posso acrescentar para enriquecer o nosso papo é que eu tenho uma formação científica e, portanto, racional, pois já fui ateu materialista racional e, o que tento lhe dizer, é muito baseado na fé raciocinada e não na dita fé cega na sobrevivência, ou seja, eu me baseio em comprovações de fenômenos ditos paranormais que hoje são estudados também por cientistas, apesar de não ser fácil, pois que estes são aleatórios e de difícil repetibilidade nos laboratórios; mas que eles ocorrem, ocorrem.
Não duvido de sua intelectualidade, de seus ricos contatos e repito, para mim, é um privilégio debater com você; ademais, não pretendo impor nem convencer ninguém, apenas passar a minha experiência pessoal depois de 66 anos de buscas, de idas e vindas. Para finalizar, sou obrigado a contradizê-lo mais uma vez e afirmar que, para mim, a morte é parte intrínseca da vida e, sem ela, por mais incrível que possa parecer, seríamos muito infelizes, ou melhor, nem mesmo seríamos.
Abraço, Alex
Preclaro Alexandre, se tivesses a disponibilidade de reler meus comentários verificarias que em nenhum momento afirmei ser ateu. Ao começar a debater com os senhores, e analisando suas colocações, já me ficou claro o que defendiam. Seria o “racional” nos moldes socrático-Platão, o criacionismo judaico-cristão ou reencarnação. Mesmo o amigo, afirmando-me que tem comprovações cientificas de sua tese, pude inferir que tratava-se de algo no âmbito supra-sensível ou valores superiores. Algo que me remete as limitações da razão, as críticas de Kant..Entretanto, não afirmei o que os debaterores defendem e seguem. Não sou ateu, não há sentido ser ateu. Critico os deuses perfeitos dos homens e suas superstições, embora respeite no limite a “fé racional”. Penso que possa existir um Deus imperfeito, que vem de mostrando a longos anos e eras. Pensamento que se entrelaça no panteísmo de Spinoza e o Deus desconhecido de Nietzsche. Obrigado e até a próxima.
Deus, por definição, é perfeito, pois que é o Princípio Inteligente e Afetivo do cosmos que, com já disse, não é perfeito, mas está perfeitamente equilibrado, senão não estaríamos aqui debatendo; aliás, bastaria apenas que umas poucas reações bioquímicas dentre as bilhões que ocorrem em seu corpo não funcionassem a contento. Então, não penso que possa existir um “Deus imperfeito”, como diz. Isto, para mim, é nonsense, é ateísmo.
Obrigado, até a próxima.
Já vi Dawkins em um debate com John Lennox ..fiquei com John Lennox. Acho que a ideia de Deus não demonstra ignorância ao contrario instiga a busca.
Hi there, I check your blogs regularly. Your writing style is witty, keep it up!
Leonardo Boff, a 5 anos vivo e pratico a filosofia codifica por Allan Kardec, depois de 25 anos militando dentro da igreja católica a qual fui educada mas sempre me permaneceu um vazio, ja que meus muitos questionamentos eram muitas vezes respondidos com bela frase em latin, essa nova doutrina vem “matando a minha sede de Deus” e percebo nas lutas diária em nossos movimentos sociais que venho me tornado uma pessoa melhor, e será que essa doutrina não estabelece uma relação bastante homogênea entre religião e ciência, por ser baseada na fé raciocinada? Sei que através da solidariedade, fraternidade estamos buscando a evolução individual e coletiva já que estamos todos na Terra, venho assim colhendo bons frutos na educação de meus filhos aos quais gostariamos muito que se tornem homens de bem, que façam a diferença, por onde a vida os levarem tentando aplicar sempre os ensinamentos de Jesus. Gostaria muito de saber sua opinião sobre o espiritismo.
Adimiro muito seu entusiasmo e seu posicionamento diante da vida um grande abraço.
Meu nome é José Carlos Heinemann. Fiz teologia, e história Plena (Unisinos). Mas estou fora de tudo. Hoje sou apenas historiador dos Pomeranos e Grafologista, como profissão (ganha Pão) pelos minha experiência teológica nos muitos presídios brasileiros onde aprendi muito sobre o ser humano, numa opção de serviço religioso dentro de penitenciárias, também de alta periculosidade máxima. Meus Livros teológicos de cabeceira são dos autores que mais gosto: Hans King, Leonardo Boff, Jurgen Molttmann e da prima do meu Pai Uta Ranke Heinemann. Estou terminando de escrever dois livros sobre os Pomeranos. E no início de cada capítulo peço um amigo que escreva uma frase sobre o povo pomerano. O Livro trata da Imigração pomerana no Brasil, com ênfase na história dos Pomeranos na Pomerânia e no Brasil. Chama-se Pomeranos no Paraíso. Gostaria, se possível, de contar com sua colaboração, pois sempre foi um verdadeiro diácono, realmente de Atos cap. 2 e muito prático e verdadeiro, nunca deixando interesses mesquinhos da Igreja o macularem e nem desviarem de sua conduta da verdadeira praxis religiosa. Por isso me orgulho, se puder de uima maneira singela, atender meu pedido. Veja o site http://www.pomeranos.com.br e-mail: [email protected]
Os pomeranos estão perto de Você. Em Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá/ES.
Qualquer dúvida estou á sua inteira disposição. Um forte abraço fraternal em Cristo Libertador. Heinemann
O limite da linguágem constroi o que se denomina “criatividade”.
Para além do que se tem controle está o que não controlamos de forma alguma.
Que bom que pelo menos posso respirar.
Bom dia professor. Sou Renato Machado, padre do Rio de Janeiro. Estou tentando entrar em contado pelos emails que encontrei do senhor na internet mas sem sucesso. Preciso de sua bibliografia completa para um projeto de um segundo doutorado no exterior. Deixo aqui o meu email pedindo sua ajuda. Desde já agradeço.
[email protected]
Renato, escreva para [email protected] Márcia pode enviar-lhe a lista. Os mais antigos estão no meu seite http://www.leonardoboff.com abraço Lboff
Tenho p mim que Deus simplesmente É. Energia que a tudo anima. Não é assim no comecinho dos escritos de João? Então, É, está onipresente, onisciente e onipotente. Isso p mim diz tudo. Ele está em tudo, consciência universal, e evolução constante, respectivamente. Independente de nós humanos, com nossas crenças e fantasias… é tudo uma questão de energias em constante movimento…
E pensar que deus também teve a capacidade de criar Bolsonaro!!!
Divã: recordo-lhe uma sentença dos pensadores medievais: “sempre que Deus age na criação, age por infinito amor”. Criou o Jair com amor, mas ele deixou-se seduzir pelo lado do Mal e saiu essa personalidade que prega ódio, defende a tortura e os governos tirânicos. Isso contradiz o plano divino e a mensagem explícita de Jesus que ele usa e abusa para fins nada religiosos, enganando a boa fé dos fiéis. Lboff
Irrefutável!! Ele fez a escolha errada