O aquecimento global, notado nos últimos decênios, cujo causador principal é o processo industrialista, provocou o aumento dos eventos climáticos extremos em todo o mundo. Agricultores que costumavam enfrentar duas perdas de colheitas a cada década agora sofrem inundações, secas ou grandes pragas a cada dois ou três anos, afirma Jim Harkness, especialista norte-americano na área. Em 2010 e no início de 2011, alguns dos grandes produtores mundiais de alimentos como a Argentina, a Austrália, a China, o Paquistão e a Rússia viveram eventos climáticos que afetaram fortemente as colheitas atingindo os paises que importavam alimentos deles.
O que está alarmando o mundo, entretanto, é a alta crescente do preço dos alimentos e com previsões do aumento da fome no mundo. Depois da crise econômico-financeira de 2008 o número de famintos passou de 860 milhões para 1,2 bilhões. Este aumento não se deve apenas à referida crise. É o resultado perverso também de uma politica econômica. O alimento se transformou em ocasião de lucro e o processo agroalimentar num negócio rentoso.Entrou no mercado.
Mudou-se a visão básica que predominava até o advento da industrialização moderna, visão de que a Terra era vista como a Grande Mãe. Entre a Terra e o ser humano vigoravam relações de respeito e de mútua colaboração. O processo de produção industrialista considera a Terra apenas como baú de recursos a serem explorados até à exaustão.
A agricultura mais que uma arte e uma técnica de produção de meios de vida se transformou numa empresa para lucrar. Mediante a mecanização e a alta tecnologia pode-se produzir muito com menos terras. A “revolução verde” introduzida a partir dos anos 70 do século XX e difundida em todo mundo, quimicalizou quase toda a produção. Os efeitos são perceptíveis agora: empobrecimento dos solos, devastadora erosão, desfloretamento e perda de milhares de variedades naturais de sementes que são reservas face a crises futuras.
A criação de animais modificou-se profundamente devido aos estimulantes de crescimento, práticas intensivas, vacinas, antibióticos, inseminação artificial e clonagem.
Os agricultores clássicos foram substituídos pelos empresários do campo.Todo este quadro foi agravado pela acelerada urbanização do mundo e o consequente esvaziamento dos campos. A cidade coloca uma demanda por alimentos que ela não produz e que depende do campo. Em termos globais, 70% da comida é produzida em terras de menos de dois hectares, coordenadas, em grande parte por mulheres
Vigora uma verdadeira guerra comercial por alimentos. Os países ricos subsidiam safras inteiras ou a produção de carnes para colocá-las a melhor preço no mercado mundial, prejudicando os paises pobres, cuja principal riqueza consiste na produção e exportação de produtos agrícolas e carnes. Muitas vezes, para se viabilizarem economicamente, se obrigam a exportar grãos e cereais que vão alimentar o gado dos países industrializados quando poderiam, no mercado interno, servir de alimento para suas populações.
Está em curso um processo inédito: vastas extensões de terras agricultáveis, especialmente na Africa e na América Latina, estão sendo compradas por grandes investidores estrangeiros com o propósito de produzir alimentos e carnes visando o lucro mediante a exportação, pouco se importando com a fome das multidões, quando não são convertidas em matérias primas industriais e biocombustíveis.
No afã de garantir lucros, há uma tendência mundial, no quadro do modo de produção capitalista, de privatizar os bens comuns como água, solos e especialmente sementes. Menos de uma dezena de empresas transnacionais controla o mercado de sementes em todo o mundo. Introduziram as sementes transgênicas que não se reproduzem nas safras e que precisam ser, cada vez, compradas com altos lucros para as empresas. A compra das sementes constitui parte de um pacote maior que inclui a tecnologia, os pesticidas, o maquinário e o financiamento bancário, atrelando os produtores aos interesses agroalimentares das empresas transnacionais. O mais perverso é a introdução do termidor que mata a capacidade reprodutiva de cada semente, obrigando os agricultores à compra de sementes.
Os alimentos e as sementes são vida. Como tal jamais poderiam se transformar em mercadoria e entrar na lógica especulativa do mercado.A vida não está à venda.
No fundo, o que interessa mesmo é garantir ganhos para os negócios e menos alimentar pessoas. Se não houver uma inversão na ordem das coisas, isto é: uma economia submetida à política, uma política orientada pela ética e uma ética inspirada por uma sensibilidade humanitária mínima, não haverá solução para a fome e a subnutrição mundial. Continuaremos na barbárie que estigmatiza o atual processo de globalização. Gritos caninos de milhões de famintos sobem continuamente aos céus sem que respostas eficazes lhes venham de algum lugar e façam calar este clamor.
É a hora da compaixão humanitária traduzida em politicas globais de combate sistemático à fome. É o que a nossa Presidente Dilma Rousseff propos como primeira tarefa de sua política. O mesmo fez José Graziano, eleito recentemente presidente da FAO e que foi o primeiro organizador do programa Fome Zero do governo Lula.
A fome representa um problema ético, denunciado por Gandhi: “a fome é um insulto, ela avilta, desumaniza e destrói o corpo e o espírito; é a forma mais assassina que existe”. Superar este quadro hostil à vida das grandes maiorias da humanidade faminta e sofredora é um dos maiores desafios humanitários e políticos atuais.
A pobreza e a miséria aumentam em todo o mundo, inclusive na maior potência militar do planeta.
Em Los Angeles há quase cem mil moradores de rua e os EUA é o país industrializado com a maior desigualdade de riqueza do globo.
Os dados abaixo foram publicados no Le Monde em 15/07:
Les chiffres alarmants de la pauvreté
Selon l’Institut national des statistiques (Istat), l’Italie comptait fin 2010 plus de huit millions de personnes vivant dans la pauvreté. D’après les dernières données disponibles, 8 272 000 personnes, soit 13,8 % de la population, sont considérées comme “relativement pauvres”, c’est-à-dire ayant un revenu inférieur à 992,46 euros par mois pour deux personnes, en hausse par rapport à 2009.
La pauvreté relative a augmenté, entre autres, parmi les familles ayant cinq ou davantage de membres, passant de 24,9 % à 29,9 %, et parmi les familles monoparentales, passant de 11,8 % à 14,1 %. Elle sévit également parmi les familles ayant trois enfants mineurs ou davantage ainsi que dans les foyers de personnes âgées où seul un membre dispose d’une retraite.
L’Italie compte aussi 3,129 millions de personnes, soit 5,2 % de la population, vivant dans la “pauvreté absolue”, un chiffre relativement stable par rapport à 2009.
triste realidade, porem a Vida esta sim a venda, e o pior, ela é vendida sem a maioria querer… a unica coisa q salva msm é a “inversão na ordem das coisas”, por isso ainda temos q gritar muito…
Alimento não pode ser visto como negócio, a vida deve estar acima do capital.
Nosso mundo tem vivenciado uma profunda decadência em valores que representavam lutas, bandeiras e verdadeiras iniciativas na tentativa de tornar a sociedade um pouco mais humana e com igualdade e dignidade para todos. Se estamos nos distanciando cada vez mais daquilo que defendemos, surge algumas perguntas fundamentais: O que seremos no futuro? Se o lucro e a ganância tem se tornado o principal objetivo na vida de tantas pessoas, como podemos sonhar com um mundo mellhor? Se até os alimentos já se configuram em sinônimo de lucro, onde vamos parar? Que cada um coloque um ponto final onde quiser, onde achar melhor, mas, não se esqueça que a construção desse mundo “melhor” que sonhamos e almejamos passa por você também…
Não entendo porque custa tanto às pessoas tomar alguma atitude. Não entendo esse medo de olhar e ver o que está acontecendo, de se posicionar no sentido de que isso pare. Totalmente dentro desse assunto vou deixar o link de um vídeo do Mario Sergio Cortella no youtube falando justamente de atitude. Para quem se interessar: https://www.youtube.com/watch?v=ZQzdQV7wC8Q&feature=player_embedded